A SAÚDE MENTAL E TRANSTORNOS PSICOSSOCIAIS RELACIONADOS À ESTÉTICA
Por: 020421 • 3/6/2022 • Artigo • 1.537 Palavras (7 Páginas) • 140 Visualizações
Grupo de Trabalho: GT3
SAÚDE MENTAL E TRANSTORNOS PSICOSSOCIAIS RELACIONADOS À ESTÉTICA
Júlia Borges de Faria Lourenço –Graduanda em Estética e Cosmética da Faculdade Santa Rita de Cássia /UNIFASC- e-mail: juliaborges2011-@hotmail.com
RESUMO
Transtornos psiquiátricos são amplamente evidenciados em pacientes que buscam tratamentos estéticos. Apesar de não configurarem necessariamente uma contraindicação para a realização de procedimentos, o reconhecimento desses sintomas pelo profissional tende a contribuir para o fortalecimento da relação profissional-paciente e para um melhor prognóstico, reduzindo as chances de insatisfação, complicações e agravos nos sintomas psiquiátricos, além de evitar complicações legais. No presente artigo, os transtornos psiquiátricos mais comuns no domínio cosmético e estético foram apresentados e discutidos, assim como as orientações para o reconhecimento de sintomas e de manuseio destes pacientes por profissionais de saúde.
Palavras-chave: Estética. Psiquiatria. Saúde mental.
- INTRODUÇÃO
De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o Brasil é o país que mais realizou cirurgias plásticas no mundo durante o ano de 2020, e o segundo país que mais realizou procedimentos estéticos não cirúrgicos, ficando logo atrás dos Estados Unidos. Diferentes fatores demográficos, sociais e psicológicos têm sido propostos como preditores para a busca por procedimentos estéticos; entretanto, estes fatores podem variar de acordo com o procedimento, cultura e religião de uma sociedade. (BARBOSA et al, 2011)
Estudos apontam que as principais motivações de pacientes para a realização de procedimentos e cirurgias estéticas é a esperança de tornarem-se mais satisfeitos com sua própria aparência e melhorar seu funcionamento psicossocial. O desenvolvimento tecnológico na área estética tem proporcionado a realização de procedimentos cada vez mais diferenciados. Nesse sentido, os procedimentos estéticos, tanto cirúrgicos quanto minimamente invasivos, possibilitam o tratamento de diversas dismorfias corporais e disfunções estéticas, tais como a acne, estrias, celulite, gordura localizada, cicatrizes, entre outros. (BARBOSA et al, 2011)
Além disso, a medicina estética também trabalha com técnicas de reabilitação pós-cirúrgicas, muitas vezes essenciais para a recuperação dos indivíduos em etapas pós-operatórias. Logo, o desenvolvimento da saúde estética proporciona não só a construção da imagem corporal, como também a reabilitação e a promoção à saúde física, mental e social dos indivíduos. (ARRUDA et al, 2016)
Estudos mostram que cerca de 50% dos indivíduos que buscam tratamentos estéticos possuem critérios diagnósticos para transtornos psiquiátricos, principalmente transtornos associados à imagem corporal. Levando esses aspectos em consideração, o presente artigo pretende apresentar os transtornos psiquiátricos mais comuns no domínio estético e as orientar os profissionais da área quanto ao reconhecimento de sinais/sintomas desses transtornos e quanto ao manuseio de pacientes com transtornos psiquiátricos. (ARRUDA et al, 2016)
- MATERIAIS E METÓDOS
O presente artigo consistiu em um estudo de revisão sistemática da literatura. A busca de foi realizada nas bases de dados Scielo e Pepsic, sendo estas escolhidas por serem considerada referência para publicações nacionais e internacionais. Foram escolhidas como palavras chaves os termos: Estética, Psiquiatria e Saúde mental.
Foram adotados os seguintes critérios de inclusão dos artigos: 1) tratar-se de artigo empírico; 2) estudo que abordem os aspectos psicológicos na busca da beleza; 3) escritos na língua portuguesa. Como critérios de exclusão adotamos: 1) artigos repetidos nas bases de dados; 2) trabalhos que não fossem artigos científicos.
Foram selecionados 95 artigos, que após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, identificamos 11 trabalhos que atendiam aos objetivos desta pesquisa.
- DESENVOLVIMENTO
3.1 Transtornos alimentares: Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar grave e complexo, na qual as pessoas buscam a perda de peso excessiva, levando a extrema magreza. Esse transtorno acomete sobretudo mulheres, com peso corporal significantemente inferior à faixa mínima esperada. Três características fundamentais são evidenciadas nesse transtorno: restrição persistente na ingesta calórica, medo intenso de ganhar peso e perturbação na
auto percepção do corpo, peso ou forma. (CASTRO, 2014)
A anorexia nervosa pode se apresentar de duas formas diferentes: a anorexia do tipo compulsão alimentar purgativa ou a anorexia do tipo restritiva. No primeiro, evidenciam-se episódios recorrentes de compulsão alimentar seguidos por comportamentos purgativos (vômito autoinduzido, uso de laxante...); no segundo, a perda de peso é devido a restrições na dieta, não sendo verificados períodos de compulsão alimentar e comportamentos purgativos. (CASTRO, 2014)
A bulimia nervosa também é considerada um transtorno alimentar, caracterizada por episódios recorrentes de compulsão alimentar descontrolados, em que se verifica a ingestão excessiva de alimentos em um curto espaço de tempo (geralmente em menos de 2 horas, com episódios no mínimo uma vez por semana) e pela falta de controle sobre o consumo alimentar. (CARVALHO, 2015)
Mesmo com a importância dos transtornos alimentares, poucos estudos trazem evidências quanto aos aspectos psicológicos que envolvem a realização de procedimentos estéticos em pessoas com transtornos alimentares. É importante salientar que, nesse sentido, transtornos alimentares podem ser de particular preocupação para os pacientes interessados em procedimentos de contorno corporal. (APPOLINÁRIO et al, 2000)
3.2 Transtornos de personalidade
É importante salientar que, independentemente da área de especialização, fatores relacionados à personalidade podem interferir significativamente em todas as relações médico-paciente. Isso porque a personalidade afeta comportamentos essenciais, tais como busca de ajuda, adesão ao tratamento, estilos de enfrentamento, tomada de decisão, escolhas de estilo de vida e de apoio social, entre outros elementos que prejudicam o prognóstico e tratamento de doenças físicas e mentais. (APRILLE et al, 2013)
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