O ESPORTES ADAPTADOS: ORIGEM E BENEFÍCIOS
Por: Vanessa Kaori Maeda • 20/11/2017 • Artigo • 1.830 Palavras (8 Páginas) • 1.690 Visualizações
ESPORTES ADAPTADOS: ORIGEM E BENEFÍCIOS
Vanessa Kaori Maeda
Universidade de São Paulo
vanessa.maeda@usp.br
Professor Orientador: Marcos Bettine Almeida
INTRODUÇÃO
O esporte é um fenômeno sócio-cultural que envolve diversas práticas humanas, na qual possuem regras institucionalizadas e que possuem caráter competitivo. O esporte para pessoas com deficiência, especialmente nas duas últimas décadas, tem passado por grandes processos de mudança com relação ao seu enfoque e à tecnologia empregada.
Na intenção e importância de promover a reabilitação, reintegração, inclusão social e melhora na qualidade de vida da referida população, a prática esportiva vem sendo adaptada e a demanda pela prática por pessoas com deficiência têm aumentado, visto que essas procuram estimular suas potencialidades e possibilidades em prol de seu bem-estar físico e psicológico. Esses benefícios são percebidos a partir da prática regular do esporte adaptado, dependendo dos objetivos do programa ou da organização do grupo praticante.
Ultimamente, tornando-se objeto de pesquisa em instituições de ensino superior, despertando maior interesse da mídia e dos órgãos públicos, os esportes adaptados vêm ganhando espaço. Nesta perspectiva, vários estudos vêm sendo realizados na tentativa de criar melhores condições para a evolução do esporte adaptado, além de obter melhorias na qualidade de vida de pessoas com deficiência.
DISCUSSÃO TEÓRICA
ORIGEM DO ESPORTE ADAPTADO
O esporte teve sua origem na Inglaterra do século XVIII, por se tratar de um país em processo de pacificação e racionalização de suas práticas, como ocorreu também no lazer, implicando na institucionalização dos jogos populares e práticas corporais.
Anteriormente ao movimento pós-guerra, por volta de 1870, já se tinha conhecimento sobre o esporte adaptado para pessoas surdas, nos Estados Unidos iniciava as primeiras participações esportivas organizadas por escolas especiais. Aconteceram os “Jogos do Silêncio”, em Paris, 1924, reunindo atletas de diversos países. Para Adams et al. (1985), a prática esportiva para pessoas com deficiência física na Alemanha teria se iniciado em 1918, para amenizar os horrores da Primeira Guerra Mundial e 1932 em Glasgow no Reino Unido Inglaterra existiu uma associação de jogadores de golfe, abarcando amputados unilaterais de membros superiores.
Foi um marco para a evolução do esporte adaptado para pessoas com deficiência, o término da Segunda Guerra Mundial, pois muitos soldados retornavam aos seus países e traziam em seu corpo marcas que jamais esqueceriam. Isso fez com que seus governos tomassem uma série de providências sobre a qualidade de vida desses indivíduos, tendo em vista que o pós-guerra deixou muitos soldados mutilados, com distúrbios motores, visuais e auditivos. Como forma de tentar minimizar as adversidades causadas pela guerra, muitos começaram a ter acesso as práticas esportivas e atividades físicas adaptadas.
Nos Estados Unidos e em países da Europa, essa preocupação foi maior, e os resultados dela foram evidenciados notavelmente. Aos poucos ex-veteranos de guerra começaram a obter grande êxito em atividades esportivas, as mais visadas foram: o basquete sobre cadeira de rodas e o atletismo. Para Mattos (1994), enquanto na Inglaterra o objetivo maior era a reabilitação pelo esporte, nos Estados Unidos a meta final era a competição.
O médico neurologista e neurocirurgião, alemão de origem judaica, Sir Ludwig Gutmann e seus colegas do Stoke Mandeville Hospital, em Aylesbury na Inglaterra, através de jogos desportivos com cadeira de rodas obtém inúmeros sucessos com a reabilitação de ex-combatentes.
Foi iniciado em 1945 o primeiro programa em cadeira de rodas do hospital com o objetivo de trabalhar os membros superiores, o tronco e diminuir o tédio da vida hospitalar . Sobre isso, o Jornal SuperAção (1988) divulga que: “Os primeiros resultados dessa prática relatam que, em um ano de trabalho, o Dr. Gutmann conseguiu preparar seis paraplégicos para o mercado de trabalho e reconheceu que as atividades desportivas, como medida terapêutica, eram importantes para a reabilitação psicossocial dos deficientes”.
Os Jogos Olímpicos de Verão conteceram em 1948, em Londres, Inglaterra, e Sir Ludwig Gutmann, que passou a sonhar com uma olímpiada especial que reunisse milhares de deficientes em torno do desporto, aproveita o evento e cria paralelamente os primeiros jogos de Stoke Mandeville para paraplégicos, estes jogos contaram com a participação de 16 atletas ingleses nas modalidades de: arco e flecha, tiro ao alvo e arremesso de dardo.
Após isso em 1952, os jogos desenvolveram-se para a primeira competição internacional de esporte em cadeira de rodas para deficientes físicos, com cento e trinta participantes, equipes da Inglaterra, Holanda e dos EUA.
Foram realizados em Roma na Itália em 1960, os 9º Jogos de Stoke Mandeville logo após o encerramento dos Jogos Olímpicos, este evento contou com cerca de duzentos e trinta atletas de vinte e três países, contou com o apoio do Comitê Olimpíco Italiano (COI), tendo como madrinha dos jogos a primeira dama italiana, Srª. Carla Grounchi. Este evento marca o envolvimento político e social do mundo todo com os jogos para pessoas com deficiência.
Em 1964, o nome “Paraolimpíadas” foi cunhado durante a Olimpíada de Tóquioe surgiu com uma paciente paraplégica do Stoke Mandeville Hospital, Alice Hunter, que escreveu seu relato intitulado “Alice of the Paralympiad” (Alice das Paraolímpiadas), para uma revista de esportes “The Cord Journal of the paraplegics”, na época o termo foi associada a paraplegia e posteriormente foi cunhado para batizar os Jogos Paraolímpicos.
A história do desporto adaptado surge em 1958 no Brasil, quando foram fundados um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro, dois clubes de esporte em cadeira de rodas. Foram fundados por Sérgio Serafim Del Grande e Robson Sampaio de Almeida, que trouxeram a ideia do esporte adaptado ao Brasil após retornarem de tratamentos de reabilitação em hospitais americanos, onde adquiriram o conhecimento da prática do esporte em cadeira de rodas.
Apenas em 1972 ocorreu a participação brasileira nos Jogos Paraolímpicos, em Heidelberg, Alemanha. A modalidade foi a bocha, mas sem conquista de medalhas. Nos Jogos de Toronto, Canadá em 1976, nessa mesma modalidade, Robson de Almeida e Luis Carlos Coutinho conquistam as duas primeiras medalhas paraolímpicas (prata) para o Brasil.
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