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DUODENO E FAMILIA

Por:   •  15/3/2016  •  Artigo  •  5.871 Palavras (24 Páginas)  •  403 Visualizações

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Introdução

 Na superfície do globo terrestre a família Ancylostomidae é encontrada em algumas partes da zona tropical e subtropical. Em países frios, esses helmintos encontram certas condições favoráveis para seu desenvolvimento extra corporal, como túneis, minas de carvão, etc. Razão pela qual a infestação alcança lugares muito setentrionais, como o norte da Europa, onde normalmente as espécies, Necator americanus e Ancylostoma duodenale, são encontradas. Já em certas regiões da América o Necator é predominante, entre as subfamílias são conhecidas cerca de oito espécies e descritas inicialmente por Stiles com o nome de Uncinária americana que julgou tratar-se de um verme congênere da Uncinaria stenophala, um parasita de cães na Europa. Contudo verificou-se posteriormente que a espécie não estava em um gênero apropriado criando-se então o gênero Necator americanus, denominação também imprópria, pois sua origem foi importada do continente africano. Já esta espécie não ocorre entre os índios paraguaios cuja predominância é o Ancylostoma. Na Costa Rica, Schapiro e Nauck, (1931), (apud PESSÔA, 1977, p.503), “demonstraram que havia proporções iguais das duas espécies. Na Europa predominava o Ancilóstomo, no Egito encontravam-se também as duas espécies”.

 No Brasil, os mesmos são encontrados em lugares habitados por imigrantes japoneses e europeus, sendo que praticamente todo o território nacional é assolado por essa verminose, excetuando-se locais de maior altitude e alguns centros urbanos cujo poder aquisitivo e cultural é mais desenvolvido. Ao contrário do que ocorre nestas últimas áreas, a verminose, no litoral, se apresentava com uma incidência muito maior devido ao clima mais quente e maior umidade relativa do ar, já não ocorrendo no nordeste devido ao clima semiárido e o solo que não se presta para o desenvolvimento das larvas no meio externo. Em serras e vales onde o clima é úmido e a população se condensa mais, a infecção por esses helmintos atinge proporções calamitosas, tanto em número de indivíduos infectados como o número de vermes albergados. Portanto, muitas são as consequências que a Necatoriose e a Ancilostomose, ou pela associação de ambas, podem provocar na vida cotidiana do homem comum, trazendo sofrimento ante a dificuldade ou impossibilidade de enfrentar as lutas diárias que a vida impõe. Em algumas regiões onde só o Necator infecta o homem, é também usado o termo necatoríase, que possui significado igual à ancilostomíase, pela razão de semelhança dos quadros clínicos nas duas parasitoses. Existem outros nomes usados tais como uncinariose, anemia tropical e hipoemia intertropical, sendo popularmente conhecido como “amarelão”, “doença do jeca-tatu”, “mal-da- -terra”, “anemia-dos-mineiros” ou “opilação”.

Durante muito tempo houve na Europa um tipo de anemia entre os mineiros, sendo esclarecida só depois que Dubini (1838) conseguiu deparar-se com esses vermes autopsiando uma milanesa. Porém o problema perdurou sem obter muita atenção até que epidemias resultaram em mortes entre trabalhadores nos Alpes italianos e entre carvoeiros da Espanha. Quase ao finalizar o século XIX, Looss, (1898) descobriu o modo de transmissão desse helminto, podendo-se então iniciar uma campanha onde o problema foi solucionado nas regiões mais desenvolvidas economicamente, e reduzindo seus danos em outras áreas sem, contudo, haver erradicado o problema. A razão desse insucesso foi devido ao observar-se a ancilostomose como uma doença isolada, sendo que o atraso social e econômico de grandes populações humanas possibilitou o avanço desta parasitose. Segundo o autor Neves (2006, p. 309): Esses helmintos, tanto o Ancylostoma duodenale como o Necator americanus, cuja significação dos nomes é respectivamente “boca curva” no duodeno e “matador das Américas”; continuam representando um grande problema de saúde pública, porque causam mais de 65 mil mortes, anuais, além de graves sequelas em jovens ou crianças parasitadas.

