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Cannabinoid CB 1 Receptors - tratamento de epilepsia

Por:   •  27/10/2017  •  Trabalho acadêmico  •  8.877 Palavras (36 Páginas)  •  304 Visualizações

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  1. Objetivo

A presente revisão bibliográfica foi desenvolvida com o objetivo de discutir as recentes evidências que têm sido manifestadas com relação ao potencial terapêutico do CBD na redução, e até extinção dos efeitos causados por distúrbios neurológicos, em particular a epilepsia.

Devem ser de fontes atuais e de periódicos: pelo menos 70% das referências devem ser dos últimos 5 anos e de artigos científicos, revisões bibliográficas e revisões sistemáticas.


  1. Método

Para o presente estudo foram incluídas somente revisões sistemáticas da literatura, buscadas em bases de dados em português e inglês, como Google Acadêmico, Medscape, Cohrane e Anvisa, que apresentam estudo clínico aprofundado sobre a eficácia e a segurança dos canabinóides quando utilizados como monoterapia ou tratamento complementar para pessoas com epilepsia visando identificar, selecionar, avaliar e sintetizar as evidências relevantes disponíveis. Foram excluídos artigos e dissertações que não apresentaram estudo clínico, e publicações que apresentavam apenas resumo e artigos que passam de 5 anos.


  1. Introdução

A epilepsia é uma doença de hiperexcitabilidade crônica que decorre de vários defeitos nas redes neuronais no cérebro que levam a convulsões recorrentes. As crises epilépticas são descargas elétricas anormais que podem ser originárias várias regiões cerebrais e podem causar alterações em comportamentos, consciência e sensações. A epileptogênese é o processo pelo qual um cérebro normalmente funcional torna-se progressivamente epiléptico devido a uma lesão ou a outros fatores de risco como acidente vascular cerebral, infecção ou convulsões prolongadas. A epilepsia também pode se desenvolver devido a uma anormalidade na fiação neuronal, um desequilíbrio entre neurotransmissores excitatórios e inibitórios, ou mesmo uma combinação dessas dinâmicas. (Reedy, 2014)

A patologia representa cerca de 1% da carga global de doenças. Tem uma incidência de 2/ a 60 por cada 100.000 pessoas por ano, com risco vital de 1,3% a 4%. (Gloss et al., 2014; Rektor et al., 2015)

A desordem tem efeitos devastadores na vida de alguém, não só como resultado direto das implicações clínicas, mas também por consequências socioeconômicas, como isolamento social, dificuldades educacionais, desemprego e estigmatização. Essas consequências sociais muitas vezes resultam em alta comorbidade com transtornos psiquiátricos, como depressão e aumento da taxa de suicídio (Kros et al., 2015).

Devido à grande variação nos tipos de epilepsia, ela é classificada como uma desordem do espectro. As crises epilépticas podem ser classificadas em convulsões parciais ou generalizadas. As convulsões parciais começam focalmente em um local cortical do cérebro e representam aproximadamente 60% de todas as epilepsias, enquanto convulsões generalizadas envolvem ambos os hemisférios do início da epileptogênese e representam os 40% restantes dos tipos de epilepsia. (Reedy, 2014)

A epilepsia pode ser dividida em dois grupos: primário e secundário. A epilepsia primária é idiopática (causa desconhecida). A epilepsia secundária, também referida como epilepsia adquirida, pode resultar de uma série de condições, incluindo neurotoxicidade, lesão cerebral traumática, anóxia, desequilíbrios metabólicos, convulsões prolongadas atribuíveis à retirada do fármaco, tumores ou encefalite (Reedy, 2014)

Até à data, não existem terapias medicamentosas para curar a epilepsia; no entanto, alívio sintomático pode ser encontrado para até 70% dos pacientes. Os fármacos antiepilépticos (AED) são o principal suporte para o controle de crises sintomáticas; no entanto, apenas dois terços dos pacientes com epilepsia podem ser tratados com sucesso por AEDs atuais. Para os restantes 30% dos pacientes epilépticos, que sofrem de convulsões intratáveis ​​que não podem ser controladas por medicamentos antiepilépticos, o tratamento é frequentemente invasivo, requerendo ressecção cirúrgica ou neuroestimulação (Iannotti et al., 2014).

Recentemente, os canabinóides foram sugeridos como possíveis alternativas terapêuticas para alguns pacientes com convulsões refratárias. Estudos clínicos experimentais e experimentais emergentes sugerem que o canabidiol, um constituinte não psicoativo encontrado dentro da planta de Cannabis sativa, pode atuar como um agente antiepiléptico eficaz.

Com o aumento dos dados pré-clínicos e casos divulgados de cepas enriquecidas com canabidiol de maconha medicinal, os grupos de defesa tornaram-se mais vocais sobre a possibilidade de uso de cannabis para o tratamento sintomático da epilepsia, especialmente dentro de grupos de pais com crianças que continuam a sofrer convulsões refratárias. 

A Cannabis, ou também conhecida como termo popular maconha, tem sido utilizada desde o século 19 para o controle de convulsões epilépticas. A maconha é um termo coloquial dado às flores, caules e folhas secas de uma erva daninha de 1 a 5 metros que se originou na Ásia (Gowers, 1881). 

O cannabis pertence à família de plantas Cannabaceae, das quais existem três espécies principais que podem diferir em componentes bioquímicos: Cannabis sativaCannabis indica e o Menudabis ruderalis (Baron, 2015). A planta de cannabis contém mais de 200 compostos referidos como cannabinoides (ElSohly e Gul, 2014). Entre estes, estão Δ 9-tetrahidrocannabinol (THC) e canabidiol (CBD), ambos focos de estudos recentes. 

O THC possui potentes efeitos psicoativos, incluindo causar sentimentos de euforia e percepção sensorial alterada. Os sintomas de abstinência, como a irritabilidade e os distúrbios no sono, resultam da interrupção abrupta do uso prolongado de THC. Assim, THC é classificada como uma substância controlada do cronograma I (alto potencial de abuso e pouco uso médico). Os esforços para desenvolver agentes terapêuticos com THC como base renderam dronabinol ( Marinol), que é utilizado clinicamente para o controle de náuseas e dor moderada em terapêuticas cancerígenas. Os efeitos psicoativos indesejados e os sintomas de abstinência experimentados pelo uso a longo prazo fazem do THC uma opção terapêutica menos provável para a epilepsia. A CBD, no entanto, é outro componente importante da cannabis e não exerce efeitos psicoativos. Os produtos que contêm CBD concentrado foram avançados como úteis para o controle de coagulação refratária (Blair et al., 2015).

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