Nanda Nic Noc
Trabalho Universitário: Nanda Nic Noc. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: michele1321 • 28/10/2014 • 1.432 Palavras (6 Páginas) • 525 Visualizações
Reforma Psiquiátrica e
política de Saúde Mental no BrasilRedução de leitos: cenários possíveis de médio e longo prazo
Estima-se que, até o final de 2006, os 6 macro-hospitais remanescentes tenham todos
reduzido significativamente seu leitos, para menos que 600 leitos. A redução global estimada é da
ordem de 2.500 a 3.000 leitos ao ano, sempre dos maiores para os menores hospitais. Assim, pode
projetar-se um cenário de menos de 30.000 leitos psiquiátricos convencionais, no total do país, para
os próximos 4 anos. É preciso, entretanto, ampliar o número de leitos psiquiátricos em hospitais
gerais (atualmente, 2.100 leitos), em unidades pequenas, de no máximo 15 leitos, especialmente
destinados ao atendimento de transtornos pelo uso de álcool e outras drogas. Um problema a ser
resolvido é a lenta implantação dos serviços CAPS III, que funcionam 24 horas e realizam
internações de curtíssima duração, e ainda não existem em todos os municípios acima de 200.000
habitantes, como é desejável.
Com a mudança do modelo assistencial, o Ministério da Saúde está substituindo o indicador
“leitos psiquiátricos por 1.000 habitantes” pelo indicador mais sensível e eficaz de “leitos de
atenção integral em saúde mental (LAI-SM) por 1.000 habitantes”, no qual estão incorporados,
além dos leitos de hospital psiquiátrico, aqueles disponíveis em hospitais gerais, unidades de
referência para álcool e outras drogas, emergências gerais e CAPS III. Alguns municípios de médio
e grande porte que estão resolvendo muito satisfatoriamente a questão da internação em psiquiatria
e a efetividade da rede extra-hospitalar (como Campinas, Santos e Santo André, em São Paulo;
Betim, em Minas Gerais, Sobral, no Ceará e Pelotas, no Rio Grande do Sul), têm funcionado bem
com cobertura de 0.18 a 0.25 leitos por 1.000 habitantes, o que mostra uma real substituição do
modelo hospitalocêntrico.
O maior problema, sem dúvida, está nos grandes municípios, com população acima de
500.000 habitantes (0,63% das cidades brasileiras), onde o papel do sistema de emergência
(SAMU-192) é essencial.
III - A rede de cuidados na comunidade
Importância dos conceitos de rede, território e autonomia na construção da rede
de atendimento
A rede de atenção à saúde mental brasileira é parte integrante do Sistema Único de Saúde
(SUS), rede organizada de ações e serviços públicos de saúde, instituída no Brasil por Lei Federal
na década de 90. O SUS regula e organiza em todo o território nacional as ações e serviços de saúde
de forma regionalizada e hierarquizada, em níveis de complexidade crescente, tendo direção única
em cada esfera de governo: federal, municipal e estadual. São princípios do SUS o acesso universal
público e gratuito às ações e serviços de saúde; a integralidade das ações, num conjunto articulado e
contínuo em todos os níveis de complexidade do sistema; a eqüidade da oferta de serviços, sem
preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; a descentralização político-administrativa, com
direção única do sistema em cada esfera de governo; e o controle social das ações, exercido por
Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional de Saúde, com representação dos usuários,
trabalhadores, prestadores de serviços, organizações da sociedade civil e instituições formadoras.
O princípio de controle social do SUS merece destaque, na medida em que impulsiona o
protagonismo e a autonomia dos usuários dos serviços na gestão dos processos de trabalho no
campo da saúde coletiva. Assim, os Conselhos e as Conferências de Saúde desempenham papel
fundamental na conformação do SUS, no ordenamento de serviços e ações e no direcionamento dos
recursos.
Compartilhando destes princípios, a rede de atenção à saúde mental, composta por Centros
de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), Centros de
Convivência, Ambulatórios de Saúde Mental e Hospitais Gerais, caracteriza-se por ser
essencialmente pública, de base municipal e com um controle social fiscalizador e gestor no
processo de consolidação da Reforma Psiquiátrica. O papel dos Conselhos Municipais, Estaduais e
Nacional de Saúde, assim como das Conferências de Saúde Mental, é por excelência garantir a
participação dos trabalhadores, usuários de saúde mental e seus familiares nos processos de gestão
do SUS, favorecendo assim o protagonismo dos usuários na construção de uma rede de atenção à
saúde mental. De fato, são as Conferências Nacionais de Saúde Mental, e em especial a III
Conferência Nacional de Saúde Mental, realizada em 2001, que consolidam a Reforma Psiquiátrica
como política oficial do SUS e propõem a conformação de uma rede articulada e comunitária de
cuidados para as pessoas com transtornos mentais.
Rede e Território
A construção
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