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A Educação física e a distinção de gêneros

Por:   •  12/7/2018  •  Monografia  •  18.671 Palavras (75 Páginas)  •  261 Visualizações

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1INTRODUÇÃO

A especificidade da escolha desse tema tem por escopos, além da busca por uma melhor compreensão acerca de uma problemática apresentada no curso de Educação Física, como também tornar propicio uma maior percepção sobre o que alude-se às práticas corporais e aos gêneros entre meninos e meninas em linhas gerais. O estudo intitulado Gênero: o trabalho do docente de educação física para a quebra de paradigmas ocorreu em uma escola estadual de ensino fundamental e médio, na cidade de Cariacica-ES, e que possui em seu quadro de funcionários efetivos, professores graduados em Educação Física. O objetivo primaz desse estudo busca, sobretudo, a análise de como ocorrem às aulas de educação física, da referida instituição, expondo assim as metodologias empregadas pelo professor para lidar com as questões de gênero nas aulas e concomitantemente, apresentar a visão dos estudantes acerca das práticas corporais mistas nas aulas de educação física.

As discussões acerca de que entre os sexos, haja uma igualdade de oportunidades já é uma realidade premente nos mais variados meios da sociedade. As questões relacionadas ao gênero estão presentes na maior parte das situações cotidianas, como por exemplo, na divisão de funções, no modo de se vestir, nas cores e modelos das roupas e na escolha dos brinquedos a dar aos meninos e as meninas, entre outros.

Nesse contexto, a lei de n° 46/86 de 14 de outubro1986, busca “assegurar a igualdade de oportunidade para ambos os sexos nomeadamente através de práticas de coeducação e da orientação escolar e profissional, e sensibilizar, para o efeito, o conjunto dos intervenientes no processo educativo”.

O desdobramento do projeto dar-se-á através da descrição de como acontecem às relações entre meninos e meninas nas aulas de educação física e da identificação dos prováveis benefícios da inclusão das aulas co-educativas. A importância da temática encontra-se na revelação de como são executadas as práticas corporais no atual contexto, de aulas co-educativas. Buscamos ainda, a possibilidade de considerar se ainda há a existência de estereótipos preconcebidos no reger das aulas, e se os docentes estão se mobilizando em suas aulas práticas para lidarem com as diferenças enquanto gênero. É patente que para esse feito, faz-se necessário um embasamento teórico, desse modo, buscamos estudos relevantes e pertinentes ao tema, de autores tais como: Daolio (1995), Marlon Santana da Cruz (2009), Eliana Ayoub (2011), Castellani (1988) e Helena Altmann (2009), entre outros.

Nesse sentido, brevemente discorreremos acerca de como o termo gênero foi inserido nas aulas de Educação Física. Segundo Abreu e Andrade (2010) o gênero enquanto terminologia,começou a ser propagado no Brasil na década de 1970. Na disciplina de Educação física, apenas no ano de 1990, o termo deixa de ser observado apenas como biológico e começou a ser admitido como função social. Essa nova perspectiva inseriu um novo juízo de aulas mistas, ouas aulas co-educativas. De acordo com Saraiva (2005) a co-educação  em geral deve ser compreendida como práticas adjacentes entre meninas e meninos, a qual corrobora na representação das atividades físicas e do esporte num panorama relacional de gênero, resistindo ao sexismo, emancipando os alunos e as alunas das determinações e dos pressupostos de que cada sexo deveria vivenciar, apenas tais práticas corporais especificas.

Desse modo, a co-educação, deve remeter a uma prática que venha desvendar o sentido da unificação dos sexos na Educação Física Escolar, buscando a liberdade e a libertação de seus discentes, apresentando a estes, a eqüidade entre alunos dos gêneros masculinos e femininos para desempenhar atividades de educação física na escola, propiciando conveniências para que ambos os gêneros descubram-se, observem-se, convivam harmonicamente, e aprendam a tolerância, a não discriminação e a compreensão das diferenças inerentes aos mesmos.

Ao olharmos para a história da educação física, percebe-se que o conceito do gênero feminino participar de aulas de educação física era inadmissível até o ano de 1930, ano este em que meninos e meninas começam a receber o mesmo ensino nas instituições escolares, contudo, ainda existindo, dicotomias entre o que era ensinado para homens e para mulheres.

Segundo afirma Scott (1991), distinguindo o objetivo de estudos de Davis, a qual define que “o nosso objetivo é descobrir a amplitude dos papéis sexuais e do simbolismo sexual nas várias sociedades e épocas, achar qual o sentido e como funcionavam para manter a ordem social e para mudá-la” (DAVIS, 1975, p. 90). O Gênero também era vislumbrado e aventado por estudiosos que afirmavam a relevância do conceito para a transformaçãodos paradigmas no particular de cada disciplina.

[...] Inscrever as mulheres na história implica necessariamente a redefinição e o alargamento das noções tradicionais [...] não é exagerado dizer que por mais hesitantes que sejam os princípios reais de hoje, tal metodologia implica não só em uma nova história das mulheres, mas em uma nova história ... (GORDON , 1976, p. 89)

A constituição do currículo escolar era fundamentado nas diferenças de gêneros. Tanto meninas, quanto meninos adquiriam instruções diferenciadas, com docentes distintos no intuito de ratificar a idéia de que a mulher fora cunhada para compor família, ser esposa e mãe, e o homem, para ser o provedor dessa família. Abordando-se as práticas corporais, estas definem-se como toda manifestação do corpo, independente do indivíduo ou do grupo. Para Carvalho (2006) as práticas corporais são:

Componentes da cultura corporal dos povos, dizem respeito ao homem em movimento, aos seus gestos e ao seu modo de se expressar corporalmente. Nesse sentido, agregam as mais diversas formas do ser humano se manifestar por meio do corpo e englobam as duas racionalidades: a ocidental com as ginásticas, esportes e caminhadas e a oriental, com o tai-chi, yoga, lutas, etc. (CARVALHO, 2006, p. 02)

Desse modo, observa-se que na Educação Física, as práticas corporais estão densamente ligadas ao contexto cultural, motivo esse para enfatizarmos a esportivização a partir da década de 1940 e o empecilho da admissão do trabalhar aulas co-educativas no contexto da escola.

Nesse contexto, esse estudo busca discorrer acerca dos benefícios das aulas co-educativas e descobrir nesse ínterim as fragilidades no currículo e nas metodologias. Reconhece-se que o professor tem papel fundamental no processo das práticas co-educativas. A esportivização ponderada sobre uma nova abordagem pode agregar na compreensão e acolhimento das diversidades. Dessa forma, por meio dos estudos nos foi executável á dedução de que a técnica pedagógica está diretamente vinculada à realidade cultural, histórica, social, e política, e nessa conjuntura, no campo da Educação Física, não haveria como ser diferente. O modo como um professor atua com conteúdos e conceitos em sala de aula estão absolutamente relacionados à forma como ele por suas vivencias,internalizou tais conceitos assim não raramente percebemos em diversas situações, professores difundindo conceitos equivocados acerca das práticas co-educativas.

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