Capacidades físicas do tênis

1- INTRODUÇÃO

Na prática esportiva, as capacidades físicas raramente ocorrem "isoladamente". Acontece que alguns esportes exigem a predominância de uma capacidade física sobre a outra para a conquista de grandes resultados, é o caso do levantamento olímpico, que tem como principal componente de treinamento a força. Já os 100 metros rasos exigem do atleta muita velocidade ou então corridas de longa distância, através da resistência.

No tênis não existe essa predominância de uma capacidade. Ele exige qualidades a serem desenvolvidas em função da técnica, movimentos e intensidade peculiares que obrigam ao treinamento de força, velocidade, resistência e agilidade. É necessário que todas essas capacidades citadas estejam harmoniosamente em equilíbrio. É claro que a carência de uma das capacidades elencadas poderá ser um fator determinante no resultado de uma partida de tênis de campo.

Hoje em dia, o tênis de campo está cada vez mais rápido, mais forte. É muito importante para o tenista estar em equilíbrio qualitativo e quantitativo dessas capacidades. Segundo Hypólito (1981) o tênis não exige superdotações. Segundo Skorodumova (1999), para jogar e suportar as cargas e as mudanças que se operam em seu organismo, o tenista deve ser muito resistente, rápido, ágil e forte.

2.1- FORÇA

 Força é a capacidade de o indivíduo suportar ou resistir à força externa à custa dos músculos. Segundo Weineck (1999) existem 3 tipos de força que estão sempre em combinação com outros fatores determinantes do seu desempenho; são eles: Força Rápida, Força Máxima e Resistência de Força.

A força rápida, segundo Weineck (1999), compreende a capacidade de o sistema neuromuscular movimentar o corpo ou parte do corpo ou ainda objetos com uma velocidade máxima. Já a força máxima representa a maior força disponível, que o sistema neuromuscular pode mobilizar através de uma contração máxima voluntária. E por sua vez, a resistência de força, segundo Harre (1976), é a capacidade de resistência à fadiga em condições de desempenho prolongado de força. Esses três tipos de forças estão presentes durante uma partida de tênis de campo.

Para devolver uma bola de fundo de quadra, a mão hábil de um tenista, até de média qualificação, desenvolve um esforço igual a 67,5 ± 3,8 H (Skorodumova, 1999). Um outro dado importante é que em uma hora, um tenista executa aproximadamente 350 golpes no piso rápido e cerca de 380 golpes no piso lento (Skorodumova, 1999). Isso demonstra que as cargas enfrentadas pelos tenistas são múltiplas, o que exige que ele tenha não apenas força, ou força rápida, mas também a resistência de força.

É importante destacar que os esforços no tênis de campo são executados também pelos músculos do tronco, abdomem, costas e pernas e não apenas os músculos da mão, antebraço e braço. Assim, os treinamentos de força devem ser desenvolvidos de forma global, para todos os grupos musculares. A força tem grande importância para a técnica dos golpes, pois sem ter força suficiente é impossível executar os principais golpes e, ainda menos, manter um elevado ritmo, quando o jogador não tem tempo para movimentos largos além dos golpes que são executados com um balanço muito curto e com mão, braço e antebraço rígidos, é o caso dos voleios, no qual os músculos se encontram altamente tensionados.

Segundo Skorodumova (1999), é importante que tenistas jovens desenvolvam os músculos respiratórios, os das pernas, os da cintura escapular, os abdominais e os da região lombar, responsáveis em grande parte pela postura do corpo humano. À musculatura abdominal, deve ser dada uma atenção especial (importantes também para o funcionamento dos órgãos internos), pois participam de todos os golpes e deslocamentos dos tenistas, além de prevenirem o aparecimento de hérnias (Skorodumova, 1999). Para reforçar esses músculos, exercícios de elevação das pernas com tronco fixo e de elevação do tronco com as pernas fixas são muito importantes.

O treinamento de força através do esforço máximo se baseia na execução singular e repetitiva de um exercício de força com peso máximo. Neste exercício o peso é escolhido de modo que o atleta possa executar no máximo uma ou duas repetições. Esse método deve ser feito apenas uma vez por semana. E é recomendado para jovens bem preparados fisicamente e com idade de 17-18 anos.

Já o treinamento de força por esforço dinâmico é a repetição de um exercício de força com pesos pequenos (até 20% do máximo) e velocidade máxima. A diminuição do ritmo ou da velocidade é o indicativo de que é preciso fazer uma pausa. O exercício repete-se quando o atleta se sentir recuperado, e continua enquanto o ritmo ou a velocidade se mantiverem. Um bom método de treino para desenvolvimento da força rápida é a pliometria.

A pliometria é o conjunto de atividades que envolve o ciclo exêntricoconcêntrico do músculo ativo, e que provocam sua potenciação elástica, mecânica e reflexa, resultando numa maior produção de trabalho positivo. O músculo deve encurtar imediatamente após haver sido alongado para que a potenciação não se perca, isto é, o movimento positivo deve ocorrer imediatamente após o movimento negativo, ou contramovimento. O processo de treinamento pliométrico deve ser introduzido gradualmente no processo global de treinamento, visando objetivos a médio e longo prazos. Nesse método desenvolve-se a força rápida, atuando dessa forma conjuntamente com a velocidade.

E, por final, o treinamento de força por esforço estático, ou isométrico é aquele em que não há uma contração ou um alongamento da fibra muscular, mas ocorre sim um desenvolvimento gradual da tensão muscular.

Em relação ao controle de treinamento, é interessante estar realizando testes para saber qual é o estado real de força em que o tenista se encontra. Pode-se realizar testes em laboratórios com aparelhos especiais que permitam medir a força de vários grupos musculares que desenvolvem o principal trabalho no tênis. Ou então pode-se ainda recorrer às flexões de braço na posição deitada com apoio de mãos ou na barra fixa (Homens). Existem também os testes de força máxima realizados com aparelhos de musculação. No caso dos tenistas é interessante também avaliar a força das mãos.

2.2- VELOCIDADE

O tênis, como todos os esportes, vem evoluindo rapidamente em muitos aspectos. A óbvia razão dessa evolução está diretamente ligada à evolução científica que 22 vai permitindo o surgimento e o aprimoramento da qualidade de vida, saúde, e riqueza da humanidade. Dos equipamentos ao corpo humano, tudo está sendo criteriosamente avaliado, estudado, pesquisado e lapidado, propiciando um jogo de tênis que é denominado de diversas maneiras, tais como "tênis agressivo" e "tênis força".

O moderno tênis agressivo está calcado na velocidade e na agilidade que são desenvolvidas com atuais e avançadas técnicas. Nesse novo ritmo de jogo há necessidade de se produzir as jogadas de ataque e defesa com rapidez e oportunidade.