Resenha De invisíveis a Protagonistas: Populações Tradicionais e Unidades de Conservação.
Por: Monick Carvalho • 10/10/2016 • Resenha • 469 Palavras (2 Páginas) • 780 Visualizações
VIANNA, Lucila Pinsard. De invisíveis a protagonistas: populações tradicionais e unidades de conservação. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2008.cap.I.
Lucila Pinsard Vianna é assessora da fundação Florestal, gestora da Apamainha do litoral norte.
A autora trabalha com políticas públicas, a concepção de áreas naturais no Brasil, dando enfoque a conflitos de interesses, a respeito da diversidade de grupos humanos ocupando áreas protegidas, ou em suas adjacências.
Os conflitos de interesses possuem implicações políticas, econômicas, sociais e ambientais. A valorização de populações locais ditas indigenous people, por conservacionistas internacionais, favoreceu a valorização destas populações, como também a percepção que atribuiu-lhes maior proximidade com a natureza.
A autora fala sobre a postura dos conservacionistas, e suas influências na permanência de populações locais consideradas tradicionais, com um olhar voltado a “proteger” ou “preservar” seu modo de vida, considerado harmônico com a natureza.
É discutida a utilização da expressão “populações tradicionais” por grupos sociais rurais. Estes possuem uma aproximação do movimento social, que adota uma postura ecológica, com o movimentos ambientalista e socioambientalismo. O fortalecimento dessa aliança gerou visibilidade ás populações local que incorporaram a idéia de “população tradicional”.
A autora retrata as dificuldades encontradas na escrita do texto em função do que ela chama de caos conceitual. Segundo ela esse caos atinge a questão ambiental e possui ligação com aspectos culturais, políticos e econômicos. A diversidade de Parâmetros para a definição de um mesmo termo recebe um enfoque no dentro deste contexto.
Para visualização da confusão na argumentação e os parâmetros usados na definição de população considerada tradicional, estão baseados em estudos em dois núcleos populacionais da Reserva Ecológica da Juatinga, que fica localizada no município de Paraty, no sul do estado do rio de Janeiro. Segundo a autora, essa reserva foi selecionada em função do objetivo expresso no decreto de criação, de “proteger a comunidade caiçara ali habitante”, apesar de ser uma comunidade de conservação de uso indireto.
A autora faz “adoção” do conceito clássico de cultura de Tylor, no qual cultura é tida como: ‘todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Afirma que cultura deve ser entendida em dois aspectos básicos: universalidade e diversidade.
Foi feita uma discussão sobre o conceito de natureza, as relações homem-natureza, ciências naturais e a antropologia, onde a utilização de conceitos ecológicos por outras áreas como sociologia e antropologia, de acordo com Begossi, possuem imprecisões de definição e utilização. Foram levantadas também questões como a separação homem-natureza, que culminou em discussões a cerca de conservação, áreas naturais protegidas, e as “populações tradicionais”.
O texto possui clareza de idéias, uma escrita de fácil entendimento, podendo ser utilizado em vários âmbitos. Não possui publico alvo, o que é expresso na linguagem, como também na formulação do pensamento e escrita. Possui boa fundamentação teórica.
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