O PROCESSO DE RECONCEITUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL: Conquistas de ontem e os empasses e desafios hoje
Por: JerriSeSo • 25/11/2018 • Artigo • 3.719 Palavras (15 Páginas) • 500 Visualizações
O PROCESSO DE RECONCEITUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL: Conquistas de ontem e os empasses e desafios hoje.
Francisca Cristiane da Silva Sousa[1],
Maria Jerriane de Sousa Costa[2],
Simone Cipriano de Almeida[3],
RESUMO: As rupturas das práticas tradicionais do Serviço Social Brasileiro dar-se a partir do Movimento de Reconceituação. Essa desvinculação deu-se a partir da divisão de três perspectivas, a saber: modernização conservadora, reatualização do conservadorismo e a intenção de ruptura. Ao longo da história, o Serviço Social passa por várias mudanças em sua teoria e prática. O Movimento de Reconceituação vem reformular a prática dos assistentes sociais, sugerindo uma prática sistemática e científica, tornando-se o ponto de partida para um Serviço Social crítico, a qual tem grande influência no exercício profissional na contemporaneidade. Este trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica, a fim de dispor de aporte e suporte teórico para desenvolvimento do mesmo. Entre os resultados do estudo apreende-se que o Movimento de Reconceituação vem reformular a prática dos assistentes sociais, sugerindo uma prática sistemática e científica, tornando-se o ponto de partida para um Serviço Social crítico, a qual tem grande influência no exercício profissional na contemporaneidade.
Palavras-chave: Movimento de Reconceituação. Serviço Social. Brasil.
INTRODUÇÃO
O Movimento de Reconceituação do Serviço Social brasileiro deu-se sob a autocracia burguesa. De acordo com Netto (2005), este processo de renovação seria um conjunto de características novas que, no marco das compressões da autocracia burguesa, o Serviço Social articulou à base do rearranjo de suas tradições e da assunção do contributo de tendência do pensamento social contemporâneo, procurando investir-se como instituição de natureza profissional dotada de legitimação pratica através de respostas a demandas sociais e da sua sistematização, e de validação teórica, mediante a remissão as teorias e disciplinas sociais.
Os assistentes sociais passam a ter uma visão crítica quanto a pratica profissional, desmistificando a realidade social onde os profissionais carregavam em si uma pratica conservadora, e é através deste Movimento que os mesmos irão buscar um maior desempenho no seu agir profissional no atendimento aos usuários em relação às expressões da “questão social”, agora com um suporte teórico-metodológico que condiz com a realidade social não se ligando mais as praticas tradicionais.
É elemento constitutivo da Renovação do Serviço Social a emergência, notadamente a partir de meados da década de setenta, de elaborações teóricas referidas à profissão e de um significativo debate teórico-metodológico (NETTO, 2005, p.129). O Movimento de Reconceituação do Serviço Social no Brasil e seu contexto histórico, se concretiza no contexto brasileiro a partir de três perspectivas apresentada: perspectiva modernizadora, reatualização do conservadorismo e a intenção de ruptura, influenciando decisivamente pratica profissional dos assistentes sociais na contemporaneidade.
2 O MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO SO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO
O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina foi interrompido pela repressão da ditadura militar na América Latina, tornando-se então, conforme Netto (2005), um movimento inconcluso e contido em sua história, principalmente na academia no tocante ao ensino, pesquisa e extensão.
Para o Serviço Social brasileiro, os anos de 60 do século XX conceberam o início de um processo de reformulação global que se dilatará por pelo menos, três décadas, gerando um redimensionamento e um amadurecimento profissional incontestável. Nessa época, na América Latina, nasce o Movimento de Reconceituação, que pode ser analisado como “um marco crucial do processo de revisão crítica do Serviço Social no continente, e que menciona uma preocupação dos profissionais em repensar a estrutura excludente do capitalismo. O Movimento de Reconceituação, como aponta Netto,“é, sem qualquer dúvida, parte integrante do processo internacional de erosão do Serviço Social tradicional”.
O Movimento de Reconceituação do Serviço Social latino-americano se vê perante ditaduras burguesas no continente, que miravam uma modernização conservadora das economias locais, ou seja, objetivavam a sustentação da ordem imperialista do capital. No Brasil, no ano de 1964, ocorre uma ditadura militar, que determinou um Movimento de Reconceituação com características diferentes do restante da América Latina, pois as possibilidades sólidas de participação ativa dos brasileiros nesse processo foram minadas.
Muitas são as mudanças sofridas pela sociedade brasileira com o estabelecimento do regime militar. A repressão e a violação de direitos para a sustentação da ditadura é, sem dúvida, o aspecto mais triste desse contexto. Esse ambiente causa profundas alterações no âmbito do Serviço Social, que se vê diante de novas demandas.
Como explicito esse processo de renovação do Serviço Social se dar sob a autocracia burguesa, a influência que a elite exerceu, onde as leis e decisões tinham suas bases nas convicções governantes, às políticas públicas se davam a partir da posição da burguesia. Nas duas décadas que antecederam os anos oitenta, no que se refere ao Serviço Social no Brasil o que se tinha era profissionais que traziam na sua pratica o conservadorismo. A ditadura emprega para os assistentes sociais um aspecto de reprodução e (auto) representações.
A relação entre autocracia burguesa e o Serviço Social dar a manutenção de modalidades de intervenção e (auto) representações que dar base para a profissão no início dos anos cinquenta.
Se, realmente a autocracia burguesa investiu na reiteração de formas tradicionais da profissão, seu movimento imanente apontou como tendência e factualidade, para uma ponderável reformulação do cenário do Serviço Social, justamente pela instauração daquelas condições novas a que aludimos linhas atrás. Tais condições vinculam-se, sobretudo à reorganização do Estado e às modificações profundas na sociedade que se efetivaram, durante o ciclo autocrático burguês, sob o comando do grande capital (NETTO, 2005, p. 188).
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