Oligopólios do Ensino Superior no Brasil
Por: mprodrigues • 5/9/2016 • Bibliografia • 1.852 Palavras (8 Páginas) • 395 Visualizações
|
Page 1 |
Uma Visão Global do Boom na Educação Superior Com Fins
Lucrativos
Tristan McCowan
Tema en debate:
Mercantilização do Ensino Superior
Observatorio Latinoamericano de Políticas Educativas / Laboratorio
de Políticas Públicas OLPEd / LPP
Noviembre de 2004
Page 2 |
Mercantilização do Ensino Superior
Observatorio Latinomericano de Políticas Educativas (OLPED/LPP)
Noviembre 2004
Uma Visão Global do Boom na Educação Superior Com Fins Lucrativos
Tristan McCowan
O processo de comercialização da educação superior (ES) é por vezes sutil e complexo,
com a natureza pública das instituições sofrendo uma lenta erosão devido ao aumento
dos financiamentos por parte de fontes privadas e com as orientações de base
gradualmente movendo-se do acadêmico para o financeiro. Porém, alguns
desenvolvimentos estão longe de serem sutis. A última década presenciou um ‘boom’
das universidades com fins lucrativos - companhias estabelecidas com o fim específico
de fazer dinheiro com educação superior. Essas instituições são uma ameaça à educação
superior pública de qualidade que ultrapassa em muito aquela proposta pelo setor
privado tradicional.
Algumas das formas em que a lucratividade se manifesta na educação, como serviços de
catering, tem influência mínima na natureza da instituição; outras, como publicação de
livros didáticos e divulgação de propaganda, podem ter profundo efeito no currículo e
nas experiências do aluno. Recentemente, porém, houve um aumento na atividade
lucrativa no nível da própria instituição ou do seu corpo administrativo. Em alguns
países, este tipo de lucratividade ainda é oficialmente ilegal - i.e. Rússia e Turquia
(Maas, 2001; Tooley, 2000) - mas muitos outros aprovaram legislações permitindo a
entrada de companhias no mercado da educação, e em alguns casos o promoveram
ativamente. No Reino Unido, houve experiências com contratação da administração das
escolas secundárias estaduais a empresas, processo que está ganhando vulto nos EUA.
Algumas dessas empresas, tais como a Edison, alcançaram proeminência na bolsa de
valores, e a educação tem sido vista cada vez mais como uma oportunidade de
investimento que oferece retorno significativo.
Entretanto, as áreas que mais conduziram ao desenvolvimento da educação com fins
lucrativos estritamente privada (i.e. financiamento privado e gestão privada) foram os
níveis pré-escolar e pós-secundário. Enquanto na Europa a educação superior com fins
lucrativos ainda se encontra em estágio inicial, os EUA têm um setor bem estabelecido
e o crescimento é ainda mais dramático em países com sistemas de educação superior
menos desenvolvido. Este processo tende a se acelerar com a implementação do AGCS
(Kelk & Worth, 2002). Muitas instituições públicas - tais como a London School of
Economics - também estão desenvolvendo atividades com fins lucrativos (Bok, 2003).
A educação pós-secundária com fins lucrativos nos EUA teve sua origem no ‘boom’ da
educação à distância em princípios do século XX (Noble, 2001). Então, como agora, os
novos fornecedores eram vistos com um grau de suspeita pelo público em geral -
alimentados por um bom número de escândalos referentes a estratégias de recrutamento
- e com resistência (se bem que com um certo grau de imitação) pelas instituições de
educação tradicional. Seu sucesso, porém, era garantido pelo desejo de adultos no
mercado de trabalho de aperfeiçoarem as possibilidades de suas carreiras sem terem de
se submeter a uma graduação convencional.
O atual crescimento das IFPs no EUA está fundamentado na mesma população alvo,
Page 3 |
Mercantilização do Ensino Superior
Observatorio Latinomericano de Políticas Educativas (OLPED/LPP)
Noviembre 2004
mas assim como na educação à distância, (agora através da Internet), há instituições
físicas, embora com estruturas organizacionais radicalmente diferentes daquelas do
campus tradicional. Elas incluem grandes companhias comercializadas e “escolas de um
campus único, do tipo familiar, que atendem a um nicho extremamente estreito”.
(Borrego, 2002). O crescimento do setor tem sido fenomenal: o número de IFPs
graduadoras aumentou de 165 para 721 entre 1981 e 1999, e o número de matrículas
cresceu em quase 48% entre 1996 e 2000, comparado aos 5.7% do setor tradicional.
Houve um posterior aumento de 21% nas matrículas entre 2002 e 2003. 8% dos que
oferecem cursos de quatro anos e 28% dos que oferecem cursos de dois anos estão
agora no setor com fins lucrativos, e as IFPs controlam 41% do mercado de ensino à
distância por via eletrônica. Está se tornando também uma área cada vez mais atraente
para os investidores: o ensino superior com fins lucrativos deu um retorno de 108%
desde o ano de 1999. Algumas instituições sem fins lucrativos correm um risco
crescente de serem incorporadas por empresas educacionais (Blumenstyk, 2003;
Borrego & Blumenstyk, 2001; Kely, 2001; Morey, 2001; Phillips, 2003).
...