O Veneno Está na Mesa

O Veneno Está na Mesa

A Revolução Verde destruiu o conhecimento da agricultura tradicional e criou uma forma de produzir alimentos totalmente diferente que atualmente vai mostrando consequências que nos levam a questionar este novo sistema – o agronegócio. A “tecnologia” utilizada nas plantações é proveniente da indústria da Guerra: agrotóxicos, herbicidas, inseticidas, fungicidas que representam vários riscos à saúde, tanto para o consumidor como para o trabalhador que manuseia os alimentos: problemas neurológicos, distúrbios hormonais, infecções, intoxicações, até mesmo câncer, e risco dobrado para grávidas e mães que estão amamentando. O uso desses produtos químicos também traz consequências ambientais: perda da fertilidade do solo, dos mananciais, e da biodiversidade; contaminação da água, do solo e do ar; e mudanças climáticas. A Revolução também acarretou na substituição de homens por máquinas e na utilização de sementes geneticamente modificadas (transgênicas).O uso dos agrotóxicos foi intensificado a partir de 1960 em nome da maior produtividade, sendo o Brasil seu maior consumidor mundial desde 2008. O estímulo fiscal brasileiro para a compra de agrotóxicos – no Ceará, por exemplo, a isenção de impostos é total – cooperou, nos últimos dez anos, para o aumento das vendas em cerca de 140%, enquanto a produção de grãos aumentou 75%. Atualmente, no nosso país há mais de 400 tipos desses produtos químicos aprovados para uso.Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), no ano de 2009, das 3130 amostras de alimentos coletados em 26 estados, 29% apresentaram resultados insatisfatórios, com quantidade superior de agrotóxicos permitidos. Cada brasileiro consome em média 5,2 litros de agrotóxicos por ano.A bancada ruralista do governo está mais interessada em lucrar do que com a saúde pública. Como consequência o subsídio investido no agronegócio é 10 vezes maior do que os recursos utilizados para cuidar dos pequenos agricultores -responsáveis pela produção de 70% das frutas, verduras e legumes que estão no mercado.

A agricultura é uma atividade totalmente dependente da natureza, então precisamos fazê-la respeitando os ciclos naturais. Se direcionarmos a agricultura em direção da agroecologia conseguiremos produzir alimentos orgânicos, saudáveis e sem agrotóxicos, respeitando a natureza. A agrofloresta, que é o conceito de agroecologia mais radical, tem como característica produzir muitos alimentos simultaneamente e, ao contrário das sementes transgênicas, contribui para a preservação da biodiversidade. Se o governo investir em políticas para o benefício de produtores agrícolas, o gasto anual com a Saúde pública seria menor. Devemos lutar para que a agroecologia seja adotada como sistema de produção de alimentos para tentar preservar o que ainda não foi destruído no nosso planeta e melhorar a qualidade do que comemos, a qualidade da nossa própria saúde.

...