Metilfenidato: doping intelectual usado por acadêmicos
Por: Joelma50S • 29/11/2020 • Trabalho acadêmico • 3.932 Palavras (16 Páginas) • 223 Visualizações
- Metilfenidato: doping intelectual usado por acadêmicos
Joelma Souza Lima Santos graduada em farmácia
joelmaslimasantos@gmail.com
Fernanda dos Santos Zenaide
Farmácia hospitalar
Universidade Estácio de Sá
Rio de janeiro, RJ, 30/11/2020
RESUMO
Pessoas saudáveis têm buscado no medicamento o aprimoramento cognitivo ou doping intelectual. No Brasil o metilfenidato ganhou espaço na mídia em 2009, como “droga de inteligência”, tornando-se popular no meio acadêmico. O metilfenidato é uma substância psicoestimulante, com indicação terapêutica para o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade-TDAH e narcolepsia. O presente estudo teve como objetivo descrever os riscos associados ao uso do metilfenidato. Foram utilizados artigos das bases de dados Scielo.br, banco de dados de teses e dissertações CAPES, PubMed e portal de periódicos CAPES, Biblioteca Virtual de Saúde-BVS, onde foram recrutados 30 artigos em português. Sabe-se que o metilfenidato age na ativação do córtex. O cérebro segue em desenvolvimento até a vida adulta. A introdução de uma substância que altera os níveis das catecolaminas pode prejudicar a maturação do córtex pré-frontal e causar graves consequências comportamentais. Os medicamentos são essenciais, porém seu uso irracional pode acarretar sérias consequências para os usuários. Entre 2009 e 2013 o Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de São Paulo (CVS/SE/SP) avaliou 553 notificações de suspeitas de reações adversas ao uso do metilfenidato, entre elas taquicardia, hipertensão, acidentes vasculares encefálicos, depressão, pânico, psicose e tentativa de suicídio. Atualmente, encontra-se a venda três formulações contendo metilfenidato, Ritalina®, Concerta®, Cloridrato de metilfenidato e Tedeaga®. Diante dos resultados apontados pelo presente estudo foi possível concluir que há predominância do uso de metilfenidato por acadêmicos, principalmente o curso de medicina, precisando ser melhor analisado os fatores que os levam ao uso indevido. Não há estudos clínicos que comprovem sua segurança e eficácia no doping intelectual, podendo levar o usuário a dependência psicológica, além de outros riscos.
Palavras Chave: Metilfenidato. Doping intelectual. Acadêmico. Reação adversa.
ABSTRACT
Healthy people have sought cognitive enhancement or intellectual doping in the drug. In Brazil, methylphenidate gained space in the media in 2009, as ‘intelligence drug’, becoming popular in academia. Methylphenidate is a psychostimulant substance, with therapeutic indication for Attention Deficit Hyperactivity Disorder-ADHD and narcolepsy. The present study aimed to describe the risks associated with the use of methylphenidate. Articles from the Scielo.br databases, the CAPES thesis and dissertation database, PubMed and the CAPES journals portal, Virtual Health Library-VHL were used, where 30 articles in Portuguese were recruited. Methylphenidate is known to act on the activation of the cortex. The brain continues to develop into adulthood. The introduction of a substance that alters the levels of catecholamines can impair the maturation of the prefrontal cortex and cause serious behavioral consequences. Medicines are essential, but their irrational use can have serious consequences for users. Between 2009 and 2013 the Sanitary Surveillance Center of the São Paulo State Secretariat (CVS / SE / SP) evaluated 553 reports of suspected adverse reactions to the use of methylphenidate, including tachycardia, hypertension, stroke, depression, panic, psychosis and attempted suicide. Currently, three formulations containing methylphenidate, Ritalin®, Concerta®, Methylphenidate hydrochloride and Tedeaga® are on sale. In view of the results pointed out by the present study, it was possible to conclude that there is a predominance of the use of methylphenidate by academics, mainly the medical course, needing to be better analyzed the factors that lead to the misuse. There are no clinical studies that prove its safety and effectiveness in intellectual doping, which may lead the user to psychological dependence, in addition to other risks.
Key-Words: Methylphenidate. Intellectual doping. Academic. Adverse reaction.
1. INTRODUÇÃO
O uso de substâncias farmacológicas por pessoas saudáveis tem sido uma prática constante na sociedade contemporânea; o aprimoramento cognitivo também conhecido como doping intelectual está em evidência, e a medicalização ocupa cada vez mais espaço na sociedade (TRIGUEIRO, 2012).
No Brasil, a popularização do medicamento metilfenidato (MPH) aconteceu no ano de 2009 através da mídia, as reportagens enalteciam o fármaco como “droga de inteligência”, despertando o interesse de acadêmicos e estudantes de cursinhos preparatório, profissionais da saúde e empresários (RIBAS, 2017); consomem como se fosse inócuo (CARVALHO, 2014).
A busca por reconhecimento social tem se tornado um estímulo para prescrições farmacológicas legais, para uso recreativo e instrumental – voltado para produção, (PASQUINI, 2015).
O metilfenidato é uma substância psicoestimulante, com ação mais ativa sobre as atividades mentais do que a motora (GONÇALVES, 2017). Tem como indicação terapêutica: o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e narcolepsia (CARNEIRO 2013).
O cloridrato de metilfenidato foi registrado na ANVISA em 1998 e comercializado no mesmo ano com o nome comercial de Ritalina®, anos mais tarde, em 2002 foi incorporado à lista de medicamentos o Concerta®, ambos são dispensados conforme exigências da portaria 344/98 (DOMITROVIC, 2017).
Nos Estados Unidos aproximadamente 35% dos estudantes universitários fazem uso indevido de metilfenidato, a prática pode estar associada à rapidez da ação e aos resultados obtidos (ALBERTO, 2017).
A expectativa em relação aos efeitos do metilfenidato vai ao encontro da forma como ele é consumido (ESHER, 2017). De acordo com o alerta terapêutico divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em 2013 houve um aumento do consumo em todas as regiões do país, sobretudo no segundo semestre (SILVA, 2016).
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