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Tecnologia Assistiva e Equoterapia:Abrangência do Método Terapêutico e Qualidade de Vida da Pessoa com Deficiência

Por:   •  2/10/2023  •  Artigo  •  6.862 Palavras (28 Páginas)  •  104 Visualizações

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TECNOLOGIA ASSISTIVA E EQUOTERAPIA: ABRANGÊNCIA DO MÉTODO TERAPÊUTICO E QUALIDADE DE VIDA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.

Maria de Lourdes Neves Vieira

RESUMO

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O presente trabalho busca apresentar a equoterapia e sua relação como prestação de serviço de Tecnologia Assistiva para as pessoas com deficiência. A relação entre praticante e animal pode gerar inúmeros benefícios atribuídos a uma combinação de estímulos sensoriais produzidos pelo passo do cavalo. Ainda, de acordo com a Associação Nacional de Equoterapia - ANDE, a relação entre equoterapia e qualidade de vida possibilita novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima.

PALAVRA CHAVE: Cavalos; Terapia; Deficiência; Qualidade de Vida.

1. Tecnologia Assistiva: recursos e serviços disponíveis para pessoa com deficiência.

Historicamente, principalmente na cultura grega, os indivíduos com deficiências não eram tolerados, sendo geralmente jogados de altos de penhascos, enterrados vivos, dentre outras situações. A filosofia grega justificava tais atos cometidos contra os deficientes postulando que estas criaturas não eram humanas, mas um tipo de monstro pertencente a outras espécies. (SCHWARTZMAN, 1999, p.3).

No século 15, dois padres dominicanos escreveram o Malleus Maleficarum, ou, em português, Martelo das bruxas, espécie de manual da inquisição, que descrevia as doenças mentais e relacionava orientações para torturar e matar os doentes. A Bíblia diz em Isaías 35:5-6 “Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se desimpedirão”. Então o coxo saltará como o cervo, e a língua do mudo cantarão de alegria; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo.

A própria concepção de pessoa deficiente vem mudando ao longo dos tempos. Na Idade média consideravam-se os deficientes como pessoas que vinham ao mundo como forma de castigo. Em alguns momentos da história desde a Idade Média, pessoas com deficiência poderiam ser consideradas como castigo dos Deuses, ou em outras situações, assumindo papel antagônico se transformando em seres enviados dos céus. Posteriormente ocorriam também assassinatos de crianças que ao nascer apresentavam caraterísticas de deficiência/síndrome, ou mesmo afastamento do convívio familiar. Ate o inicio do século XX ainda era comum o confinamento destas pessoas em casa, ou abrigos especiais No Brasil, por exemplo, qualquer pessoa com deficiência mental era enviada para manicômios. Um dos mais conhecidos era o Manicômio na cidade de Barbacena, em Minas Gerais, que recebeu a alcunha de Cidade dos Loucos. Neste local não existia um protocolo para atendimento e o tipo de deficiência, existindo casos de agressões, mortes entre os internos e funcionários, falta de atendimento médico e até de alimentação. Fatos como estes são narrados no livro Holocausto Brasileiro da autora Daniela Arbex. De acordo com pesquisas realizadas pela autora mais de 60 mil pessoas morreram vítimas de falta de atendimento médico, condições higiênicas impróprias para a sobrevivência do ser humano, atrocidades cometidas por funcionários com relação aos internos, enfim, realmente cenas de um holocausto norteiam toda a narrativa do livro. Somente a partir do ano de 1979 quando passa a existir uma reforma do sistema psiquiátrico que a situação começa a mudar, tratando as deficiências mentais de forma humanitária. Este recorte se faz importante, para evidenciar quão cruel era o tratamento da pessoa com deficiência mental, bem como um confinamento desta pessoa, longe da convivência com a família, abandonada aos cuidados de terceiros. A própria família não conseguia conviver, promover tratamento e em grande parte, também primava pelo preconceito e medo de rejeição de todos pela sociedade em função daquele (a) membro familiar deficiente. Neste contexto vamos explicar a “deficiência” em um contexto geral, para inserir o tema da tecnologia assistiva e importância para a qualidade de vida das pessoas com deficiência, bem como a posteriori relacionar todo este processo de uma forma abrangente no atendimento de equoterapia e sua promoção de melhoria na qualidade de vida.

A inclusão social da pessoa com deficiência começa a tomar relevância a partir da década de 80, 90 quando começam surgir movimentos sociais exigindo direitos de acessibilidade, de educação, profissionalização, inclusão social; uma posição de destaque nas questões de políticas públicas para o atendimento de pessoa com deficiência. E o que é a deficiência, quais são? Qual a diferença entre deficiência e síndrome? Porque estas pessoas ficaram invisíveis por tanto tempo?

O conceito de deficiência não pode ser confundido com o de incapacidade, palavra que é uma tradução, também histórica, do termo "handicap”. (deficiência, desvantagem). As deficiências podem ocorrer em qualquer época da vida não necessariamente ao nascer. Estas são adquiridas ao longo da vida, causada por acidentes ou enfermidades que deixam indivíduos deficientes para exercer atividades de vida diária por determinado período ou ate o fim de seus dias. Síndrome é o conjunto dos sintomas que caracterizam uma doença. O conceito de incapacidade denota um estado pejorativo de funcionamento da pessoa, resultante do ambiente humano e físico inadequado ou inacessível, e não um tipo de condição. Exemplos: a incapacidade de uma pessoa cega para ler textos que não estejam em Braille, à incapacidade de uma pessoa com baixa visão para ler textos impressos em letras miúdas, a incapacidade de uma pessoa em cadeira de rodas para subir degraus, a incapacidade de uma pessoa com deficiência intelectual para entender explicações conceituais, a incapacidade de uma pessoa surda para captar ruídos e falas. Configura-se, assim, a situação de desvantagem imposta às pessoas COM deficiência através daqueles fatores ambientais que não constituem barreiras para as pessoas SEM deficiência. (SASSAKI. 2005, p.1).

Conforme entendimento de Amaral (1995) considera se a deficiência como toda alteração do corpo ou aparência física, de um órgão ou de uma função, qualquer que seja sua causa, caracterizando-se por perdas ou alterações que podem ser temporárias ou permanentes, e que incluem a existência ou ocorrência de uma anomalia defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou outra estrutura do corpo, incluindo a função mental.

Segundo Amaral (1995) quando uma criança nasce com uma deficiência, o estado psíquico vivido pela família é de perda, de morte mesmo, ou seja, a morte

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