Resenha O ensino da dança na estruturação expansão da consciência corporal

RESENHA

José Soares Batista

O artigo “O ensino da dança na estruturação/expansão da consciência corporal e da autoestima do educando”, escrito por Dionísia Nanni e publica no jornal Fitness & Performance Journal, volume 4, numero 1, páginas 45-57no ano 2005.

O artigo trata de um estudo de natureza qualitativa, constituído de pesquisa etnológica de caráter descritivo, cujo objetivo é verificar se a dança enquanto prática sociocultural e atividade corporal poderá favorecer a construção da autoimagem e o autoconceito, e também sobre essa ótica, verificar de que forma o usuário da dança desenvolve a autoestima.

O artigo tem a seguinte estrutura: Introdução composta por 3 (três) parágrafos; Importância e justificativa do estudo composta por 17 parágrafos; Objetivo composto por 1 parágrafo; Revisão de literatura que é subdividido em 4 subitens: Campo teórico – Doutrinas e Paradigmas Referenciais da Consciência Corporal, Concepções Neurológicas Fenomeológicas e Psicanalíticas da Consciência Corporal; Percepção Consciente: Aspectos Neurofisiológicos Estruturantes da Consciência Corporal, Áreas associativas corticais; Propriocepção e Percepção do Corpo e do Movimento – Base Neurofisiológica para a Consciência Corporal com o subitem: Sensibilidade Postural – aporte fundamental para a atividade de dança e suas subdivisões, Sensibilidade Cenestésica e Sensibilidade para a força; Reflexões Finais e Conclusão; Referencias Bibliográficas; Anexos I e II.

O artigo em sua introdução mostra que o homem vem representando os seus sentimentos mais íntimos através da dança ao longo da história, por meio de expressões corporais ritmadas num estreito elo entre religião e misticismo, energia e sexualidade e lucidez e prazer, deixando sua marca de presença em todos os aspectos da existência humana. Para Curt Sachs (1963) essas manifestações corporais, num ritmo orgânico e natural na forma de movimentos ritmados visa alcançar algum proposito, como uma força mágica com pretensões de intervir na própria natureza e até dominá-la. E com o passar dos tempos essas manifestações vem ganhando novas formas, passos e movimentos, ritmos e sentidos estéticos, a fim de favorecer uma melhor consciência corporal.

A justificativa do estudo se dar pelo fato de a dança enquanto atividade física e comunicação não verbal vir de encontro com as necessidades do homem contemporâneo em desenvolver nele próprio referencias através da percepção de estados de tensão e relaxamento, e a necessidade de expressão corporal é universal, manifestando-se de acordo com cada cultura. A dança tem sua importância reconhecida sob a ótica da promoção da saúde, como opção de lazer, de manutenção da autonomia física para uma qualidade de vida melhor, o que vem aumentando nos últimos anos, devido ao grande aumento da oferta de locais de prática, tanto no âmbito escolar, quanto em clubes e academias.

O objetivo do estudo é verificar se a dança propicia um melhor desenvolvimento da consciência corporal e se pode oferecer uma construção da autoimagem e de autoconceito melhores ao praticante, como também o desenvolvimento da autoestima.

Na revisão de literatura, a autora faz uma explanação sobre diversos assuntos referentes à consciência corporal, a começar pelo corpo teórico – Doutrinas e paradigmas referenciais da consciência corporal, concepções neurológicas fenomeológicas e psicanalíticas da consciência corporal, onde diversas doutrinas tomam o corpo como ponto de referencia, que ora valorizam a propriocepção ou o sistema sensorial, ora a motricidade, ora a subjetividade e Percepção consciente: aspectos neurofisiológicos estruturantes da consciência corporal a percepção consciente cujo estimulo tátil depende dos impulsos aferentes que se dirigem ao neocórtex, embora a percepção consciente não aconteça assim que os estímulos se dão. Em áreas associativas corticais, as áreas de projeção do córtex sensorial e do córtex motor estão ligadas às áreas de projeção primária, daí a importância de um trabalho corporal com ênfase em atividades psicomotoras como a dança, devido ao misto de emoções e sentimentos que lhe é peculiar. Os fatores neurofisiológicos da percepção variam de cultura para cultura, como de individuo para individuo, requerendo atividades integradas de várias estruturas cerebrais bem como receptores específicos dos órgãos dos sentidos.

Propriocepção e percepção do corpo e do movimento – base neurofisiológica para a consciência corporal trata dos receptores de propriocepção que são sensores existentes nas estruturas subcutâneas que compreendem três tipos: os sensores musculares (que influenciam a percepção de força, a cinestesia corporal e postural), os articulares (localizados nas cápsulas articulares e nas imediações do tecido conjuntivo) e os tendinosos (sensores proprioceptivos das fibras dos tendões).

Como reflexões finais a autora chega à conclusão que os entrevistados fazem alusão ao corpo realidade através do corpo imaginário do outro, e que o corpo precisa interagir com diferentes corpos para imergir e ganhar forma, concluindo que o estudo mostrou-se de fundamental importância para o ensino da dança no sentido de estruturar e expandir a consciência corporal, e que esse corpo precisa ser visto e compreendido de forma ampla e total, e que os profissionais da dança precisam combater abordagens que causem a separação da comunicação empática do corpo com os outros, consigo e com o mundo.