Os Meios de Cultura

Meio de baixa seletividade:

Ágar MacConkey

Princípio:

Meio de cultura que possibilita o crescimento de bactérias Gram negativas e inibe o crescimento de bactérias Gram positivas. Possibilita ainda diferenciar as bactérias que fermentam ou não o açúcar, a lactose.

Os componentes que inibem o crescimento de bactérias Gram positivas são os sais biliares e o cristal violeta e os que evidenciam a utilização ou não do açúcar são a lactose e o corante vermelho neutro.

A utilização da lactose resulta na formação de ácido láctico, com diminuição do pH do meio e mudança do corante de vermelho para rosa. Deste modo, colônias com bactérias que utilizam a lactose adquirem a cor rosa e as que não utilizam adquirem a cor bege.

Meio de média seletividade:

Ágar Salmonella e Shigella (Ágar SS)

Princípio:

Meio de cultura que inibe bactérias Gram positivas e algumas bactérias Gram negativas e favorece o crescimento de Salmonella spp. e Shigella spp.. O meio possibilita diferenciar as bactérias que utilizam ou não a lactose e as que produzem ou não o sulfeto de hidrogênio.

Os componentes que inibem o crescimento de bactérias Gram positivas são o verde brilhante, sais biliares e o citrato de sódio e a inibição de algumas bactérias Gram negativas é devido a presença de elevada concentração de tiossulfato de sódio e citrato de sódio.

O meio contém lactose e um corante indicador de pH, o vermelho neutro. A utilização da lactose resulta na formação de ácido láctico, com diminuição do pH do meio e mudança do corante de vermelho para rosa. Deste modo, colônias com bactérias que utilizam a lactose adquirem a cor rosa e as que não utilizam adquirem a cor bege.

O tiossulfato de sódio e o citrato férrico são os componentes presentes no meio para a identificação da formação do sulfeto de hidrogênio (H2S). O tiossulfato de sódio é o substrato para a enzima tiossulfato redutase existente em algumas bactérias. A redução do tiossulfato de sódio causada por essa enzima forma o ânion sulfito e o sulfeto de hidrogênio. O sulfeto de hidrogênio reage com o citrato férrico dando origem ao sulfeto férrico que, sendo insolúvel, precipita. A cor negra do precipitado indica a presença de sulfeto de hidrogênio e caracteriza a bactéria como produtora de H2S. A ausência do precipitado negro indica que as bactérias não produzem H2S.

Sequência de formação do sulfeto férrico por bactérias produtoras de H2S.

Tiossulfato de sódio 3[Na2(S2O3)] + 4H++ 4e- Tiossulfato redutase 2SO3= (ânion sulfito) + 2H2S (sulfeto de hidrogênio) + 2Na+

H2S + Fe[C6H5O7]− FeS + CO2 + H2O

Salmonella spp é uma bactéria Gram negativa, que não utiliza a lactose e produz H2S.

Shigella spp é uma bactéria Gram negativa, que também não utiliza a lactose e não produz H2S.

Outras bactérias Gram negativas podem crescer no meio, utilizar ou não a lactose e produzir ou não H2S.

Meio de alta seletividade:

ÁGAR THAYER-MARTIN Modificado

Princípio:

Meio de cultura que inibe bactérias Gram positivas, algumas bactérias Gram negativas e favorece o crescimento de bactérias do gênero Neisseria.

Contém em sua composição ágar base, sangue adicionado a uma temperatura próxima à 40ºC e quatro antimicrobianos (VCNT): vancomicina, colistina, nistatina e lactato de trimetoprim.

A vancomicina inibe as bactérias Gram positivos, a colistina inibe as Gram negativas, a nistatina impede o crescimento de fungos e o lactato de trimetoprim é utilizado para impedir que Proteus spp cresça e se espalhe por toda a placa, possibilitando a obtenção de colônias isoladas.

O meio também contém em sua composição os fatores V (NAD) e X (hemina), obtidos a partir da lise de células sanguíneas quando o sangue é adicionado ao meio aquecido. Esses fatores são substâncias essenciais para o crescimento de bactérias exigentes como as do gênero Neisseria .

Meios não seletivos:

Ágar C.L.E.D. (Cistina-Lactose-Eletrólito-Deficiente) ou Brolacin (Azul de bromotimol, lactose e cistina.)

Princípio:

Meio de cultura não seletivo e indicador que possibilita o crescimento de bactérias Gram positivas e Gram negativas e permite a diferenciação entre as bactérias que utilizam ou não a lactose.

É um meio de cultivo que não possui sal na sua composição e essa deficiência de eletrólitos permite que cresçam as bactérias do gênero Proteus sem a formação de véu, ou seja, como colônias isoladas. Os componentes utilizados como fonte de carbono para as bactérias são a lactose e a cistina. O corante azul de bromotimol permite identificar a utilização ou não da lactose.

A utilização da lactose resulta na formação de ácido láctico, com diminuição do pH do meio e mudança do corante de azul para amarelo. As bactérias que não utilizam a lactose usam a cistina como fonte de carbono, resultando na produção de compostos orgânicos que alcalinizam o meio. Deste modo, colônias com bactérias que utilizam a lactose adquirem a cor amarela. As colônias de bactérias que não utilizam a lactose podem se apresentar na cor azulada.

Agar Sangue

Meio de cultura não seletivo e indicador, que possibilita o crescimento de microrganismos Gram positivos e negativos e permite identificar as bactérias que produzem ou não hemólise. O meio é preparado dissolvendo o Agar base, conforme as instruções do fabricante, com adição de 5% de sangue desfibrinado de carneiro ou cavalo em temperatura de aproximadamente 40ºC.

A hemólise causada por bactérias é conseqüência do rompimento dos eritrócitos presentes no sangue. Quando ocorre hemólise, a hemoglobina, uma proteína presente no interior dos eritrócitos, é liberada no meio e dissociada em globina e no grupo heme. Algumas bactérias possuem a capacidade de degradar o grupo heme, formando hemólise ao redor da colônia com diferentes intensidades. Como a degradação do grupo heme só é possível com a hemólise do eritrócito, essas bactérias são chamadas de hemolíticas.