OS BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS AERÓBIOS EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE HIPERTENSÃO.
Por: João Souza • 19/8/2019 • Artigo • 5.875 Palavras (24 Páginas) • 222 Visualizações
BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS AERÓBIOS EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE HIPERTENSÃO.
SOUZA, João Carlos de[1]
ROJAS, Paola Neiza Camacho[2]
RESUMO
O objetivo do estudo foi identificar os benefícios dos exercícios aeróbios no controle da pressão arterial em pacientes hipertensos, além de conceituar e identificar os problemas causados pela hipertensão arterial. O tratamento da hipertensão arterial, atualmente, é dividido em farmacológico e não farmacológico. Segundo vários estudos, a prática de atividade física supervisionada é fator determinante no controle da pressão arterial e na queda da hipertensão arterial. Essa pesquisa é uma revisão de literatura, nas áreas de Educação Física, Fisioterapia e Medicina Cardíaca, utilizando as palavras-chave: Exercício aeróbio, hipertensão arterial e hipotensão pós-exercício. Em todos os estudos pesquisados ficou evidente a relação positiva entre o nível de atividade física aeróbia e o controle e a manutenção dos níveis de pressão arterial em patamares considerados normais. Ficou comprovado que a prática de exercícios aeróbios de maneira regular, de 3 a 5 vezes por semana, com intensidade leve a moderada (50 a 70% da freqüência cardíaca máxima), tendo cada sessão a duração de 30 a 60 minutos produziu uma redução da pressão arterial sistólica de 3,8 até 11mmHg e da pressão arterial diastólica de 2,6 até 8mmHg. Segundo esses estudos, os valores pressóricos parecem se manter por até 22 horas após a sessão de exercícios, o que comprova que a prática de exercícios aeróbios monitorados por uma equipe multidisciplinar é um dos principais recursos não farmacológicos no tratamento e controle da hipertensão arterial.
Palavras chave: Exercício aeróbio. Hipertensão arterial. Hipotensão pós-exercício.
1 INTRODUÇÃO
A pressão arterial é definida como a pressão exercida pelo sangue contra as paredes dos vasos sanguíneos, sendo o resultado do produto do débito cardíaco pela resistência vascular periférica. Ela é dividida em duas fases, sistólica ou máxima e diastólica ou mínima. A fase sistólica ocorre na fase de contração do coração para bombear o sangue. Já a fase diastólica ou mínima ocorre na fase de relaxamento do músculo cardíaco. O indivíduo é considerado hipertenso quando apresenta valor de pressão sistólica igual ou superior a 14mmHg e da pressão diastólica igual ou superior a 9mmHg.
Segundo Moraes Júnior (2007), estima-se que 10 a 25% da população brasileira sofre de hipertensão, sendo que, em muitos casos, as pessoas não têm conhecimento dessa condição. Números como esse justificam a importância da prevenção e do tratamento dessa doença, assim como proporcionar acesso a maiores informações sobre esse processo (Ribeiro, 2003).
Basicamente, o tratamento da hipertensão arterial é dividido em farmacológico e não farmacológico. Segundo Pinho et al. (2010), o tratamento farmacológico é baseado na administração de medicamentos hipotensivos, como diuréticos, simpaticolíticos de ação central, beta-bloqueadores e alfa-bloqueadores. Já o tratamento não farmacológico, segundo Topol (2005), pode ser efetivo no tratamento da hipertensão através de alguns fatores, como: redução de peso corporal, exercício físico, ajuste na dieta, restrição de sódio e restrição de álcool combinada com interrupção do tabagismo.
O exercício físico aeróbio tem papel de destaque no tratamento não farmacológico da hipertensão arterial atuando na prevenção primária e no tratamento propriamente dito da doença. Segundo vários estudos, entre eles Polito e Farinatti (2003), apud Cruz (2011, p 480), “a execução de exercícios físicos aeróbios podem diminuir os níveis pressóricos de repouso em indivíduos hipertensos”.
Esse estudo tem como objetivo principal identificar os benefícios da prática de exercícios aeróbios para indivíduos hipertensos, considerando a relação volume, intensidade e duração dessas atividades. Essa revisão de literatura pretende contribuir para o aprimoramento, capacitação e atualização dos profissionais da área de saúde e do treinamento esportivo.
2 HIPERTENSÃO ARTERIAL.
Conforme Gusmão et al.(2005), apud Silva (2010):
“A pressão exercida sobre as paredes das artérias quando o sangue circula no seu interior é denominada pressão arterial (PA). Quando os ventrículos contraem ejetando o sangue, a pressão nas artérias se torna máxima e elas se distendem um pouco. Essa contração recebe o nome de sístole e essa é a pressão sistólica. Quando os ventrículos se relaxam, o sangue que está na aorta tenta refluir, mas é contido pelo fechamento da válvula aórtica, que evita que ele retorne ao ventrículo. Esse relaxamento ventricular é denominado diástole e nesse momento a pressão nas artérias cai a um valor mínimo, chamada pressão diastólica.”
A hipertensão arterial é caracterizada pela elevação da pressão arterial a níveis iguais ou superiores a 140mmHg de pressão sistólica e/ou 90mmHg de pressão diastólica, em pelo menos duas aferições subseqüentes, obtidas em dias diferentes, ou em condições de repouso e ambiente tranqüilo (Silva e Souza, 2004). Para fins de classificação a hipertensão pode ser primária e secundária. A hipertensão primária, também chamada essencial ou idiopática, representa 90% dos casos, possuindo causas desconhecidas. Já a hipertensão secundária é subjacente a alguma doença, como por exemplo, uma deficiência renal. Podendo também ocorrer à hipertensão renavascular, causada por uma estenose da artéria renal (Matavelli et al. 2014).
Segundo a WHO-ISH Hypertension Guidelines (1999), apud Gonçalves et al (2007) a hipertensão arterial pode ser classificada pelo valor dos níveis pressóricos, pela seguinte tabela (modificada):
Tabela 1- classificação da hipertensão arterial, valores expressos em mmHg.
Categoria | Sistólica | Diastólica |
Ótima | < 120 | < 80 |
Normal | < 130 | < 85 |
Grau I (leve) | 140-159 | 90-99 |
Grau II (moderada) | 160-179 | 100-109 |
Grau III (severa) | >180 | >110 |
Segundo o American College of Sports Medicine (2004), apud Silva et al (2008), “a hipertensão arterial está associada a um aumento da incidência de mortalidade por doenças cardiovasculares, acidente vascular encefálico, doença arterial periférica e insuficiência renal”. Além do exposto acima, a hipertensão arterial é uma das maiores causas de morbidade cardiovascular no Brasil e acomete 15 a 20% da população adulta, prevalecendo também em crianças e adolescentes, sendo responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e absenteísmo no trabalho (Sobral Filho, 2004).
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