Trabalho Enfermeiro Mediante a Violência Obstétrica
Por: juscirrea1 • 17/4/2019 • Seminário • 2.864 Palavras (12 Páginas) • 350 Visualizações
1. OBSERVAÇÃO DA REALIDADE
Ao longo da história as mulheres vêm sendo vítimas de diversas formas de violência. Violência é a imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis. Nesse sentido, destaca-se a violência obstétrica como um tipo específico de violência contra a mulher (OMS, 1996).
O descaso e o desrespeito com as gestantes na assistência ao parto, tanto no setor público quanto no setor privado de saúde, têm sido cada vez mais divulgados pela imprensa e pelas redes sociais por meio de relatos de mulheres que se sentiram violentadas. Da mesma forma, esses dados têm sido analisados pela ouvidoria do Ministério da Saúde que computou que 12,7% das queixas das mulheres versavam sobre o tratamento desrespeitoso, incluindo relatos de terem sido mal atendidas, não serem ouvidas ou atendidas em suas necessidades e terem sofrido agressões verbais e físicas (OMS, 2012).
Em consequência, sua prevalência e impacto na saúde, no bem-estar e nas escolhas das mulheres não são conhecidas. A Organização aponta a necessidade de realizar pesquisas com intuito de definir, medir e compreender melhor as práticas desrespeitosas e abusivas durante o parto, assim como elaborar formas de prevenção e eliminação dessas condutas (OMS, 2014).
Recente pesquisa nacional deu visibilidade ao problema: cerca de 1/4 das mulheres que tinham parido, e também aproximadamente metade das que abortaram, relataram alguma forma de violência obstétrica. Esses fatos são a ponta de um iceberg com o qual a sociedade e os profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) brasileira têm convivido passivamente. Sendo a prevenção quaternária a atitude e a ação de violência obstétrica em seu escopo de saberes, valores e práticas (VENTURI, GODINHO, 2013).
2. METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO
Na construção do trabalho utilizamos a metodologia do Arco de Maguerez com uma pesquisa exploratória-descritiva e revisão integrativa, por meio da literatura e artigos científicos, em que foram analisados artigos disponibilizados nas bases de dados SCIELO e LILACS, em processo de construção em cinco etapas, sendo essas a observação da realidade e definição do problema, pontos-chave, teorização, hipóteses de solução e aplicação à realidade com os participantes.
A Metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez tem como objetivo descrever as etapas e características da Metodologia da Problematização com o arco de Maguerez, a partir de referenciais que tratam da mesma; identificando um conjunto de saberes, a partir de autores que tratam dessa temática; estabelecendo a relação entre as contribuições a respeito dos saberes de professores e as características da Metodologia da Problematização, buscando identificar o potencial dessa metodologia sob esse ponto de vista; e elaborar uma síntese do conhecimento adquirido na investigação, como uma contribuição a ser acrescentada aos já existentes sobre a Metodologia da Problematização.
Esta primeira etapa, observação da realidade, consiste na participação ativa dos participantes para um olhar atento da realidade, efetuando assim a identificação de problemas, demonstrando o conhecimento sobre a realidade propicia a um olhar crítico sobre o contexto e construir o desenvolvimento da investigação.
Nesta segunda etapa, a identificação dos pontos-chaves, é o momento da definição do que vai ser estudado sobre o problema, afim de se buscar uma resposta para esse problema, os aspectos a serem conhecidos e melhor compreendidos de forma a buscar uma resposta ao caso (PRADO et al., 2012).
Na etapa da teorização, implica na construção de respostas mais elaboradas para o problema, proporcionando um amadurecimento mental a partir dos questionamentos do que observado e fundamentado nos pontos-chaves, definidos na etapa anterior. A etapa permite construir respostas apoiadas na literatura, por meio de informações de especialistas, pesquisas de cunho histórico, técnico e científico e também, por informações de pessoas que vivem o problema. Assim, após definir o caminho de investigação, inicia-se pela preparação dos instrumentos de coleta de informações (PRADO, 2012).
A fase de hipótese de solução, de acordo com Rocha (2008), é neste momento, com os conhecimentos aprimorados através de estudos, devem ser elaboradas, de maneira crítica e criativa, as possíveis soluções. As hipóteses podem abranger diferentes instâncias ou níveis de ação.
A aplicação da realidade é uma etapa para analisar a aplicabilidade das hipóteses. As hipóteses serão analisadas pelos participantes, para verificar a exequibilidade, a urgência, a prioridade visando eleger aquelas que poderão ser realizadas e atingir mais diretamente o problema, contribuindo para a transformação da realidade estudada. Esta etapa proporciona aos participantes, por meio de todo o estudo realizado, uma nova contribuição para ampliar seus conhecimentos sobre a realidade estudada (COLOMBO, 2007).
3. PONTOS-CHAVES
Violência Obstétrica – Cuidados de Enfermagem – Saúde da Mulher
4. TEORIZAÇÃO
4.1 VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Em 2007, a Venezuela reconheceu, em lei, a existência de um tipo de violência contra a mulher que decorre de situações em ambiente hospitalar, no momento do parto: a chamada “violência obstétrica”. O termo, cunhado no meio acadêmico pelo presidente da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia da Venezuela, Dr. Rogelio Pérez D’Gregorio, em editorial do International Journal of Gynecology and Obstetrics, em 2014, vem desde então ganhando força dentro dos movimentos sociais preocupados com violências exercidas contra mulheres, em especial aqueles que lutam pela humanização da assistência materno-infantil. (DEBERT et al., 2013).
A violência contra a mulher é definida como “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, causando morte, dano ou sofrimento de ordem física, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada”. Logo, a violência contra a mulher apresenta-se em distintas expressões e uma delas tem sido muito presente e não identificada: a violência obstétrica. (Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher, 1996)
Entende-se por violência obstétrica qualquer ato exercido por profissionais da saúde no que cerne ao corpo e aos processos reprodutivos das mulheres, exprimido através de uma atenção desumanizada, abuso de ações intervencionistas, medicalização e a transformação patológica dos processos de parturição fisiológicos (JUAREZ et al; 2012).
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