Resenha: Serviço Social - Identidade e Alienação
Por: thaysiq • 5/7/2017 • Resenha • 1.400 Palavras (6 Páginas) • 553 Visualizações
Resumo – Serviço Social: Identidade e Alienação (pag 106 à 121)
Mary Richmond, com suas argumentações levou Devine a acolher a idéia da mesma e fundar o curso de aprendizagem da aplicação científica da filantropia (em Nova York, 1898). No ano seguinte foi criada a Escola de Filantropia Aplicada.
Indo de acordo com a lógica burguesa, onde os problemas sociais eram associados a problema de caráter, Richmond via a tarefa assistencial como reformadora de caráter e reintegradora na sociedade. Divergindo de Richmond, Mary Follet e Jane Adams acreditavam que a ação social deveria ser voltada para a harmonização das relações industriais, administração de conflitos sociais, atuando assim a nível global.
A forma de atuação de Richmond agradava a burguesia, uma vez que, seja reformando o caráter ou promovendo melhorias de saúde, contribuía para a recolocação do trabalhador no mercado de trabalho.
A estrutura complexa da época (1899) elevava consideravelmente o nível de tensão da sociedade. A “questão social” (desigualdades da sociedade) encontrava-se em fervor. Ao final da segunda guerra mundial já se encontrava em funcionamento 200 escolas de serviço social (na Europa, EUA e America Latina). A trajetória do surgimento do serviço social deu-se em meio a um complexo quadro social em que se combinavam questões políticas, ambições colonialistas de países poderosos e a corrida armamentista internacional, complementadas pelo processo de expansão e consolidação do capitalismo em escala mundial.
Ao começar a usar a expressão “trabalho social”, Richmond recebeu ainda mais apoio da burguesia, pois dar o nome de “trabalho” ajudava a fazer a classe operária acreditar que esta era uma prática criada para atender ao trabalhador e sua família, na qual o agente profissional também era um trabalhador. Para ela, o diagnóstico social ocupava um papel de destaque e para obtê-lo seria necessário inquérito realizado, de preferência, no domicílio das pessoas. Baseado nisso, ela passou a valorizar as concepções de que as famílias e seus membros deveriam ser tratados de forma individual. Somente assim poderia atingir a reforma do caráter e a reintegração social. Através dessa prática, útil para a burguesia, era possível difundir novos modelos de pensar que se encaixassem na lógica da sociedade capitalista, uma vez que a ação social, embora feita individualmente, auxiliava a garantir a expansão do capital, já que mantinha a regularidade do processo social. - EUA
A ascensão do capitalismo, e suas sucessivas crises portadoras de agravamento dos problemas sociais, levaram a Igreja Católica a se ocupar com questões referentes à capital-trabalho, criando uma doutrina que combatia abertamente o regime capitalista (contrário à ética cristã, uma vez que defendia a iniciativa privada como base da organização social e econômica). Os assistentes sociais europeus da época, ainda carentes teoricamente na sua formação, agarravam-se aos ensinamentos da Igreja, enquanto os americanos buscavam fazer o oposto, libertando-se das influências da mesma.
À Igreja Católica interessava saber de conhecimentos do serviço social para espalhar sua doutrina e se manter hegemônica, e a este interessava servir-se da estrutura sólida daquela, muito bem instalada nos países europeus, para difundir e ampliar suas ações profissionais. Na época, o serviço social europeu vivia uma crise liderança, enquanto o movimento dos trabalhadores ganhava densidade. O enfoque da prática social, sob enfoque da Igreja Católica européia, centrou-se mais na questão da pobreza, mantendo certo distanciamento das manifestações dos trabalhadores. O maior objetivo, em relação a estes era levá-los a um ajustamento à ordem social vigente. O resultado disso foi que a Europa e os Estados Unidos seguiram caminhos diferentes na profissionalização do Serviço Social.
O capitalismo concorrencial do séc XIX cedera lugar ao capitalismo monopolista que determinava uma nova estrutura de poder econômico (no séc XX)
O pós-guerra (com a vitória da revolução russa, 1917) exerceu grande influencia no movimento trabalhista europeu. Lutavam para consolidar suas conquistas políticas, em termos da organização e legislação referentes ao processo de trabalho. Paralelamente crescia uma onda política fascista, de intensa repressão dos trabalhadores. Junto à ela, a crescente dominação do capitalismo intensificou a pauperização de grande parte da população européia. Enquanto a Europa não tinha mais condições de se manter hegemônica, os EUA, vencedor da primeira guerra mundial, se tornava referencia do mundo capitalista. Seguros de seu poder de classe, a burguesia americana entendia que podia controlar o processo social assim como fazia com o econômico.
A “questão social” era vista nos EUA de forma bem reducionista, como manifestação de problemas individuais, nitidamente concebida como atividade reformadora de caráter. Enfatizou-se a busca por conhecimentos científicos nas áreas da psicologia, psicanálise, medicina e até direito.
Já na Europa, as lideranças das Sociedades de Organização da Caridade entendiam que, em vez de agir sobre o indivíduo para mantê-lo ajustado à sociedade, era preciso agir sobre esta, obtendo clareza na compreensão da estrutura da sociedade e nos problemas que nela ocorriam. A linha psicanalítica americana foi substituída pela sociologia na Europa, assim como a abordagem individual deu lugar à grupal, apesar de conservadora (com influências de Auguste Comte – pai do positivismo, sociedade passível de ser controlada por leis sociais, caminhando naturalmente para o equilíbrio e o progresso -, Fréderic LePlay – economista conservador, defendia a tese que de que a base da sociedade era a forte organização da família, da religião e da propriedade – e Émile Durkheim, grande nome da escola sociológica francesa, considerado o pai da Sociologia por muitos, via implicações morais nos problemas sociais, justificando a ação de controle seja no Estado, seja na própria comunidade).
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