Desnutrição Intra-hospitalar
Trabalho Universitário: Desnutrição Intra-hospitalar. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: thiagodimensao • 15/9/2014 • 1.221 Palavras (5 Páginas) • 1.034 Visualizações
Aspectos relevantes da desnutrição intra-hospitalar para os profissionais de enfermagem.
A desnutrição intra-hospitalar atinge cerca de 20 a 80% dos pacientes hospitalizados, podendo se desenvolver durante a internação, ou se agravar, quando o paciente já é admitido no hospital com algum grau de desnutrição. Ocorrendo em função da perda do apetite, e conseqüente diminuição da ingestão alimentar, depressão, mudança forçada nos hábitos e horários dos indivíduos, tendo como conseqüência, uma piora do estado geral do paciente e de sua resposta ao tratamento.
Os profissionais da equipe de saúde que trabalham na área de nutrição sabem do elevado índice de desnutrição intra-hospitalar que acomete pacientes em todo mundo. Sabem também da necessidade de se dar atenção ao estado nutricional do paciente, cuja meta é não deixar o paciente receber em quantidade, e qualidade, menor do que sua necessidade. Mas para o enfermeiro que trabalha em outras áreas, quais os conhecimentos mínimos que deve ter sobre o estado nutricional do paciente e que cuidados devem ser dispensados à no período de hospitalização, que possam contribuir para reduzir os níveis de desnutrição e melhorar a resposta ao tratamento?
A desnutrição pode ser classificada como Marasmo, Kwashiorkor e Kwashiorkor-marasmático:
O Marasmo é caracterizado como a perda de massa muscular e a depleção do conteúdo corporal de lipídeos. É a forma mais comum de desnutrição protéico-energética e é causada pela ingesta inadequada de nutrientes, especialmente calorias totais. Essas crianças demonstram, classicamente, constipação grave e são extremamente famintas quando do início da realimentação. O exame físico vai mostrar: peso e altura diminuídos para a idade, aparência de fraqueza, bradicardia, hipotensão, hipotermia, pele seca e fina, dobras cutâneas redundantes por perda do panículo adiposo, cabelo fino e esparso, de queda fácil.
O Kwashiorkor é caracterizado por atrofia muscular marcante, com gordura corporal total normal ou aumentada. Tem como causa a ingesta inadequada de proteínas, com conteúdo razoável de calorias totais ingeridas. A anorexia é quase universal. Os achados de exame físico incluem: peso e altura normal ou quase normal para a idade; anasarca; fascies em lua, edema com cacifo das extremidades e periorbital, lembrando a síndrome nefrótica; pele seca, fina, descamativa, com áreas confluentes de hiperpigmentação e hiperceratose, cabelo seco, hipopigmentado, de queda fácil; hepatomegalia (por esteatose hepática); abdome distendido, com alças intestinais dilatadas. A ingesta adequada de proteínas tende a restaurar a cor dos cabelos, resultando em um cabelo com partes hipopigmentadas intercaladas com áreas normopigmentadas
Kwashiorkor-marasmático: ingestão inadequada de todos os macronutrientes, que, subsequentemente, desenvolve doenças infecciosas comuns Nessas circunstâncias, pode-se desenvolver hipoalbuminenia e edema, devido à associação da perda aguda de nutrientes com a resposta inflamatória superimposta à depleção crônica de massa lipídica e muscular.
Na vigência de desnutrição, surgem alterações importantes na composição corporal, ocorrendo redução da massa de todos os órgãos, excetuando-se apenas o cérebro. Nos rins, ocorre atrofia tubular renal e edema do epitélio capsular, com conseqüente redução da taxa de filtração glomerular e poliúria; perda de massa intestinal, atrofia da mucosa e das vilosidades, comprometendo a absorção de nutrientes, além do crescimento excessivo das bactérias intestinais.
Como conseqüência da desnutrição intra-hospitalar, pode-se observar: tendência aumentada às infecções, diminuição da cicatrização de feridas, menor força tênsil nas suturas, hipoalbuminemia e edema, redução da mobilidade intestinal, fraqueza muscular, aumento da morbi-mortalidade, maior tempo de internação e aumento dos custos com o tratamento.
A desnutrição também provoca atrofia da musculatura acessória e do diafragma, que são catabolizados para fornecer energia, comprometendo a troca gasosa e a resposta neurogênica ventilatória à hipóxia e à hipercapnia (aumento de CO2 no sangue arterial), levando à insuficiência respiratória aguda, necessidade de ventilação mecânica e maiores riscos de pneumonias.
A digestão fica prejudicada, devido à menor produção de secreções do TGI, maior proliferação das bactérias intestinais (e maior risco de translocação bacteriana), e comprometimento das funções pancreática e biliar. Além da diminuição das vilosidades intestinais, hipomotilidade e perda de enzimas da borda em escova, provocando má absorção e diarreia, além de esteatose hepática.
Os tecidos linfóides atrofiam, aumentando as taxas de morbi-mortalidade por infecções oportunistas, e a cicatrização tornam-se bastantes prejudicadas, favorecendo a ocorrência de deiscências nas anastomoses e feridas cirúrgicas.
Entretanto, apesar do conhecimento da freqüência e das conseqüências da desnutrição hospitalar. Muitas vezes a terapia nutricional não é iniciada no momento adequado, e quando as funções de órgãos vitais, como intestino, coração e fígado estão reduzidos, as chances de recuperação são pequenas, pois neste estágio, já houve grande perda protéica nesses órgãos.
É sempre importante lembrar que desnutrição grave é uma condição séria, que pode impor ao paciente um sofrimento prolongado, pois afeta tanto o estado físico quanto o mental, provocando apatia e depressão, além de trazer maior custo para o hospital.
Por outro lado, a reabilitação de pacientes desnutridos é um processo mais longo que o processo de desnutrição,
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