As Diversas medidas farmacológicas
Por: AlinePacheco • 16/6/2017 • Seminário • 8.763 Palavras (36 Páginas) • 263 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
Diversas medidas farmacológicas têm sido empregadas ao longo do tempo para o tratamento dos transtornos mentais, porém técnicas terapêuticas alternativas, como a eletroconvulsoterapia, ainda possuem baixa adesão. Esse método baseia-se na indução de crises convulsivas generalizadas através da colocação de eletrodos na cabeça que permitem a passagem de uma corrente elétrica por alguns segundo. Embora os mecanismos de ação ainda não sejam plenamente compreendidos, há evidencias que comprovam a sua eficácia terapêutica em diversas doenças. Em estudos realizados verificou-se que no tratamento de formas graves e recorrentes de depressão, houve uma remissão de 80% da doença em comparação com 60% no tratamento medicamentoso. Além da depressão a ECT é uma forma de tratamento segura e eficaz para pacientes com episódios maníacos, esquizofrênicos, catatonia, entre outros.
Com base nisso, o objetivo do trabalho é demonstrar detalhadamente como surgiu a eletroconvulsoterapia, como a técnica é realizada, quais são as indicações, quanto tempo dura o tratamento e quais são os fatores de importância que devem ser avaliados.
Além disso, também apresentamos alguns aspectos importantes sobre os efeitos e o uso de substancias psicoativas. Atualmente, a dependência de álcool e drogas tem sido identificada como um grande problema de saúde pública, pois gera danos, muitas vezes, irreversíveis às pessoas dependentes e causa um impacto socioeconômico significativo. Muitas doenças que afetam a população possuem um fator de associação com a dependência, por exemplo, as infecções pelo HIV, através do uso de seringas com drogas injetáveis. Portanto, é essencial possuir um conhecimento, no mínimo básico, à respeito deste assunto.
2 ELETROCONVULSOTERAPIA
2.1 Definição
A eletroconvulsoterapia é um dos tratamentos mais utilizados na psiquiatria. Esse procedimento consiste na indução proposital e controlada de crises convulsivas generalizadas. Geralmente é aplicada em pacientes com depressão ou outros transtornos mentais. Atualmente ela tem sido utilizada com segurança e eficácia comprovadas, com efeitos colaterais reduzidos. Segundo Abrams, em 2002, a taxa de morte como consequência da eletroconvulsoterapia era igual a taxa de morte causada pela indução anestésica geral. Apesar da taxa de morte relativamente baixa, ainda existe um grande preconceito em relação a esta técnica. A falta de informação faz com que as pessoas entendam a eletroconvulsoterapia como uma forma de tortura ou punição, deixando seu uso limitado. Muitas pessoas são privadas deste benefício e podem até correr risco de vida.
2.2 Histórico
Ladislas Joseph Von Meduna, neuropsiquiatra húngaro, foi o primeiro a induzir convulsões com finalidade terapêutica. A partir de estudos aprofundados Meduna levantou a hipótese de que a indução de convulsões em esquizofrênicos poderia reduzir os seus sintomas. Começou seus testes induzindo convulsões em animais utilizando estricnina, cafeína, absinto e cânfora. Alcançou sucesso com a cânfora e em 1994 ele induziu uma série de convulsões em um paciente com quadro catatônico que se recuperou completamente. Pouco tempo depois substituiu a cânfora porpentilenotetrazol por ser mais solúvel e ter início mais rápido.
Ugo Cerletti e Lucio Bini, neuropsiquiatras italianos, desenvolveram os métodos de eletroconvulsoterapia, não sendo necessário utilizar substâncias excitantes do sistema nervoso central. Comprovaram que era mais fácil produzir as convulsões e regulá-las através da eletricidade. Algum tempo depois o eletrochoque, como ficou conhecido, substituiu a técnica de convulsoterapia química.
Em 1950 a técnica perdeu adesão em virtude do surgimento de tratamentos farmacológicos e movimentos antipsiquiátricos. O eletrochoque passou a ter uma imagem negativa, visto como um método cruel, desumano e ultrapassado que era utilizado como tortura. No entanto a eficácia e a segurança da técnica e as limitações, como por exemplo, os efeitos colaterais dos medicamentos fizeram com que a adesão a ECT retornasse.
O uso de anestesia geral, relaxantes musculares, oxigenação e aparelhos mais sofisticados diminuíram consideravelmente alguns problemas relacionados á ECT. A técnica foi sendo aprimorada e atualmente ela constitui uma das principais formas de tratamento somático mais antigo em uso na psiquiatria.
2.3 Indicações e eficácia
A indicação de ECT se baseia na história clínica, diagnóstico, gravidade da sintomatologia, risco de outras opções terapêuticas, ou seja, os riscos de outros tratamentos são maiores que do que os riscos de ECT, há necessidade de melhora rápida e quando o paciente prefere este tipo de tratamento.
Entre as indicações para o uso da ECT, estão o transtorno depressivo maior, transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia não-crônica, transtorno esquizoafetivo e esquizofreniforme, síndrome neuroléptica maligna, epilepsias, discinesia tardia e doença de Parkinson.
O ECT é indicado quando há a impossibilidade de administração de medicamento e também pode ser aplicada em gestantes, no puerpério e em idosos, pois estão propensos á riscos e são intolerantes aos efeitos colaterais dos fármacos psicotrópicos.
2.3.1 Depressão maior
Na depressão o ECT já é um tratamento com eficácia comprovada, sendo melhor que outras formas de tratamento, como os antidepressivos isolados ou com associação a antipsicóticos. Em casos como esse o ECT poderia ser o tratamento de primeira escolha. De acordo com Prudic (apud PAULA ANTUNES, 2008), seus benefícios são alcançados em todos os tipos de depressão, incluindo a unipolar, bipolar, psicótica e melancólica.
2.3.2 Esquizofrenia
A ECT pode causar uma boa resposta no tratamento da esquizofrenia, podendo ser aplicada isoladamente ou em associação com medicações antipsicóticas. Este resultado é alcançado em condições agudas com sintomas positivos e catatônicos, já em casos delirantes crônicos ou com predomínio de sintomas negativos não costumam ser tão eficazes.
2.3.3 Mania e estados mistos
Em quadros de mania a ECT também é bastante eficaz, sendo a principal forma de tratamento para pacientes maníacos e pacientes na fase depressiva da doença bipolar. A ECT é principalmente utilizada quando o paciente é resistente ao medicamento ou quando há impossibilidade de administrar os medicamentos. Segundo um estudo do Small (aput PAULA ANTUNES, 2008) a ECT foi comparada ao lítio, e após oito semanas paciente que foram submetidos a ECT tiveram uma melhora maior do que os pacientes que receberam lítio.
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