Trabalho profissional do assistente social e as expressões da questão social
Por: Thiago Rodrigo da Silva • 9/5/2016 • Resenha • 1.296 Palavras (6 Páginas) • 696 Visualizações
Trabalho profissional do assistente social e as expressões da questão social
Thiago Rodrigo da Silva
Assistente Social/ Doutorando em Serviço Social
O cenário social, político e econômico concentra-se atualmente em uma arena de disputas e jogos de interesses individuais e/ou por um seleto grupo de pessoas que, mostram-se no domínio do sistema capitalista, implicando diretamente nas relações de (re) produção social e de trabalho, que distanciam milhões de pessoas dos direitos, da dignidade humana e das fatias milionárias, concentradas nas mãos da oligarquia capitalista (NETTO, 2013).
As contradições e os antagonismos que esta relação entre classe dominante e classe trabalhadora remetem à reflexão sobre a questão social e suas múltiplas expressões que transcendem o espaço territorial de vivência e sobrevivência das classes desfavorecidas, considerando a lógica da cidadania local e global (SANTOS, 2011).
A globalização da economia e da cultura, a virtualização das relações sociais por meio das novas tecnologias de informação e comunicação, os impactos de uma economia capitalista financeirizada, automação nos meios de produção, precarização das condições de trabalho e sobrevivência, o crescimento do individualismo e a banalização da vida implicam em fatores chave de configuração das expressões da questão social.
Robert Castel, em sua obra “As metamorfoses da questão social: Uma crônica do salário” desenvolve algumas reflexões sobre o significado dessa expressão social. Ele inicia seu texto afirmando que a questão social é uma inquietação quanto à capacidade de manter a coesão de uma sociedade.
Para entender a questão social, o autor fala do sentido de social, como um sentido vago, de várias acepções, porém uma explicação retirada do texto mostra que “As populações que dependem de intervenções sociais diferem, fundamentalmente, pelo fato de serem ou não capazes de trabalhar, e são tratadas de maneira completamente distinta em função de tal critério” (CASTEL, 1999, p. 41). Então o sentido social irá depender da situação da pessoa em uma sociedade, se trabalha ou não, pelas condições socioeconômicas e pela produtividade no trabalho.
Enquanto Castel vê a questão social como uma inquietação no sentido de manter a sociedade uniforme nas relações de trabalho, Iamamoto (2008) define a Questão Social como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz em comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade.
Castel de forma alguma se contrapõe à Iamamoto, pois ambos são coniventes que os modos de produção capitalistas e suas conseqüências para a classe trabalhadora são avassaladoras.
Nesta dinâmica de contradições entre classe dominante e trabalhadora, em que a primeira se apropria e acumula fontes de capitais e a segunda, a partir da força de trabalho produz bens e riquezas que não usufruirão, surge o Serviço Social, enquanto trabalho especializado que possui a questão social, como objeto do seu trabalho.
Segundo Iamamoto (2008), o assistente social deve decifrar o sujeito e realidade em que vive para propor ações e intervir na transformação social deste e do seu contexto de sociabilidade.
O assistente social contemporâneo age na linha de frente das expressões da questão social, que estão multifacetadas segundo a lógica do capital e interesses dominantes que se sobrepõe às necessidades da população. Esta atuação configura o sujeito de sua intervenção como o protagonista de sua história e não mais como o culpado pela sua situação, como se pensava no passado.
É importante o Assistente Social compreender que sua relação com a classe trabalhadora é bastante estreita, pois além de intervir frente às necessidades desta, o profissional também faz parte dela, pois o Serviço Social está inserido em uma conjuntura antagônica, em que a luta se faz presente no desejo da emancipação humana, confrontando ao mesmo tempo com os interesses institucionais dos espaços sócio-ocupacionais que está inserido.
Está aí um desafio iminente da categoria dos Assistentes Sociais: mediar/ articular as relações de interesses entre as classes dominante e dominada, não se esquecendo do papel do Estado e sua interferência nestas relações, enquanto órgão que, aos dizeres de Netto, consiste no comitê executivo da burguesia monopolista.
Destaca-se aqui que este papel de mediador e interlocutor entre classes e Estado deve pautar-se pelos princípios estabelecidos no projeto ético-político profissional, que observa o Homem como sujeito de sua história, respeitado em suas múltiplas peculiaridades, com direitos e deveres, vítima de um sistema desigual que viola o “mínimo” em dignidade humana.
Dessa forma, compreender que através da relação capital x trabalho, que formata as concepções da questão social, é importante afirmar, concordando com Ferreira (2010), que a questão social e suas expressões devem ser observadas através de um panorama que supere a visão reducionista economicista, em que apenas a pobreza é expressão da mesma.
As expressões se configuram nas dinâmicas sociais mais complexas como o trabalho infantil,
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