ORGANOGÊNESE DIRETA EM EXPLANTES FOLIARES DE CUBIU
Por: thaylunas • 5/8/2016 • Trabalho acadêmico • 1.252 Palavras (6 Páginas) • 405 Visualizações
ORGANOGÊNESE DIRETA EM EXPLANTES FOLIARES DE CUBIU (SOLANUM SESSILIFLORUM DUNAL) IN VITRO1
JÚLIA BRITO MESQUITA2, RENATA CAZEMIRO FERREIRA2, THAYNARA LUNA DE SOUZA2 e YASMIN CABRAL MOREIRA2
- Trabalho para obtenção da nota parcial na Disciplina de Cultura de Tecidos Vegetais do curso de Biotecnologia em 21 de julho de 2015.
- Universidade Federal do Amazonas, Instituto de Ciências Biológicas.
RESUMO
O experimento realizado teve o objetivo de analisar a capacidade de organogênese direta em explantes foliares de cubiu e identificar as melhores concentrações de meios de cultura com reguladores para alcançar tal objetivo. Após assepsia os explantes foliares foram inoculados em meio de cultura MS sem reguladores por 26 dias e posteriormente transferidos para o meio MS acrescido dos reguladores ANA e BAP por 14 dias; acondicionados em sala de crescimento com fotoperíodo de 16h à temperatura aproximadamente de 30ºC. Foram feitos nove tratamentos (sendo um deles o controle) com nove repetições cada em diferentes concentrações de ANA (0,0; 0,5; 1,0 mgL-1) e BAP (0,0; 1,5; 2,0 mgL-1). Das 81 repetições iniciadas, 56 passaram para o meio sem regulador. Dos 9 tratamentos propostos, as repetições que apresentaram melhores resultados foram as do tratamento quatro (0 mgL-1 de ANA/1,5 mgL-1 de BAP) e tratamento sete (0 mgL-1 de ANA/2,0 mgL-1 de BAP), pois houve o maior surgimento de raiz sem a presença de calos.
Termos de indexação: cubiu, Solanum sessiliflorum D., in vitro, organogênese direta, explantes foliares, reguladores de crescimento.
1.INTRODUÇÃO
O cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal.) é uma espécie da família Solanaceae, que foi domesticada na Amazônia ocidental (CLEMENT & SILVA FILHO, 1994). Tem se mostrado um fruto bastante promissor na agroindústria por conta do seu sabor e aparência agradáveis, ricos nutrientes, fácil cultivo e suas múltiplas formas de uso (sucos, doces, geleias, compotas, molhos para carnes de um modo geral, cosméticos e medicamentos caseiros ou industrializados com ação hipocolesterolêmica e hipoglicêmica (Silva Filho, 2002)). Por ser anual e bem adaptado aos solos das várzeas da Amazônia, é possível produzir frutos com pouco ou nenhum insumo, permitindo sua comercialização por preços bem acessíveis (Silva Filho, 1998).
Entretanto, por falta de um conhecimento científico mais aprofundado pela espécie, o fruto não recebe tal divulgação nem valor comercial devido à falta de demanda no mercado interno não tendo assim o maior aproveitamento das potencialidades da espécie não só econômicas, mas também morfofisiológicas.
A cultura de tecidos abrange um conjunto de técnicas, nas quais, um explante, que pode ser constituído de uma célula, tecido ou órgão, é isolado e cultivado em condições assépticas sobre um meio nutritivo artificial e incubado em condições ambientais controladas (MROGINSKI & ROCA, 1993).
O processo de organogênese in vitro compreende uma dessas técnicas e depende da ação de reguladores de crescimento exógenos, em particular auxinas e citocininas, e da habilidade do tecido em responder a essas mudanças hormonais durante o período de cultivo (Sugiyama, 1999).
Dessa forma, métodos eficientes para micropropagação de clones selecionados pela via organogênica, utilizando como explante folha de material rejuvenescido, poderiam constituir-se numa alternativa rápida e eficiente, podendo até alcançar processos de transformação genética. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos dos reguladores de crescimento BAP e ANA no desempenho organogênico direto in vitro na regeneração de folhas de cubiu.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Segmentos foliares inteiros contendo o pecíolo foram inoculados em meio de cultura MS (Murashige e Skoog, 1962) sem reguladores por 26 dias, seguidamente foram transferidos para o meio de cultura MS suplementado com diferentes concentrações de BAP (0,0; 1,5; 2,0 mg L -1) e ANA (0,0; 0,5; 1,0 mg L-1) por 14 dias. O meio foi solidificado e seu pH ajustado para 5,8 antes da autoclavagem a 120°C, durante 15 minutos.
Os explantes foram introduzidos com a face abaxial em contato com o meio de cultura, em tubos de ensaio contendo 5 mL de meio de cultura. Após a inoculação, os segmentos foram mantidos em sala de crescimento a aproximadamente 30°C de temperatura e fotoperíodo de 16 horas.
Foram analisados a ocorrência de clorose e número de brotos, calos e raízes por explante inoculado após 40 dias de cultivo.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com nove repetições por tratamento, sendo cada repetição composta por um tubo de ensaio contendo um explante.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a análise já descrita, das 81 repetições iniciadas, 56 passaram para o meio sem regulador, as demais sofreram perda por contaminação. É claramente possível notar clorose, contaminação e o início do surgimento de raiz conforme mostra as imagens, mesmo que com poucos dias após o inóculo.
[pic 1]Figura 1 - Nas repetições IV, VII e IX é possível notar clorose nos explantes.
[pic 2] Figura 2 - Já nesta, é possível notar a perda de quase todas as repetições por contaminação por fungo.
[pic 3]
Figura 3 - Na repetição IX no Tratamento 9, podemos notar o começo do surgimento de raiz.
Após a inoculação no meio sem regulador, 21 foram perdidas por morte, oxidação ou, novamente, contaminação. Dos 9 tratamentos propostos, as repetições restantes que apresentaram melhores resultados foram T4 e T7, com aparecimento de raiz sem a presença de calos. Dados seguem na tabela:
Clorose | Calo | Raiz | Broto | |
T1 | 33,3 | 0 | 33,3 | 0 |
T2 | 66,6 | 33,3 | 100 | 0 |
T3 | 0 | 66,68 | 100 | 0 |
T4 | 0 | 0 | 100 | 0 |
T5 | 75 | 25 | 100 | 0 |
T6 | 0 | 100 | 100 | 0 |
T7 | 0 | 0 | 66,6 | 33,3 |
T8 | 0 | 85,14 | 100 | 33,3 |
T9 | 0 | 100 | 100 | 0 |
Visão Geral | 14,29% | 51,43% | 94,23% | 5,74% |
Tabela 1 - Valores dados em porcentagem (%).
CONCLUSÃO
A cultura de tecidos é uma ferramenta que oferece soluções originais para o programa de melhoramento vegetal, soluções essas que podem resultar na otimização do tempo e na qualidade das cultivares a serem lançadas por esse programa.
Neste tema sobre explante foliar de Cubiu, procurou-se destacar, logo de início, como uma única pergunta sobre qual seria o “fator” responsável pela divisão celular acabou culminando na geração de todo um corpo de conhecimentos que permite, hoje, não só entender melhor o desenvolvimento vegetal, como também fazer manipulações biotecnológicas que têm revolucionado a agricultura. Isso posto, é dispensável ressaltar a importância da pesquisa básica para permitir um salto qualitativo e conceitual no desenvolvimento de novas tecnologias.
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