A Fraqueza Muscular no Paciente Hospitalizado
Por: Erica Rodrigues • 11/8/2023 • Resenha • 1.912 Palavras (8 Páginas) • 119 Visualizações
Fraqueza Muscular no Paciente Hospitalizado
Pacientes críticos internados em unidade de terapia intensiva (UTI) frequentemente desenvolvem fraqueza muscular, e esse fato está associado com o tempo de ventilação mecânica, tempo de permanência na UTI, prejuízo do estado funcional contribuindo para aumento da mortalidade.
A fraqueza muscular nas UTis está diretamente relacionada com a síndrome do imobilismo que é o estado em que o indivíduo vivencia limitações ao movimento, decorrente de um desequilíbrio entre o repouso e atividade física.
A fraqueza muscular, atualmente denominada neuromiopatia é caracterizada como uma anormalidade eletrofisiológica muscular, na qual se observa a perda de excitabilidade nervosa, acomete tanto a parte motora como sensitiva, incluindo necrose aguda do filamento muscular e atrofia das fibras musculares tipo 2. Pode ser diagnosticada em intervalo de 2 a 5 dias em pacientes internados na UTI.
Hoje se sabe que a cada semana de repouso no leito o paciente pode perder de 10 a 15% da sua força muscular inicial, e que após três a cinco semanas esta perda pode aumentar até 50%.
Essas disfunções são na maioria das vezes como permanentes, ou seja, mesmo após a alta hospitalar, as alterações de massa muscular podem perdurar até um ano após a internação, prejudicando diretamente as atividades de vida diárias com consequente impacto na qualidade de vida.
Efeitos adversos do repouso prolongado no leito, nos diferentes sistemas:
Musculoesquelético |
• Diminuição da síntese proteica muscular • Atrofia muscular e diminuição da massa magra muscular • Diminuição da força muscular • Diminuição da tolerância ao exercício • Encurtamento do tecido conjuntivo e contraturas articulares • Diminuição da densidade óssea |
Pulmonar |
• Atelectasia • Pneumonia • Diminuição da pressão inspiratória máxima e capacidade vital forçada |
Cardiovascular |
• Intolerância ortostática • Diminuição do débito cardíaco, volume sistólico e resistência vascular periférica • Comprometimento da função microvascular • Diminuição da resposta cardíaca à estimulação do seio carotídeo |
Endócrino e metabólico |
• Diminuição da sensibilidade da insulina • Diminuição da aldosterona e atividade da renina plasmática • Aumento do peptídeo natriurético atrial |
Etiologia da neuromiopatia
É multifatorial sendo as principais delas a Síndrome da Resposta Inflamatória Sistémica (SIRS) assim como a sepse, fatores dos quais levam a um estado hipercatabólico do músculo esquelético conduzindo a uma disfunção neuromuscular como a perda de força e de massa muscular, com perda de funcionalidade. Essa perda de força e massa muscular pode estar associada com o desequilíbrio entre a síntese e a degradação proteica muscular. Já está estabelecido que na SIRS/sepse ocorre a liberação de diversos mediadores inflamatórios, onde interleucinas e fator de necrose tumoral (TNF-a) são os principais.
Entre as medicações usadas na UTI, os bloqueadores neuromusculares e corticóides quando utilizados por muito tempo promovem efeitos mio-tóxico, favorecendo o catabolismo muscular, ou seja, a degradação da massa muscular na tentativa de obtenção de energia.
Outro fator que favorece a neuromiopatia é a idade do paciente.O envelhecimento já propicia a alteração da fibra muscular,ou seja, o paciente tem uma pré- disposição a alterações na disposição das fibras com maior indução a lesão. Este, quando associado ao imobilismo leva a diminuição da capacidade de captação do oxigênio alterando ainda mais, a forma do filamento de miosina, transformando assim, as fibras musculares lentas em rápidas.
Pacientes graves internados na UTI podem ter a necessidade de utilizar a ventilação mecânica invasiva. A associação da ventilação mecânica invasiva com os efeitos do imobilismo resulta em perda das fibras musculares, com consequente diminuição da força muscular periférica e respiratória.
Outro fator é o status nutricional dos pacientes. Pacientes críticos comumente recebem menos de 60% do valor nutricional adequado durante a permanência na UTI, o que consequentemente acarreta má nutrição que pode estar ligado à dificuldade de aceitação da dieta enteral e intercorrências clínicas, a má nutrição resulta em uma significativa perda protéica com consequente perda de massa muscular.
Mecanismos e consequências da neuromiopatia no doente crítico:
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NO QUADRO ONDE ESTÁ ESCRITO: MENOR QUALIDADE DE É (MENOR QUALIDADE DE VIDA).
COMO DIAGNOSTICAR A NEUROMIOPATIA DO PACIENTE INTERNADO?
Realizar uma criteriosa avaliação para o diagnóstico correto e precoce.
O Gold Standart (padrão ouro) para diagnosticar a neuromiopatia do doente crítico é o Score- MRC (Medical Research Council), que avalia o grau de fraqueza muscular periférica. Este é composto por uma pontuação total de 60, dividida entre as principais articulações do corpo. Deve-se considerar um valor de MRC desfavorável quando o mesmo apresentar-se ≤ 48 caracterizando fraqueza muscular significativa - neuromiopatia do doente crítico e quando ≤ 36 - neuromiopatia do doente crítico severa.
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