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PORTIFÓLIO COVID-19 QUESTÃO

Por:   •  31/3/2022  •  Resenha  •  1.164 Palavras (5 Páginas)  •  104 Visualizações

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PORTIFÓLIO COVID-19 QUESTÃO 1

Em decorrência da disseminação do vírus SARS-Cov-2 em todo o mundo, e seguindo ações adotadas em outros países que tiveram sucesso no controle da pandemia, diversos estados e municípios brasileiros adotaram medidas de distanciamento social com o objetivo de diminuir o contato entre as pessoas e, consequentemente, controlar a velocidade da transmissão do vírus. Dentre estas medidas estão o cancelamento de eventos públicos, fechamento de escolas e empresas, recomendações para que as pessoas permaneçam em suas casas, dentre outras (AQUINO; et al., 2020).

O distanciamento social, abrange o isolamento de casos, a quarentena dos contatos, e a prática voluntária de não frequentar ambientes com aglomerações de pessoas, tem demonstrado alguma efetividade no controle do crescimento exponencial da doença. Essa estratégia pode resguardar os sistemas de saúde de um colapso devido à uma demanda muito maior do que a oferta, especialmente quando se trata de leitos de terapia intensiva. Por outro lado, os impactos e os determinantes sociais e econômicos são discutidos como fatores limitantes desta estratégia, gerando discussões em torno do tempo de duração destas medidas de restrição (NATIVIDADE; et al., 2020).

A recomendação do ficar em casa, feita pelo Ministério da Saúde no Brasil, não é acompanhada, na mesma proporção, de políticas de compensação financeira ou fiscalização do setor empregatício, o que faz com que as classes menos abastadas tenham de ser obrigadas a se manterem em trabalho externo à residência, sob risco de contágio, ao contrário das classes mais altas.

Estudos da UFMG (Domingues et. al., 2020) apontam que as famílias mais pobres estão tendo suas rendas afetadas em 20% a mais do que famílias brasileiras de outras classes sociais pelos efeitos econômicos da pandemia. Isso significa que ou estes cidadãos desobedecerão às recomendações de isolamento, mantendo-se nas ruas trabalhando e correndo riscos de contágio, a fim de desonerar menos a renda familiar; ou a redução do risco de contágio, ficando em casa, será acompanhada por um aumento significativo de outro risco: o da miséria, em proporção muito maior do que em outras classes. Desta forma, atinge-se uma gama maior de indivíduos que mais sofrem com os riscos, isto é, os mais pobres (DE MOURA, 2020).

Uma das repercussões mais imediatas da restrição de circulação das pessoas diz respeito ao acesso à renda por parte de pessoas desempregadas que estavam em busca de emprego e por parte de trabalhadores informais e autônomos. Para estes, o confinamento repercute diretamente em ameaças imediatas à sobrevivência de suas famílias. Pesquisa de opinião recente, conduzida por uma organização da sociedade civil, na favela de Heliópolis, considerada a maior de São Paulo, revelou que 68% das famílias já tiveram perdas no rendimento mensal desde a adoção das medidas de isolamento. Destas, 20% afirma não contar com mais nenhuma renda. A dificuldade de acesso à renda soma-se à suspensão das atividades escolares, repercutindo no comprometimento do acesso à alimentação para crianças e adolescentes de baixa renda, para os quais a merenda escolar constitui elemento central da segurança alimentar e nutricional (PIRES, 2020).

Neste contexto, observa-se que alguns fatores podem estar associados ao comportamento da população durante o isolamento social. Aspectos relacionados à ocupação e medo do desemprego são questões a serem consideradas. Parcelas importantes da população que sobrevivem de trabalho no mercado informal encontram dificuldades na adesão ao isolamento, pois necessitam complementar renda, ainda que estejam em programa temporário de transferência de renda. Ademais, o contexto de trabalho informal limita as condições de proteção ao trabalhador, com maior exposição a riscos e necessidade de manutenção da atividade informal como meio de sobrevivência. A qualidade da informação, a credibilidade dos governantes e a incerteza sobre o vírus também repercutem na adesão.

Ressalta-se ainda, que pessoas com menor renda, além de mais expostas aos impactos financeiros ocasionados pela pandemia da COVID-19, também estão mais vulneráveis a serem afetadas por problemas de saúde física e psicológicos associados a reclusão necessária no período de isolamento social. Tais condições de vulnerabilidade podem ser mais danosas nas comunidades formadas por famílias que vivem em único cômodo doméstico, pois a possibilidade de contaminação pela COVID-19 pode ser maior. Gera-se, portanto, a necessidade de se superar os desafios em torno das medidas efetivas para a promoção do isolamento social (NATIVIDADE; et al., 2020).

Presume-se que todas as pessoas possuem um local de residência, em condições minimamente adequadas, para um período relativamente longo de isolamento. Porém, as condições de moradia da população brasileira estão bem distantes desta expectativa (PIRES, 2020).

Em suma, as condições de habitação de parcelas consideráveis da população brasileira das classes mais baixas impõem claras limitações ao distanciamento social e à adoção das medidas de higiene apontadas pelas organizações sanitárias como essenciais para evitar a contaminação pelo vírus.

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