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O CORPO, SAÚDE E SEXUALIDADE

Por:   •  25/11/2018  •  Relatório de pesquisa  •  1.629 Palavras (7 Páginas)  •  239 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

DISCIPLINA: CORPO, SAÚDE E SEXUALIDADE

ACADÊMICAS: ADRIENE PAIVA,

     ELISA MOLLI,

     FABIANE

     GABRIELLA NATHAN ASINELLI DA LUZ KELBER

     MARIA HELENA

     MIHO FUKUSHIMA

     MIRIÃ REGINA NEHLS

     ISIS CRISTINA

     RENATA REQUEIJÃO

INTRODUÇÃO

         O artigo possui com tema a teia de significados acerca das temáticas de gênero, corpo e sexualidade presentes no filme A pele que habito (2011), de Pedro Almodóvar, implicando tanto na análise do discurso explícito do filme, quanto de seu discurso implícito

         Através da análise do filme, os autores objetivam mostrar que gênero, sexualidade, as diferenças estruturais entre os sexos são construções sociais e culturais. O corpo como o meio sensível para captar essas construções.

         O filme nós ajuda a refletir sobre estes padrões sociais, mudando discursos e valores que reforça a diferencia entre os sexos no meio de cirgía plástica de corpo de homem a mulher.

A problemática que envolve a análise do artigo é a “naturalização” dos discursos binários e heteronormativos, caracterizando gênero e corpo como categorias fixas, com significações e localização determinada na sociedade. Problematizando o quanto isso reforça a diferença e a hierarquia entre os sexos. Algo que está presente no filme e em suas implicações.

O texto tem duas partes, a primeira sobre o discurso explícito do filme, que são plasticidade do corpo e fluidez do gênero, e a segunda sobre seu discurso implícito que são materialidade do corpo e experiência sensível de mundo. Contextualizam as concepções acerca de gênero, corpo, “natural” e “artificial” dentro da sociedade.  Principalmente, apresentam algumas das cenas e discursos do filme, discorrendo primeiramente sobre elas em si, explicitamente, e, segundamente, destrinchando elas para falar sobre o que está implícito.

DESENVOLVIMENTO

Na primeira parte desse artigo, intitulado “A pele que habitamos, a pele que nos habita”, as autoras recuperam na epigrafe do roteiro original desse filme a ideia de mescla, indefinição e ambigüidade para afirmarem o que segundo elas constitui o cerne dessa obra de Almodóvar.Segundo elas, ciência e natureza se entrelaçam tornando complexo os limites entre o orgânico e o tecnológico. Além disso, o gênero, considerado o primeiro princípio de classificação dos indivíduos, norteia a posição dos sujeitos na vida social de um tal modo que qualquer divergência nesse sentido é considerada um “desvio”.O filme, segundo as autoras, interroga exatamente esse olhar dogmático sobre a constituição de corpos, gênero e identidades – não como de costume faz Almodóvar, mas dessa vez pelo aprisionamento do corpo. Pela ideia de se estar aprisionado a um corpo estranho, ao qual não se pertence.

A fim de vingar-se de um suposto estupro sofrido pela sua filha, o personagem do filme, Robert Ledgard, cirurgião plástico, transforma Vicente, o suposto estuprador, em Vera, por meio de uma cirurgia de mudança de sexo sem o consentimento de Vicente. As transformações físicas sofridas por Vicente vêm acompanhadas de transformações subjetivas e de identidade – de uma imposição do gênero feminino, aos poucos incorporado e performatizado por Vera. Uma representação que produz o efeito de autenticidade conquistado tanto pela presença da tecnociência na vida social (que faz de Vicente, Vera) quanto pela necessidade de sobrevivência (que envolve o aprendizado de maneiras de agir, de se vestir,de falar e de se comportar).Transformações essas que evidenciam o caráter flexível tanto do corpo (hibrido, flexível, moldável) quanto do gênero (construídos constantemente na e pela cultura). Corpo e gênero são retratados, assim, como espaços abertos à ressignificação e à reinscrição de suas referências e de seus códigos, transpondo e interrogando as estruturas nas quais se configuram.

Almodóvar, ao mesmo tempo em que homenageia a artista plástica Louse Borgeois, explicita, por meio da reprodução de suas obras realizada por Vera, tanto a ideia de um corpo moldável, quanto o sentimento de asfixia, de prisão e cativeiro sentido pelas mulheres, provocado que é pelas hierarquias de gênero e pela desigualdade de poder. Vera passa a ser o objeto de desejo, enquanto Vicente era o sujeito que desejava. Como bem colocado no resumo desse artigo, essa primeira parte, analisa o discurso explicito do filme, que versa sobre a plasticidade do corpo e a fluidez do gênero. Tal discurso acaba por desvincular, portanto, categorizações fixas eessencialistas.

No decorrer da obra, no tópico “Do visível ao indizível: rasgando a pele”, as autoras passam a analisar os elementos discursivos implícitos presentes no filme, no qual aparecem de forma sutilmente nas entrelinhas do filme.  

Utilizando das teorias de Jacques Rancière, Foucault e Marc Ferro, Breder e Coelho atestam o caráter das imagens de serem constituídas não somente pelo que é visível e dizível, mas também por aquilo que é invisível e indizível, sendo necessário, para as autoras, considerar todas as teias complexas que se desenvolvem nas relações entre os múltiplos significados contidos nas imagens. É com esta perspectiva que as autoras analisam o discurso cinematográfico do filme: atentando para tudo aquilo que mesmo não dito explicitamente, está implícito na trama, sugerido por preterição.

De acordo com as autoras o que está implícito no filme é a materialidade do corpo, o quanto as partes físicas do corpo implicam nas ações que fazem e que sofrem os indivíduos.

Há assimetria no corpo e assimetria nas significações. O útero da mulher é colocado em questão, enquanto o órgão de centralidade para as diferenciações definições entre masculino e feminino. Nele vê-se a capacidade gestacional, que define a mulher e diferencia o homem, e  que pode gerar o idêntico ou o diferente.

Fica mais evidente nessa segunda parte as discussões sobre as diferenças e hierarquias entre os sexos, uma visão prática da mulher como criadora dos corpos, ao passo que nos mitos e nos filmes há uma representação diferente (como no filme, é um homem que cria uma mulher), do que se caracteriza por mulher e por homem, do estupro enquanto o “desvirginamento” da mulher e o como isso a concretiza enquanto mulher, dentre outras coisas.

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