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AVARIAÇÃO DA QUANTIDADE E QUALIDADE DE SEMENTES DE QUATRO ESPECIES DE MYRTACEA EM RELAÇÃO A DISTÂNCIA DA PLANTA MÃE EM FLORESTA OMBRÓFILA MISTA, CAMPOS DE JORDÃO, SP

Por:   •  5/11/2017  •  Projeto de pesquisa  •  2.942 Palavras (12 Páginas)  •  401 Visualizações

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VARIAÇÃO DA QUANTIDADE E QUALIDADE DE SEMENTES DE QUATRO ESPECIES DE MYRTACEA EM RELAÇÃO A DISTÂNCIA DA PLANTA MÃE EM FLORESTA OMBRÓFILA MISTA, CAMPOS DE JORDÃO, SP.

  1. Introdução
  1. Problema da pesquisa

Conforme Maack (1950) citado por J. de D. Medeiros et al. (2005), a área original de Floresta Ombrófila Mista, era de aproximadamente 200.000 km². Hoje existe quase 1% de remanescentes representados por fragmentos, em geral, pequenos e dispersos. Estimase que os remanescentes de Floresta Ombrófila Mista, nos estágios primários ou mesmo avançados, não perfazem mais de 0,7% da área original (MEDEIROS et al. 2005), o que a coloca entre as tipologias mais ameaçadas do bioma Mata Atlântica.

  1. Justificativa  

É de extrema importância que se tenha o conhecimento da fenologia de árvores de Mata Atlântica de maneira que o estudo em áreas silvestres não alteradas é elementar para atingir tal compreensão, concedendo maior visão a investigações com ênfase no comportamento ecológico dos indivíduos do ecossistema. (CALDATO et al., 1996). Uma das fases de maior importância para a dinâmica de florestas tropicais é o processo de dispersão e recrutamento de plântulas.

Janzen (1970) e Howe (1993) citados por STEFANELLO et al. (2010) formulam que o processo de dispersão de sementes é crucial para a reprodução das plantas, pois a semente deve chegar a um local propício para germinar, suficientemente longe da plantamãe, a fim de escapar da competição e também de predadores de sementes e plântulas que ficam nas proximidades dela, mas não tão longe ao ponto de chegar em um local onde as condições não sejam adequadas para se estabelecer.

  1. Objetivo  

O objetivo do presente trabalho é investigar, por meio de coletores de chuvas de sementes, a hipótese de quanto mais próximo da planta-mãe, maior é a quantidade de sementes, em contrapartida, quanto mais distante da planta-mãe, a semente terá maior qualidade pois teria melhores mecanismos de dispersão. Será avaliado esta hipótese para quatro espécies de Myrtaceae diferentes em Floresta Ombrófila Mista.  

2. Referencial Teórico.

A Mata Atlântica é umas das regiões mais importantes do mundo quando se trata de conservação de Biodiversidade. Originalmente se estendia por 1,3 milhões de quilômetros quadrados cobrindo 17 estados do Brasil, hoje possui apenas 26% da cobertura original, mas apenas 8% encontra-se bem preservados (Cunha et al.2013). As diferentes formações florestais fazem da Mata Atlântica um complexo mosaico com diversos ecossistemas associados, como restinga manguezais e florestas de altitudes (Cunha et al.2013).

No sudeste brasileiro estende-se a Floresta Ombrófila Mista (FOM) que é um tipo de vegetação do Planalto Meridional com a ocorrência marcante da espécie Araucaria angustifólia. Esta fitofisionomia apresenta disjunções florísticas em refúgios situados nas Serras do Mar e Mantiqueira (IBGE, 2012). O clima do planalto é caracterizado por temperaturas médias anuais de 14,3ºC (1973/1978) e precipitação anual entre 1205 e 2800mm (MODENESI-GAUTTIERI e HIRUMA, 2004). A exploração intensiva de madeiras de grande valor econômico de espécies como Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro), Ocotea porosa (imbuia), Luehea divaricata (açoita-cavalo) e Cedrela fissilis (cedro) reduziu as reservas naturais da FOM(NASCIMENTO; LONGHI; BRENDA, 2001).  

A dispersão de sementes é um processo fundamental na dinâmica florestal. A chegada de diásporos de diferentes espécies, e seu posterior estabelecimento, irão direcionar o desenvolvimento sucessional e as mudanças na comunidade segundo (PIVELLO 2006). O tipo e o tamanho dos diásporos, bem como seus principais agentes dispersores, constituem fatores fundamentais na chegada e no estabelecimento das plantas. As síndromes de dispersão predominantes na comunidade permitem inferir sobre a estrutura da vegetação, seu estádio sucessional e seu grau de conservação. (PIVELLO, 2006).

Plantas tropicais tem sua reprodução dependente da interação com agentes polinizadores e/ou dispersores de sementes. A dispersão pode ser classificada de acordo com os agentes, como o vento (Dispersão Anemocoria), a água (Hidrocória), a gravidade (Barocoria), mecanismos da própria planta (Autocórica) e a mais comum por animais (Zoócorica). Em contrapartida, as plantas irão fornecer recursos alimentares para seus animais dispersores tais como: pólen, néctar, óleo, frutos e sementes com polpas suculentas e nutritivas (Morellato e Leitão-Filho, 1992).

Um dos principais mecanismos naturais de regeneração que espécies tropicais recorrem é a chuva de sementes, que se compreende por qualquer fruto, sendo de uma árvore, arbusto, erva liana de uma floresta, os quais são dispersos tanto por animais ou pelo vento. Esse aglomerado de sementes situado no espaço da floresta é chamado de chuva de sementes, os quais dependem de fontes de propágulos autóctones e alóctones (GARWOOD, 1989 apud CALDATO et al. 1996; VIEIRA, 1996 apud ARAUJO et al. 2004). Apresentando-se como um sistema inicial da organização e da dinâmica de florestas tropicais, e por propiciar a interação do potencial demográfico das populações futuras, sua importância tem sido cada vez mais reconhecida (PIVELLO et al. 2006.)

Myrtaceae é uma família pantropical, que ocorre na região dos trópicos (Wilson et al. 2005) com aproximadamente 132 gêneros e 5760 espécies (Govaerts et al. 2015). As características principais da família são: folhas inteiras com glândulas de óleo, floema interno, pontuações guarnecidas nos vasos xilemáticos, ovários semi-ínfero a ínfero e estames geralmente numerosos (WILSON et al. 2001). No Brasil, é constituída por 23 gêneros e 990 espécies (Sobral et al. 2015). A tribo mais rica da família é a Myrteae (Lucas et al. 2005), encontrada em regiões tropicais e subtropicais, e atualmente está classificada em grupos informais ao redor dos gêneros Plinia L., Myrcia DC., Myrceugenia O. Berg, Myrteola O. Berg, Pimenta Lindl. e Eugenia L. (Lucas et al. 2007). Segundo Staggemeier, Morellato e Galetti (2007) as flores de Myrtaceae são polinizadas principalmente por abelhas e seus frutos carnosos são procurados por diversas espécies de frugívoros, sendo um importante recurso para a manutenção dos animais na Floresta Atlântica. A floração de Myrtaceae está intensamente relacionada com a temperatura sendo claramente sazonal, ocorrendo na maior parte do ano, exceto nos meses de julho e agosto. Já o padrão de frutificação não é sazonal, por conseguinte é possível encontrar frutos maduros durante o ano inteiro (Staggemeier, Morellato e Galetti, 2007).

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