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ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM JUNTO A PACIENTES QUE SOFRERAM ABORTO ESPONTÂNEO

Por:   •  8/11/2018  •  Artigo  •  1.421 Palavras (6 Páginas)  •  376 Visualizações

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Título: ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM JUNTO A PACIENTES QUE SOFRERAM ABORTO ESPONTÂNEO

O abortamento é a interrupção de uma gravidez até 22 semanas ou quando a idade gestacional é desconhecida e o produto da concepção pesa menos de 500 gramas ou mede menos de 16 cm 1,2. [a]No Brasil, 31% das gravidezes terminam em abortamento, ocorrendo anualmente 1,4 milhão de abortamentos espontâneos e inseguros, com uma taxa de 3,7 abortos para cada 100 mulheres em idades de 15 a 49 anos. Como resultado desse cenário, a curetagem é o segundo procedimento obstétrico mais realizado nas unidades de internação da rede pública de serviços de saúde, sendo superado apenas pelos partos normais.

O abortamento espontâneo refere-se à perda de um feto decorrente de causas naturais, ou seja, não eletivo, podendo ocorrer por meio de intervenção médica, provocada por qualquer outra pessoa, ou até mesmo pela própria gestante. Cerca de 80% dos abortos espontâneos ocorrem no primeiro trimestre. Entre as causas, destacam-se: as más formações embrionárias ou fetais, responsáveis por cerca de 60% ou mais dos abortos espontâneos; as causas maternas, como infecção aguda, disfunção endócrina, anomalias do desenvolvimento uterino, exposição a teratógenos, entre outros, que respondem por cerca de 20%. Em cerca de 20% dos abortos espontâneos não é possível definir uma etiologia, configurando-se em causas desconhecidas.

No entanto, a gravidez tem um significado simbólico particular para cada mulher. Varia de acordo com a estrutura de personalidade, associada à história de vida pregressa e o momento atual de cada uma. Quando não desejada, a maternidade pode ser opressiva, já que a gestação altera o senso físico da mulher e convida-a a reorganizar vários aspectos de sua identidade, como a relação com o seu corpo, com o pai da criança e seus planos para a vida. Quando a gestação conscientemente desejada é perdida, também ocorre uma alteração na identidade, levando à sensação de fracasso pessoal.

Segundo Mattar e Matheus (2007) o abortamento espontâneo é a síndrome hemorrágica da primeira metade da gravidez, em que há eliminação do produto concebido. Existem no entanto, outras formas de interrupção espontânea da gravidez que se prendem com a morte fetal, que ocorre, em contrapartida ao abortamento espontâneo, após o marco ontológico da viabilidade fetal.

Sendo assim, o aborto não espontâneo pode ser recomendado quando certos testes (por exemplo, amniocentese) mostram que o feto está se desenvolvendo com uma anomalia ou má-formação severa, como uma espinha bífida ou um outro defeito genético grave. A gravidez também pode ser interrompida quando coloca a vida da mãe em sério risco. No Brasil, além dos motivos citados, o estupro também constitui uma indicação para o aborto respaldado pela lei.

Segundo Brasil (2012), o aborto parece ser um assunto não discutido, sendo ainda visto como um tabu. Mesmo nos casos das mulheres que sofreram aborto de forma espontânea, existe o preconceito da própria equipe de enfermagem: Será que foi mesmo espontâneo? Ou perfaz a visão social de que a mulher não é capaz de segurar o embrião, o que pressupõe pouca fertilidade. Ainda assim, conforme a legislação vigente, “[...] a atenção humanizada às mulheres em abortamento é direito de toda mulher e dever de todo (a) profissional de saúde” (op. Cit,  p. 22).

Geralmente o aborto espontâneo ocorre em aproximadamente 15% das gestações de mulheres com idade de até 35 anos, e esta taxa aumenta proporcionalmente com a idade, podendo chegar a 30-40% nas mulheres acima de 40 anos. Portanto, a partir do segundo episódio de aborto, deve ser feita uma investigação criteriosa para identificar a causa do problema e tratá-lo, antes de uma nova gravidez.

Contudo, a idade da mulher não é o único responsável pela ocorrência dos abortos. Há diversos fatores como causas genéticas, infecções na mulher, colo curto, alterações na forma do útero, alterações dos hormônios femininos, alterações no DNA do espermatozoide, fatores imunológicos, trombofilia, anatômico (anomalia uterinas, cervical, placental, miomas, endócrinos, ambientais (álcool, fumo, doenças crônicas).

O tratamento do abortamento tradicionalmente se faz por esvaziamento da cavidade uterina mediante curetagem, com ou sem dilatação cervical mecânica, sob narcose, requerendo o internamento das pacientes por várias horas. Os riscos inerentes à anestesia e ao esvaziamento uterino, bem como a maior exposição das pacientes sob permanência prolongada a infecção, podem contribuir para aumento da morbidade materna, elevando os custos hospitalares.

Em alguns países até a última década, assim como no Brasil, têm se preconizado a aspiração a vácuo, elétrica ou manual, como alternativa à curetagem para o esvaziamento uterino em casos de abortamento no primeiro trimestre da gestação e para obtenção de amostras endometriais com finalidade diagnóstica. Em ambas as situações, este procedimento comprovou ser seguro e eficaz, com a primazia de utilizar instrumental de fácil manuseio e apresentar técnica simplificada

Segundo Bazotti; Stumm e Kirchner (2009), o processo de abortamento e a hospitalização das mulheres que sofreram aborto espontâneo representa um “momento difícil, no qual [as mulheres] se sentem frágeis, tristes, ansiosas pela perda do bebê, necessitando de apoio e cuidados especiais da equipe de profissionais que as assistem” (Op. Cit., p.153). Nesta perspectiva, a comunicação da equipe e o saber ouvir são fundamentais no cuidado e na relação paciente e profissional.
             
Sendo assim, Bazotti; Stumm e Kirchner (2009) refletem que ao cuidar das mulheres que sofreram abortamento, as ações dos profissionais devem ser pautadas por “[...] princípios éticos, pois o que está presente neste acontecimento é outra vida, outro ser humano, um filho que muitas não esperavam perder” (Op. Cit., p.153). Nesta condição, o profissional de enfermagem precisa ter noção e capacidade de atuar junto a pacientes que sofreram aborto de forma desejada ou não, no sentido de lidar com o caso clínico e fortalecer a condição de esperança dessas mulheres no sentido da luta pela vida.

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