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RESENHA DO LIBRO: A ÚLTIMA CEIA - POR UMA DIETÉTICA POLIFÔNICA

Por:   •  10/6/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.206 Palavras (5 Páginas)  •  409 Visualizações

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A ÚLTIMA CEIA: POR UMA DIET(ÉTICA) POLIFÔNICA

PINTO, V. L. X. A última Ceia: por uma diet(ética) polifônica. Natal: Sebo Vermelho, 2000.

O livro da Professora Doutora Vera Lucia Xavier Pinto, traz um conjunto de ideias que complementam o cenário da cultura alimentar, conseguindo transcender a questão da educação da alimentação e cultura.

        A narrativa está organizada de forma a facilitar a compreensão do leitor, o mesmo apresenta-se dividido em duas partes, sendo a primeira intitulada de “Seis personagens a procura de um sabor” e a segunda de “A festa de Babel”. A primeira parte inicia-se na página de número 75 e vem a finalizar na página de número 127, onde posteriormente já inicia-se a segunda parte que vem a pôr fim na página 190. Podemos concluir a partir da análise que a primeira parte possui onze capítulos, demarcados por um símbolo indicador e separador dos capítulos, já a segunda parte possui oito capítulos, também demarcados por um símbolo, seguindo o padrão do material em questão. Logo após a página 190 temos as páginas referentes as notas (191-216), que têm por finalidade indicar textos paralelos, enfatizando citações ou referenciando trechos de obras citadas no material. A bibliografia (217-226) contém 10 páginas, o material finaliza com a apresentação das intervenções literárias. Ao todo o material possui cerca de 157 páginas.

        Em meio a diversos autores de peso e expressivos para a cultura e sua expressividade na alimentação que o livro relata, podemos destacar Luís da Câmara Cascudo, que nasceu em 1898, na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, formado em Direito pela Faculdade de Recife. O mesmo atuou em diversas áreas ao longo da vida e foi pioneiro ao inaugurar um novo campo de estudo, a alimentação como uma das esferas mais expressivas da cultura. Em uma de suas obras, História da Alimentação no Brasil, podemos constatar um panorama vasto acerca das práticas alimentares dos brasileiros, relatando a contribuição de diversos povos como os indígenas, africanos e portugueses, para a formação da cozinha nacional. Esse material de Câmara Cascudo é um dos utilizados pela autora do livro A última ceia.

        Também destaca-se o antropólogo, professor e filósofo francês Claude Lévi-Strauss, um dos grandes intelectuais do século XX, utilizado pela autora Vera Lucia Pinto em sua obra. Este utiliza os alimentos e as práticas culinárias como o pano de fundo para um estudo aprofundado sobre cultura, especificamente sobre os indígenas. Em muitas de suas obras Lévi-Strauss utiliza a natureza, a cultura e a alimentação como assuntos interligados, vale ainda ressaltar que ele foi o responsável por criar o “Triângulo Culinário”, no qual explicita as relações de transformação do alimento através do tripé: cru, cozido, podre. Assim, o alimento cru (natural), passa pelo fogo e torna-se cozido (cultural) e então por influências diversas apodrece e retorna à natureza.

        O livro possui como conteúdo central a preparação para um jantar e todo o processo no qual se inclui, relacionando também a alimentação e cultura, já que cada participante da preparação oferece os seus dotes culinários seguindo seus costumes e tradições peculiares. Quando Da Matta diz: “Toda substância nutritiva é alimento, mas nem todo alimento é comida” ela introduz um conceito bem claro do papel da cultura na alimentação, onde o que se come, quando, com quem, por que e por quem é determinado culturalmente, transformando o alimento (substância nutritiva) em comida. E são essas as relações trazidas pelo material, relatando um aspecto marcante no estabelecimento de diferenças e semelhanças culturais entre os povos, que é o hábito alimentar.

Esse padrão está relacionado aos recursos ambientais e econômicos, mas também aos nutrientes. A alimentação não envolve apenas aspectos biológicos e fisiológicos, mas também pode envolver aspectos econômicos, sociais, científicos, políticos, psicológicos e culturais fundamentais na dinâmica da evolução das sociedades. Para o banquete que seria a vir servido no jantar houve uma espécie de seleção do aplicável para ocasião com a mistura dos gostos e hábitos alimentares de cada personagem. Para Fischler "a variedade de escolhas alimentares humanas procede, sem dúvida, em grande parte da variedade de sistemas culturais: se nós não consumimos tudo o que é biologicamente ingerível, é por que tudo o que é biologicamente ingerível não é culturalmente comestível" (2001). Essa reflexão torna-se marcante quando tratamos de alimentação e sua expressão na cultura humana, pois se vê notoriamente a dispersão dos palatos em cada um dos personagens, dimensionando até sua localidade e origem.

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