Diagnóstico Laboratorial do Infarto Agudo do Miocárdio
Por: Fernando couto stande • 13/10/2019 • Trabalho acadêmico • 2.562 Palavras (11 Páginas) • 412 Visualizações
Centro Universitário Saúde ABC – FMABC
Letícia Rosa Machado- RA: 041382
Disciplina de Bioquímica
1°Ano Fisioterapia – Noturno
Diagnóstico Laboratorial do Infarto Agudo do Miocárdio
Santo André, 2019
Sumário
- Princípios do diagnóstico laboratorial
- Componentes líquidos do sangue: definição do soro e plasma
- Presença de enzimas no sangue: enzimas normais e enzimas aumentadas em decorrência de doenças
- Marcadores bioquímicos do infarto agudo do miocárdio no sangue
- Troponinas cardíacas cTnI cTnT : função celular e estrutura; distribuição nos órgãos; presença no sangue após IAM; especificidade e sensibilidade no diagnóstico do IAM
- Creatina quinase : função celular e estrutura, isoenzimas da CK; distribuição nos órgãos, exame de CK – total e CK-MB no sangue após IAM, especificidade e sensibilidade no diagnóstico do IAM.
- Mioglobina: função celular e estrutura, presença no sangue após IAM, distribuição nos órgãos; especificidade e sensibilidade no diagnóstico do IAM
- Ordem de aparecimento dos principais marcadores no sangue após IAM
- Marcadores não específicos no iam: lactato desidrogenase ( LDH ) , asparto aminotransferase ( AST); alanina aminotransferase ( ALT)
- Principio do diagnóstico laboratorial
1.1 Definição do soro e plasma
O plasma é um dos componentes do sangue, e sua composição é de aproximadamente 90% de água, além de proteínas, sais, lipídios, hormônios e vitaminas.
As proteínas são um dos componentes mais importantes e possuem relação com processos importantes do organismo. Pode-se citar 3 tipos de proteínas principais: Albuminas, Globulinas e Fibrinogênio. A proteína albumina é a mais presente no plasma sanguíneo e tem a função de atuar na manutenção da pressão osmótica do sangue, controle de pH, no transporte de hormônios produzidos pela tireoide, etc. A proteína globulina está presente aproximadamente 37% no plasma e possuem imunoglobulina e anticorpos que são de grande importância para o sistema imunológico do ser humano. E por fim, a proteína Fibrinogênio, que age no processo de coagulação sanguíneo, evitando possíveis hemorragias já que acaba estancando o sangue. É importante destacar que grande parte das proteínas são sintetizadas no fígado.
Além de todas as funções das proteínas que foram citadas anteriormente, referente ao plasma sua principal função é assegurar o transporte de substâncias pelo corpo, como gases e nutrientes. Como exemplo, pode-se mencionar o gás carbônico, que se origina na respiração celular, é transportado e dissolvido no plasma, garantindo seu transporte até o pulmão para que logo após seja eliminado.
Em questões laboratoriais, quando a análise for referente ao plasma, a amostra sanguínea deverá ser colhida em um tubo de ensaio que contenha anticoagulante, que irá impedir a formação de coágulos.
Enquanto o plasma sanguíneo apresenta fibrinogênio, que está relacionado com o processo de coagulação, no soro, essa proteína está ausente. Na realização de exames de sangue, é necessário separar os elementos celulares do plasma. Por intermédio da centrifugação, é possível realizar essa separação e obter o soro. Durante esse processo, que é feito sem uso de anticoagulante, o fibrinogênio é consumido, formando um coágulo e separando a parte líquida (soro). Assim sendo, o soro nada mais é do que o plasma sem fibrinogênio.
Dependendo da análise o exame poderá ser realizado no sangue total (exemplo: Hemograma); no plasma (exemplo: glicose, provas de coagulação) no soro (exemplo: bioquímicos e sorológicos). Quando a análise for realizada no soro, este será obtido através da coleta em tubo sem anticoagulante (=seco), para que ocorra o processo de coagulação. Quando se pretende fazer a análise no plasma, a amostra deverá ser colhida em tubo de ensaio contendo anticoagulante específico. Neste caso não ocorre a coagulação, pois o anticoagulante irá inibir um dos fatores da coagulação (geralmente cálcio) impedindo assim a formação do coágulo.
- Presença de enzimas no sangue: enzimas normais e enzimas aumentadas em decorrência de doenças
eatino Kinase (CK)
É uma enzima citoplasmática e mitocondrial que cataliza a fosforilação reversível da creatinina com formação de ATP. A CK é composta de duas subunidades (M e B) que se combinam em três tipos: MM, MB e BB que são encontradas em maior proporção respectivamente, no musculoesquelético, cardíaco e nos tecidos. Elevações de MM são encontradas nas disfunções tireoideanas e BB nas doenças gastrointestinais, adenomas, carcinomas, doenças vasculares, autoimunes e cirrose. Portanto, a sua elevação não significa necessariamente Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). A associação clínica com ECG e outras provas laboratoriais aumentam o seu valor diagnóstico no IAM. A elevação do CK Total ocorre 4 a 8 horas após o início da dor peitoral, tendo o seu pico máximo de 12 a 24 horas, retornando ao normal em 3 a 4 dias.
Os níveis aumentados podem indicar: infarto do miocárdio, lesão da musculatura cardíaca ou esquelética, doença muscular cardíaca congênita, acidente vascular cerebral, injeções intramusculares, hipotireoidismo, doenças infecciosas, embolia pulmonar, hipertermia maligna, convulsões generalizadas, neoplasias de próstata, vesícula e trato gastrintestinal.
