Normalmente identificamos Ética e Moral - Ethos (grego) e mores (latim)
Por: rochajrcr • 11/5/2016 • Trabalho acadêmico • 1.136 Palavras (5 Páginas) • 399 Visualizações
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ÉTICA E MORAL
Normalmente identificamos Ética e Moral - Ethos (grego) e mores (latim) - significando os costumes estabelecidos por uma sociedade, como normas, regras e valores que determinam o comportamento de seus membros.
Porém, há outra palavra grega, com grafia diferente, mas que no nosso alfabeto é "lida da mesma maneira: ethos, significando agora caráter, índole, temperamento, disposição física e psíquica individual. O ethos é a maneira pela qual o indivíduo realiza sua natureza própria e, nesta acepção, a ética, refere-se à educação do caráter dos indivíduos em vista da felicidade, da vida justa e livre (...)" (p. 82).
Assim, pode-se pensar, apropriadamente, que
- a moral refere-se "ao comportamento normativo cujas normas foram definidas externamente ao indivíduo, pela sociedade" (p. 82);
- a ética refere-se "ao comportamento autônomo do indivíduo como capaz de desejar e alcançar racionalmente o bem, a felicidade, a justiça" (p. 82).
- "A moral impõe, do exterior, as regras do comportamento e da ação, além de definir as sanções para a prática desviante" (p.82).
- "A ética supõe um sujeito[1] racional e livre, capaz de, por si mesmo, estabelecer valores e respeitá-los" (p. 82).
Pontos em comum:
"a prática ética e o comportamento moral se definem pela disposição do indivíduo (no caso da ética) e da sociedade (no caso da moral) de pôr fim à violência[2] (p. 82)".
A ética visa a ação subjetiva e intersubjetiva segundo valores; é uma relação intersubjetiva não-instrumental; opera no campo do possível, isto é, do que poderá ser diferente do que é graças à ação dos humanos (p. 83).
Segundo Habermas, os seres humanos são capazes de realizar três tipos de atividades racionais:
- as atividades instrumentais;
- as atividades estratégicas;
- as atividades comunicativas.
"A ética, nessa terminologia seria a ação comunicativa por excelência, tendo como pré-condições:
1. a disposição verdadeira dos interlocutores de não mentir e sempre dizer a verdade;
2. a disposição sincera dos interlocutores de ouvirem-se uns aos outros, sem usar a violência;
3. a disposição sincera dos interlocutores de serem imparciais, aceitando mudar de opinião e de posição quando reconhecerem que a opinião ou a posição alheias são mais verdadeiras, mais corretas ou mais justas do que as suas" (p. 83).
Elementos essenciais do campo da vida ético-moral tal como proposta pelo pensamento ocidental moderno
"a. O sujeito ético-moral como um ser racional, consciente e dotado de vontade para controlar seus instintos, impulsos e paixões;
b. O sujeito ético-moral como um ser capaz de deliberação, escolha e decisão livres, que percebe as situações como simultaneamente determinadas e abertas, necessárias e possíveis;
c. O sujeito ético-moral como um ser dotado de capacidade para definir para si e para os outros os fins da ação ético-moral como recusa da violência contra si e contra os outros;
d. O sujeito ético-moral como um ser capaz de estabelecer uma relação justa e legítima entre os meios e os fins da ação, considerando que meios violentos ou imorais ou anti-éticos são incompatíveis com fins ético-morais;
e. Os valores e normas, postos pelos próprios sujeitos ético-morais, na qualidade de deveres, virtudes ou de bens realizáveis por todos e cada um" (p. 83).
O campo ético-moral pressupõe:
- "uma subjetividade dotada de consciência, razão, vontade, liberdade e responsabilidade;
- uma intersubjetividade não violenta, consciente, racional e responsável, capaz de justificar seus atos e responder por eles;
- valores ou fins, considerados bons e justos, válidos para todos os sujeitos ético-morais de uma sociedade historicamente determinada;
- regras e normas de comportamento definidas pela noção de dever ou de obrigação para aqueles que interiorizam a moralidade de sua sociedade;
- a diferença entre necessidade natural e histórica e a possibilidade transformadora aberta pela ação de sujeitos éticos e políticos;
- e a idéia de situação ou determinação histórico cultural dos valores, normas e ações éticos, isto é, o reconhecimento de que somos seres situados no mundo, condicionados pelas situações sociais, econômicas, políticas e culturais, mas capazes de compreendê-las, avaliá-las, superá-las ou transformá-las por nossa própria ação, na companhia de outros" (p. 83).
Questões da ética contemporânea:
Problemas novos colocados pelas sociedades contemporâneas:
- psicanálise e marxismo: o conceito de inconsciente e o conceito de ideologia enfatizaram os limites da consciência autônoma, diminuindo a crença no seu poderio. O marxismo trouxe "também a idéia de que a moral vigente, representando os interesses dos dominantes, não pode ter pretensões à universalidade, porque o sujeito social está internamente dividido em classes sociais diferentes e contraditórias" (p. 83).
- A psicanálise cria problemas para a noção de subjetividade consciente autônoma;
- O marxismo cria problemas para a noção de subjetividade universal e de intersubjetividade comunicativa, à maneira de Habermas.
- estruturalismo: "considerou que o sujeito autônomo não existe verdadeiramente, pois o que existe são as estruturas (econômicas, sociais, lingüísticas, psíquicas, políticas, culturais), que são necessárias e inconscientes, e das quais os indivíduos são partes determinadas, sentindo, agindo e pensando em conformidade com as regras e normas estruturais; falou-se então em morte do sujeito ou da subjetividade" (p. 83).
Novos movimentos sociais e movimentos populares: "introduziram na cena sócio-política um outro tipo de sujeito: não mais o sujeito individual, nem mesmo o sujeito como classe social, mas o sujeito coletivo criado pelos movimentos populares e sociais de reivindicação e criação de direitos em nome do direito à diferença " (p. 84).
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