Dados da Literatura

 Desde os tempos antigos é conhecida uma doença que se caracteriza por uma forte anemia, debilidade e insuficiência cardíaca, que já era registrada no Egito antigo através da leitura de papirus de médicos egípcios por volta de 1.600 a.C. Nas populações pré-incaicas foi apontado, em múmias, a presença do Ancylostoma duodenale e Trichiuris trichiura, havendo a possibilidade dessa cultura ter chegado às Américas, atravessando a Sibéria e América do Norte; assim como o Necator americanus que parece ter tido origem na África chegando na América com o tráfico de escravos negros. Já no século 10 de nossa era, o médico persa Avicenna foi o primeiro a observar a presença de vermes em pessoas doentes e a responsabilizar os mesmos pela moléstia registrando tais fatos que infelizmente caíram no esquecimento. Na Europa, há muito tempo já se conhecia um tipo de enfermidade denominada anemia dos mineiros, denominação essa que tomava nomes próprios nos diferentes países do mundo. Assim, no Egito, tal enfermidade era conhecida como anemia do Egito ou clorose, no Brasil, como dito anteriormente, amarelão, etc. O médico e pesquisador Griesinger, em 1851, foi o primeiro a provar que o ancilóstomo era a causa da clorose no Egito, encontrando-o em algumas necropsias que nas quais apontou pequenos pontos hemorrágicos produzidos pelos helmintos na mucosa intestinal. Infelizmente os médicos europeus pouco deram atenção ao seu trabalho, porém no Brasil dois médicos notáveis defendiam sua doutrina. O primeiro deles, Otto Wucherer, na Bahia, escreveu e publicou vários estudos sobre o ancilóstomo do primeiro pesquisador Dubini, já citado anteriormente, e sua estreita relação com a anemia dos mineiros. O segundo, o médico não menos notável, Rodrigues de Moura quando ainda estudante, em 1875, defendeu as pesquisas de Griesinger e sugeriu a hipótese da penetração das larvas pela pele do hospedeiro que, logo em seguida foi confirmada por Looss. Deve-se notar também que este grande pesquisador comprovou a existência do Ancylostoma ceylanicum em 1911; semelhante ao Ancylostoma duodenale difere-se principalmente na morfologia de sua cápsula bucal que é constituída por dois pares de dentes ventrais, sendo um par bem desenvolvido e outro de dentes minúsculos. Este verme que parasita cães e gatos pode também acometer seres humanos sendo apontados casos inclusive no Brasil. Após os estudos deste último, observou-se que ditas larvas ao penetrarem na pele do infectado, cujo objetivo é chegar ao intestino, provoca um prurido intenso simulando sarna. Contudo, só foi durante o aparecimento de muitos casos de anemia mortífera, junto aos trabalhadores do túnel de São Gotardo, em 1880, que a medicina européia passou a dar importância ao verme como um agente patogênico. Stiles, médico norte americano, em 1902, então responsável pela profilaxia da ancilostomose no sul dos Estados Unidos, onde tal enfermidade devastou aproximadamente 2 milhões de habitantes, verificou que o agente causador naquela região era diferente do ancilóstomo e o descreveu com o nome de Necator americanus. Observou-se depois que este último era mais espalhado que o Ancylostoma duodenale e que fora importado pela imigração européia. Muitas pesquisas foram feitas em seguida, principalmente sobre o tratamento e profilaxia desta verminose por pesquisadores da Fundação Rockfeller, que orientaram a profilaxia em muitos países de zona intertropical. De acordo com Raphael (1983, p. 637), “o Ancylostoma duodenale é a principal causa da ancilostomose no Hemisfério Oeste, mas ocorre caso ocasional de infestação nas Américas”. Nos países de clima frio, esses vermes podem ser encontrados em algumas condições que lhe favorecem seu desenvolvimento extra corporal tais como túneis e minas de carvão. Sendo assim, a enfermidade alcança lugares mais longínquos como a Bélgica e Cornwall onde as duas espécies são encontradas. Em algumas regiões da América encontramos quase que exclusivamente o Necator americanus; porém na América do Sul, entre os índios paraguaios, encontrou-se a predominância do Ancylostoma duodenale. Na Costa Rica é encontradas as duas espécies na mesma proporção, porém, na Europa predomina o ancilóstomo; cuja infecção é intensa no Egito. Na Índia são encontradas as duas espécies. No Brasil, os ancilóstomos são encontrados em lugares habitados por imigrantes europeus e japoneses, cuja infecção é também vista em todos os habitantes de quase toda zona rural brasileira. No Estado de São Paulo, em regiões como Araraquara e Mogi Mirim a maioria dos trabalhadores rurais estão parasitados assim como na capital. Como se observa, esta verminose representa um grande problema de saúde pública, pois existem mais de 1 milhão de pessoas parasitadas no mundo em sua maioria jovens, com mais de 60 mil mortes por ano e consequentemente a graves sequelas, principalmente em crianças parasitadas e jovens adolescentes.

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