RESENHA DO TEXTO: AS PRÁTICAS DE DESINVESTIMENTO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

GEAN MARCOS MACHADO

[pic 1]RESENHA DO TEXTO: AS PRÁTICAS DE DESINVESTIMENTO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.

CURITIBA

2015

Segundo Thiago da Silva Machado et al, (2010), a educação física escolar pode se confundir facilmente com uma aula vaga ou um recreio. A preocupação de muitos professores é apenas ocupar os alunos durante a aula com alguma atividade. Nesse sentido, é comum encontrar aulas de educação física que se resumem em atividades simples, que necessitem de poucos materiais. A postura do professor é quase sempre a mesma; distribuir e administrar o uso dos materiais e passar o restante da aula observando os alunos.

A partir das ideias de Thiago da Silva Machado et al, entendemos a prática do desinvestimento pedagógico como: “ àqueles casos em que os professores de EF escolar permanecem em seus postos de trabalho mas abandonam o compromisso com a qualidade do trabalho docente.” (Thiago da Silva Machado et al, 2010, p.131). Esse desinvestimento é caracterizado ainda, como a falta de compromisso por parte dos professores com relação à qualidade das aulas de Educação Física. Um dos motivos do desinvestimento pedagógico se deve ao fato de muitos professores pensarem que para ser um bom professor basta ser pontual e não faltar ao trabalho. O desinvestimento pode ser também explicado por uma fase que os profissionais passam próximo ao final da carreira.

 Os professores despreocupados com a prática pedagógica escolar são conhecidos como professores rola-bola. E esse fato, pode ser entendido como um fenômeno de caráter multifatorial, pois é causado por diversos fatores atrelados entre si. Este fenômeno multifatorial acaba por prejudicar os alunos, pois os mesmos são privados da aprendizagem.

Em uma pesquisa etnográfica realizada em uma escola de pequeno porte situada no município de Serra/ES, o professor José, de educação física, foi entrevistado e observado durante suas aulas. A partir disso notou-se que o professor apresentou dificuldades em relacionar a teoria com a prática durante as aulas de Educação Física. As aulas do professor José eram basicamente sempre as mesmas, e se aproximavam muito de uma aula livre. Detectou-se uma dificuldade em conciliar os aspectos teóricos com os práticos.

Por sua vez, Valter Brach (2005), em seu texto “Pesquisa (ação) e prática pedagógica em educação física” também se posiciona em relação ao assunto e afirma que a teoria não é mais importante que a prática e vice versa e que não é possível transpor a teoria à prática. Ao contrário dos conceitos de Valter Brach, muitos profissionais da Educação Física supervalorizam a prática e têm o falso entendimento de que a teoria é dispensável. Valter Brach acredita que a graduação não é o fim, mas sim, um começo de formação. Nesse sentido, é necessário que todo professor tenha uma formação contínua, mesmo que autodidaticamente, pois a sociedade está constantemente se modificando, e a educação precisa acompanhar esse ritmo. O professor, segundo Brach, deve ser pesquisador, no sentido de pensar sobre sua própria prática. Eles devem ser indivíduos reflexivos, ensinantes que pesquisam. Intelectuais que fazem os alunos pensar.

Ainda sobre a relação de teoria e prática, Valter Brach apresenta o seguinte conceito: “Assim, entendo que o professor não deve aplicar teoria na prática, e sim construir (reinventar) sua prática com referência em ações/experiências e reflexões/teorias, sendo que é fundamental que essa apropriação de teorias se dê de uma forma autônoma e crítica”. (BRACH, VALTER, ANO, p.11)

Observando a atual situação da Educação Física, evidencia-se uma supervalorização do esporte na escola. O professor atribui ao esporte um caráter de autossuficiência muito grande. São considerados bons professores aqueles que constantemente vencem campeonatos escolares.