Considerando as limitações da CK total, o CKMB é um marcador mais específico para detecção de lesões no miocárdio, pois 25 a 46% da concentração desta enzima encontram-se no músculo cardíaco e apenas 5% no musculoesquelético. Elevações de CKMB ocorrem de 2 a 6 horas após as manifestações cardíacas, com pico máximo em torno de 24 horas, retornando ao normal dentro de 48 horas. Precocidade de sua detecção e maior especificidade faz com que ela seja o marcador de escolha em relação ao CK Total.
CK-MB
É uma isoenzima da creatina fosfoquinase (CPK) que corresponde à enzima liberada pelo músculo cardíaco. Esta enzima eleva-se quando ocorre isquemia em uma determinada região do músculo cardíaco. No infarto agudo do miocárdio os valores de CK-MB podem estar superiores a 16 U/L e entre 4% a 25% do valor de CPK total. A interpretação dos resultados pode ser a seguinte:
Valores de CK-MB acima de 16 U/L, mas inferiores a 4% do valor do CPK total podem sugerir lesão de musculoesquelético;
CK-MB acima de 25% do valor do CPK total pode indicar presença de isoenzima, nesse caso o indicado é dosar o CK-MB por meio de metodologias alternativas, como no caso do CK-MB por quimioluminescência. A interpretação deste exame é a seguinte: o CK-MB encontra-se predominantemente no músculo cardíaco, sendo responsável por aproximadamente 10 a 40% das miocardites. Os danos no miocárdio originam a liberação transitória de CKMB para a circulação. Esse aumento de CKMB atinge o auge entre 12 e 24 horas, depois regressa ao normal dentro de 48 a 72 horas.
CK-MB massa
Enquanto na dosagem de CK-MB é determinada a atividade da enzima, o teste de CK-MB massa detecta sua concentração, independentemente de sua atividade, o que torna o CK-MB massa mais confiável que os testes de CK-MB atividade. Dessa maneira, o CK-MB massa apresenta melhor sensibilidade analítica, pois detecta enzimas ativas e inativas.
A sensibilidade analítica também aumenta, já que pode detectar lesões no miocárdio 1 a 2 horas antes do CK-MB. A menor incidência de resultados falso-positivos ocorre devido ao fato de o teste não sofrer interferência de outras enzimas com atividade semelhante. Na prática laboratorial podem-se encontrar valores de CK-MB maiores que CK total, isso ocorre devido a formas macromoleculares da enzima (macro-CK), que levam a resultados falso-positivos em ensaios de CK-MB.
Por meio de alguns exames de sangue é possível detectar tanto um risco para doença arterial coronariana como a presença de doença arterial coronariana. No primeiro caso, certas substâncias são dosadas e quando estão acima dos valores normais indicam um risco para desenvolver a doença arterial coronariana e, no segundo caso, algumas substâncias chamadas de enzimas, quando aumentadas, indicam dano ou isquemia no miocárdio. A seguir serão apresentados os exames laboratoriais mais comumente realizados na avaliação do risco para doença arterial coronariana.
Troponina T
É um exame que começa a ser muito utilizado no diagnóstico do infarto agudo do miocárdio. Esta enzima é liberada no sangue a partir de 2 a 8 horas após a lesão do miocárdio. Os valores se elevam por um período de 2 horas a 14 dias após o infarto. O resultado positivo significa que a concentração de Troponina T contida na amostra supera o valor de sensibilidade do teste, que é 0,1 ng/ml. Entretanto, o resultado negativo não permite excluir com segurança um infarto do miocárdio nas primeiras 8 horas após a aparição dos primeiros sintomas. Se a suspeita persistir, o exame deve ser repetido em intervalos apropriados.
Pode-se utilizar uma ampla gama de exames e procedimentos para a realização de diagnósticos rápidos e precisos. A tecnologia inclui as mensurações elétricas, os estudos radiográficos, a ecocardiografia, a ressonância magnética (RM), a tomografia por emissão de pósitrons (TEP) e o cateterismo cardíaco. A maioria dos procedimentos diagnósticos cardíacos apresenta apenas um risco mínimo, mas esse aumenta de acordo com a complexidade do procedimento e a gravidade da cardiopatia subjacente.
Nos casos do cateterismo e da angiografia cardíacos, a probabilidade de uma complicação grave – como acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio ou morte – é de 1:1.000. Os testes de esforço apresentam risco de infarto do miocárdio ou de morte de 1:5.000. Virtualmente, o único risco dos estudos com radionuclídeos é originário da diminuta dose de radiação recebida pelo paciente, que é inferior à radiação recebida pelos indivíduos na maioria das radiografias.
Colesterol Total
Esse é um exame que determina a dosagem total de colesterol no sangue. A unidade de medida é em miligramas por decilitro de sangue (mg/dl). As frações são exames específicos. Abaixo estão os valores para o colesterol e as suas frações.
TGO - Transaminase glutâmico oxaloacética
No infarto agudo do miocárdio o aumento do TGO está ligado à necrose de células miocárdicas. A elevação é geralmente moderada, chegando a atingir 10 vezes o limite superior normal. A elevação da TGO aparece entre a sexta e a décima segunda hora após o episódio de dor, atinge seu nível máximo em 24 a 48 horas e o seu retorno ao normal se processa entre o quarto e o sétimo dia após o episódio de dor.
TGP - Transaminase glutâmica-pirúvica
Nos pacientes com infarto do miocárdio seus níveis de elevação sérica são leves ou ausentes. Entretanto, na insuficiência cardíaca ou no choque com necrose hepática presente pode-se ter níveis elevados. A aplicação principal da determinação desta enzima sérica está no diagnóstico da destruição hepatocelular.
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