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TESE ROMANA

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Por:   •  3/12/2013  •  Seminário  •  1.478 Palavras (6 Páginas)  •  179 Visualizações

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Publicado pela primeira vez em 1875, O Crime do Padre Amaro denuncia a corrupção dos padres, que manipulam a população em favor da elite, e a questão do celibato clerical. É com esse livro que Eça de Queirós inaugura, na prosa, a estética do realismo-naturalismo em Portugal. A obra caracteriza-se pelo combate ao idealismo romântico que se estabelecia até então, em prol de uma visão mais crítica da sociedade. Sua versão definitiva foi publicada em 1880.

ROMANCE DE TESE

O Crime do Padre Amaro é o primeiro romance de Eça. Em vez da subjetividade romântica, os autores do realismo-naturalismo, como o próprio nome da escola literária indica, buscavam retratar a realidade de forma objetiva.

Naquela época (segunda metade do século XIX), o Ocidente vivia um período de grandes transformações, com a Segunda Revolução Industrial. O cientificismo passou a predominar, com novas correntes filosóficas e teorias, entre as quais o positivismo de Comte, o determinismo de Taine, o evolucionismo de Darwin e o socialismo científico de Marx e Engels. Essa perspectiva racionalista e materialista leva os intelectuais a estudar o impacto social da industrialização e do liberalismo.

Passam a ser discutidas as desigualdades que essas mudanças trouxeram para a sociedade, como o surgimento de uma nova classe que é oprimida pela burguesia: o proletariado.

Daí a substituição do romance de entretenimento pelo romance de tese, que visa a descrever e a explicar os problemas sociais sob a luz das novas idéias. Neles há a crítica, muitas vezes feroz, às instituições que servem de base para a sociedade burguesa, como o Estado, a Igreja e a família.

Portugal, que muito tempo antes havia deixado de acompanhar o progresso de outras nações européias, passa nesse momento a servir de palco para a mobilização de jovens que ansiavam por mudanças radicais. É nesse contexto que Eça de Queirós começa a se destacar. Em sua fase realista-naturalista, inspirado pelos franceses Gustave Flaubert e Émile Zola, escreve romances como O Crime do Padre Amaro e O Primo Basílio, que buscam atacar a corrupção do clero e a hipocrisia da média burguesia portuguesa.

NARRADOR

A narrativa é em terceira pessoa e o narrador tem onisciência, ou seja, conta a história com conhecimento dos pensamentos e das ações dos personagens. Isso facilita o processo de distanciamento entre o autor e a obra. Apesar disso, é possível perceber a antipatia que Eça sente por vários dos tipos retratados, em especial os padres e as beatas, por causa da ironia e dos adjetivos rudes, muitas vezes grosseiros, que utiliza em suas descrições. Isso é revelador de uma postura anticlerical, comum entre os escritores realistas.

TEMPO E ESPAÇO

A maior parte da narrativa concentra-se em uma província chamada Leiria, sede do bispado para onde o padre Amaro consegue transferência. O tempo compreende os anos de 1860 a 1870, aproximadamente, e se desenvolve de forma cronológica, linear, com eventuais voltas ao passado, quando o autor, após apresentar alguns dos personagens, conta a história de Amaro e de como ele se tornou padre.

ENREDO

Após perder os pais, que serviram à marquesa de Alegros, Amaro cai nas graças da mulher, que o toma como agregado, planejando criá-lo para o sacerdócio. Isso acaba se efetivando, apesar da ausência de vocação e de interesse do jovem, que, desde cedo, possuía uma índole libidinosa. Triste e resignado, Amaro se ordena padre, sempre tentando conter os fortes impulsos sexuais que sente.

Embora temesse a Deus e fosse devoto, odeia a vida eclesiástica que lhe fora imposta. Depois de exercer seu ofício em uma província interiorana, consegue, por influência da condessa de Ribamar – filha de sua protetora, a marquesa –, mudar-se para Leiria.

Nesse ponto, Eça descreve como os interesses do clero estão atrelados aos interesses políticos. É o marido da condessa quem intervém junto a um ministro para solicitar ao bispo a transferência de Amaro, apesar de sua pouca idade, para a sede do bispado.

Em Leiria, o jovem padre aceita a sugestão do cônego Dias para morar em um quarto alugado na casa da senhora Joaneira – com quem Dias mantinha um caso –, auxiliando, em troca, nas despesas da casa. O quarto de Amaro fica exatamente embaixo do de Amélia, filha da dona da casa. Já no primeiro contato, Amaro e Amélia sentem forte atração mútua, que se desenvolve aos poucos e provoca o desinteresse da moça por João Eduardo, de quem era noiva.

O fato que desencadeia a ofensiva de Amaro sobre Amélia é algo que o jovem padre presencia: certo dia, ao chegar à residência da senhora Joaneira, encontra-a na cama com o cônego Dias. A partir daí, apesar de ter mudado de casa, Amaro vai perdendo os escrúpulos e se deixa levar pela atração sexual, seguindo o exemplo de seu antigo mestre.

O autor, além da crítica feroz que desfere contra o clero, toca também em outro tabu da época: a sexualidade.

É comum que os escritores vinculados à corrente naturalista, como era Eça na época em que escreveu esse romance, dêem ênfase ao erotismo que domina os personagens. Isso faz parte de sua caracterização, como apregoa o determinismo de Taine, segundo o qual os seres humanos são submetidos ao condicionamento pela herança, pelo meio social e pelo contexto histórico, que regem seu comportamento. Isso significa que, embora os personagens

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