Sexualidade: sexualidade e do corpo apresenta um interessante objeto de análise sociológica
Por: Pedro Faial • 3/2/2016 • Trabalho acadêmico • 1.165 Palavras (5 Páginas) • 406 Visualizações
Introdução
Hoje em dia o tema da sexualidade e do corpo apresenta um interessante objeto de análise sociológica que tem ganho mais destaque. As mudanças observadas são notáveis. A visão sobre este tema mudou radicalmente em poucos séculos. Anteriormente a sexualidade tinha-se em conta como um tabu, algo a ser escondido, destinado apenas àqueles que tivessem contraído matrimónio, conferida a um meio mais privado e, frequentemente, era o homem que a dominava, estabelecendo a sua vontade sobre a da mulher, por sua vez, submissa. Também sobre a fecundidade isso acontecia. Felizmente, na sociedade contemporânea essa visão mudou, já se fala mais abertamente sobre a sexualidade e o corpo, existe mais divulgação de informação relativa a doenças sexualmente transmissíveis, aos métodos contracetivos e até sobre como usufruir de uma vida sexual plena, que acaba por ser essencial para a realização pessoal e individual do ser humano. A sexualidade está presente na nossa vida, agora mais do que nunca.
Vivemos num ambiente “sexualizado” e os discursos sobre a sexualidade entrelaçam todas as esferas da nossa vida cotidiana (…). As últimas três décadas provocaram transformações enormes na compreensão e na vivência da sexualidade principalmente no Ocidente. (Nunes, 2005: 13).
Da mesma maneira, conceção do corpo tem sido alterada ao longo dos séculos, com maior evidência para as últimas décadas do século XX, com o crescente culto da nossa anatomia. Atualmente o corpo é visto como um projeto de identidade em constante construção e aperfeiçoamento. O corpo humano é tido como um bem que deve ser mantido em perfeitas condições e felizmente cada vez mais pessoas praticam atividades desportivas, têm uma alimentação criteriosa e equilibrada em função do bom funcionamento deste e, também, para terem uma aparência física que vá de encontro às normas e padrões da sociedade. Nota-se assim uma alteração da consciência sobre hábitos pouco saudáveis para hábitos um pouco mais saudáveis, isto é, uma alteração de mentalidades. Giddens defende que:
Assim como a sexualidade, e o eu, ele [o corpo] está hoje intensamente impregnado de reflexividade. O corpo tem sido sempre adornado, acarinhado e, às vezes, na busca de ideais mais elevados, mutilado ou debilitado. (Giddens, 1992: 41).
O meu trabalho abordará temas relacionados com corpo e sexualidade, contudo decidi focar-me sobre a fecundidade, um dos indicadores que revelam algumas das mudanças que têm a ver com a forma como se tem vivido a sexualidade na sociedade portuguesa contemporânea.
Fecundidade em Portugal
Portugal é um dos países da Europa e do Mundo que apresenta uma taxa que nunca antes se tinha assistido, pelo facto de muito inferior à média. São muitos os motivos para essa descida e não é apenas um “efeito simples de uma causa única, mas o produto de uma conjugação complexa de fatores, envolvendo dimensões mais ou menos profundas da realidade, processos macro e microssociais, práticas e representações de atores” (Almeida et al, 2002:379). Porém, abordarei maioritariamente alterações que ocorreram em Portugal, relativamente à tomada de posse das mulheres à sua sexualidade e do seu corpo.
Entende-se por fecundidade a capacidade reprodutiva que a mulher e o homem tem durante o período fértil de cada um. Irei analisar a estatística referente à taxa de fecundidade geral (que é definida como o “número de nascimentos por cada 1000 mulheres em idade fértil, ou seja, entre os 15 e os 49 anos de idade. (PORDATA)) em Portugal e os possíveis causadores deste decréscimo.
Quando se toca no tema da sexualidade vai-se para além da palavra “sexo”, todo ele está relacionado com a procura do desejo, por isso é que é um ponto fulcral da vida. Faz parte da nossa saúde física e mental e envolve-nos em pensamentos e sensações. A sexualidade é associada a valores particulares de cada sujeito de uma certa cultura, tem ainda dois fatores inquebráveis, o social e o individual. Individual, pois, a forma como se expressa é particularizada e individual a cada individuo e social porque é traçada e elaborada coletivamente e aqui entra o aspeto cultural. Quando falamos de corpo, falamos de algo produzido culturalmente, mais do que biológico, na medida em que o “corpo é uma falsa evidência, não é um dado inequívoco, mas sim um efeito de uma elaboração social e cultural” (Le Breton, 2006:26). O conceito de corpo varia consoante o tempo e o espaço de análise. Não é universal e muito menos constante.
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