A História Febre Amarela
Por: Leticia Janice Bertelli Senderski • 25/6/2017 • Trabalho acadêmico • 1.922 Palavras (8 Páginas) • 441 Visualizações
Introdução
A febre amarela é uma doença viral, que cursa com febre, icterícia, dores abdominais, vômitos e hemorragias. O nome da doença se dá pela coloração da pele juntamente com a elevada temperatura corporal que a maioria dos infectados apresenta.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar a descoberta da transmissibilidade da doença febre amarela e mostrar quais as hipóteses e teorias foram aventadas até a descoberta da forma de contágio da doença.
A descoberta da etiologia da doença
A descoberta da etiologia doença febre amarela foi um grande desafio para os historiadores da época. Fazia-se necessário descobrir mais sobre a doença devido à morbidade e mortalidade que esta vinha causando. Houve mobilização de muitos pesquisadores de diversos países para estudar a doença, principalmente em relação a sua forma de transmissão.
A partir de meados do século XIX, vários pontos da América e da África sofriam com a doença, nas regiões que a doença se instalou houve muito prejuízo à atividade econômica1.
A febre amarela vinha causando, nos Estados Unidos, perda de "vidas humanas" e "prejuízo econômico". Esse fato evidenciou-se principalmente após a epidemia de 1878 (cf. NOGUEIRA, 1955, p. 5)
A febre amarela vinha constituindo importante obstáculo aos negócios que os países ricos mantinham em suas colônias e áreas de influência. Em regiões onde a doença reinava, os trabalhadores braçais eram vitimados com frequência e isso causava grandes transtornos às diferentes atividades em que os capitalistas europeus e americanos estavam investindo (produção de açúcar, bananas, petróleo etc.). Outro problema é que a doença dificultava a realização de obras de infra-estrutura (ferrovias, por exemplo) necessárias à expansão ou à própria sobrevivência dos empreendimentos em questão (cf. BREILH, 1991)
As especulações sobre a transmissão
Do século XVII até o século XIX as especulações sobre a transmissão da doença incluíam ora à água suja, alimentos estragados e até mesmo vícios e pecados da população que era atingida. Também eram citadas as condições climáticas dos países tropicais1,2.
A teoria dos miasmas foi uma importante teoria empregada para tentar explicar a propagação da febre amarela. Muitos médicos de diferentes países acreditavam que os miasmas eram responsáveis pela transmissão da doença. Defendia que as más condições ambientais eram responsáveis pela enfermidade. Essa opinião era sustentada na observação dos doentes que na sua maioria estavam inclusos em ambientes insalubres1.
Em 1647 a região de Barbados recebeu uma embarcação com cerca de 13 mil escravos africanos. Neste período houve a grande primeira epidemia da febre amarela1,2.
No ano de 1647, em Barbados, não se sabia se a febre amarela “havia sido importada, ou se originara-se de comida estragada, do uso de água do pântano ou da intemperança dos colonos” (STERNBERG, 1890, p. 38)
O Dr. Stubbins Ffirth realizou pesquisas e inicialmente estava convencido que a doença, na época chamada de febre maligna, era transmitida de pessoa para pessoa. Desse modo, os pacientes eram abandonados à morte. Ele tentou comprovar sua teoria dormindo no mesmo local que doentes, oferecendo o chamado vômito negro a animais e inoculando o mesmo em feridas, porém, sem sucesso. Tentou repetir este procedimento por mais vinte e uma vezes entre 1802 e 1803, porém as tentativas se mantiveram infrutíferas. Em 1804 ele declarou que a doença não era transmitida pelo vômito negro2.
Na Venezuela, em 1853, o médico francês Dr. Louis Beauperthuy considerou pela primeira vez o mosquito como espécie perigosa na transmissão na febre amarela, hipótese esta que foi retomada em 1881 por Finlay, porém, somente por volta de 1900 que começou a ser levada a sério, de modo que teve pouca importância nos debates que foram realizados no século XIX. Há relatos de que o Dr. Beauperthuy foi considerado insano com sua analogia de que a picada do mosquito seria equivalente a mordida de uma serpente que injeta veneno peçonhento na vítima2,4.
A teoria do mosquito como transmissor
Foi em 14 de agosto de 1881, que o Dr. Finlay, após a realização de experimentos bem sucedidos de inoculação em seres humanos, afirmou convicção que a doença era transmitida por meio da picada de mosquitos infectados. Realizou pesquisas com voluntários, porém, com o caráter pouco conclusivo, não houve repercussão adequada de sua hipótese e este chegou a ser tratado com desprezo1,2,3,4.
Nesta época, o Dr. Carlos Juan Finlay estava defendendo a hipótese que de a propagação da doença necessitava de três condições:
- A existência de um caso anterior de febre amarela,
- A presença de um indivíduo capaz de adquirir a doença,
- A presença de um agente, independente tanto da doença como do paciente, mas necessário para a transmissão da mesma.1
Hipóteses microbianas
No final do século XIX, a doença passou a ser atribuída a diferentes “micróbios”, principalmente bactérias e fungos, vários autores apostavam nesta descoberta. Em 1884, o Dr. Domingos Freire, fez um anúncio afirmando que havia isolado o agente causador da febre amarela, o Cryptococcus xanthogenicus, da espécie das algas, os quais os esporos contaminavam água, ar, terra, alimentos, cemitérios e enfermarias de hospitais1,2,3,5.
O Dr. Domingo Freire iniciou um projeto para fabricar e aplicar a vacina contra a febre amarela, sendo que houve muita contestação, pois a vacina estava sendo testada diretamente em seres humanos sem mesmo conhecer os efeitos mínimos que causariam1,2,3.
A hipótese microbiana mais famosa sobre a febre amarela foi a do Dr. Giuseppe Sanarelli. Em 1897, ele isolou no sangue e nas vísceras dos pacientes um bacilo que afirmava ser o agente etiológico da febre amarela, o bacilo icteroide. Esta descoberta foi impactante e favoreceu pesquisas em diferentes países. Chegou-se na época a ser produzir um soro destinado ao tratamento dos pacientes com febre amarela1,2,5.
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