As Considerações a Respeito da Saúde Coletiva
Por: Inaya Duarte • 25/9/2018 • Resenha • 2.550 Palavras (11 Páginas) • 299 Visualizações
RESENHA DO CAPÍTULO 1.1 Considerações a respeito da Saúde Coletiva
O pesquisar Jaime Breilh define Saúde Coletiva como resultado do movimento sanitarista Latino Americano que critica o positivismo e a saúde pública; no Brasil a corrente do movimento se fortaleceu pela Reforma Sanitária, em 1979.
O movimento trata-se de uma transformação que busca uma construção alternativa da realidade que é objeto da ação; para isso incorpora o método materialista dialético (MHD) que é uma corrente filosófica marxiana que busca superar a visão da ciência positivista, base e sustentação do capitalismo, visto que essa tem uma visão parcial e dicotomizada da realidade, não permitindo a visão do todo. Dessa forma, reconhece o papel político do ser humano como agente social de transformação da realidade e não como mero receptor das influências sociais e, se coloca como recurso de luta popular e da critica- renovação estratégica do ‘que fazer’ estatal. Propondo assim, a necessidade de uma ação para a mudança radical que irá recompor a noção do individuo de modo a transcender a limitação do ser biopsicossocial, evidenciando seu compromisso em relação ao coletivo.
A ideia de coletivo surgiu no período de transição do feudalismo para o capitalismo (final do século XVII); nesse período, a classe trabalhadora passou a ter significado para o modelo de produção, logo surgiram duas matrizes que direcionaram o mundo e a Medicina. A primeira matriz foi a Sanitarista, no qual o Estado instaurou medidas de higiene, visando à preservação e aumento da força de trabalho. Já a segunda foi a Patologia Social que se preocupou com as condições de vida da população e com medidas para a promoção de saúde, porém, logo as medidas foram direcionadas as populações carentes, alinhando-se aos projetos sociais de assistência a pobreza, próprios das sociedades de classe, pois se buscava a recuperação dos corpos para o trabalho. Após alguns anos, essas duas vertentes serviram, no Brasil, para a contribuição do Sistema único de Saúde (SUS).
Em contrapartida tem-se que Saúde Pública conceitua-se sobre o método empírico-analítico (estrutural – funcionalista) e no contexto saúde-doença, empiricamente, reduzindo-a ao plano fenomênico e individualizado da causação etiológica. Dessa forma, trata-se de algo determinado historicamente pela forma de inserção social do ser humano na sociedade e, por isso não pode existir fora dessa ótica.
Nesse contexto as ações são centradas no Estado e têm interesses voltados à sociedade capitalista, em vista disso, as melhorias no sistema só ocorrem de maneira localizada e gradual.
Como consequência desses dois modelos implantados na sociedade, Istán Mézáros afirma que pelo fato do homem estar alienado em quatro campos - natureza, si mesmo, ser genérico e homem (visa os outros) -; as mudanças que visem o bem de toda a sociedade demorem a ocorrer, pois não há nas pessoas uma consciência critico-reflexiva sobre o que estão vivendo realmente. Por isso, defende-se que seja necessária uma melhor apresentação e explicação dos conceitos a sociedade para que assim essa possa conhecer e exigir seus direitos.
Autores do capitulo
Emiko Yoshikawa Egry
Possui graduação em Enfermagem pela Universidade de São Paulo (1970), mestrado em Enfermagem pela Universidade de São Paulo (1977) e doutorado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (1986). Atualmente é professor titular da Universidade de São Paulo, Revisor de periódico da Saúde em Debate, Revisor de periódico da Revista Latino-Americana de Enfermagem (Ribeirão Preto), Revisor de periódico da International Nursing Review e Membro de corpo editorial da Revista da Escola de Enfermagem da USP. Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Enfermagem de Saúde Pública. Atuando principalmente nos seguintes temas: Enfermagem, saúde pública.
Maria Amélia de Campos Oliveira
Professora Titular do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP (EEUSP). Graduou-se em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Universidade de São Paulo - EEUSP (1978), com Habilitação em Enfermagem Obstétrica (1979), realizou mestrado em Administração dos Serviços de Enfermagem (1988) e doutorado em Enfermagem pela Universidade de São Paulo (1998). Foi chefe do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva entre 2000 e 2001, presidente da Comissão de Graduação da EEUSP no período de 2004 a 2009, assessora da Pró-reitora de Graduação da USP de janeiro de 2006 a dezembro de 2009 e Pró-Reitora de Graduação pro tempore (dezembro de 2009 a fevereiro de 2010). Integra os grupos de pesquisa "Bases conceituais e metodológicas da Enfermagem em Saúde Coletiva", "Avaliação de Necessidades" e "Gênero, saúde e Enfermagem", com produção que está vinculada às linhas pesquisa na área de Enfermagem: Bases teóricas e metodológicas dos saberes e práticas do cuidar em Saúde Coletiva, Necessidades em Saúde Coletiva e Formação e qualificação da força de trabalho em Saúde Coletiva. Dedica-se à produção de conhecimentos relativos ao ensino de enfermagem e às necessidades de saúde e enfermagem, com ênfase nos seguintes temas: enfermagem na atenção básica, assistência domiciliária, processo saúde-doença, cuidadores familiares, pessoas com perdas funcionais e dependência.
Rosa Maria Godoy Serpa da Fonseca
Graduada em Enfermagem e Enfermagem de Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (1971), mestrado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (1982) e doutorado em Enfermagem pela Universidade de São Paulo (1990). É livre docente em Enfermagem em Saúde Coletiva e atualmente é professora titular da Universidade de São Paulo. Tem experiência de investigação na área de Enfermagem em Saúde Coletiva, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero e enfermagem, enfermagem em saúde coletiva, saúde da mulher, violência contra a mulher." A mais recente linha de pesquisa refere-se ao saber-se ético-profissional da enfermagem enquanto conjunto de saberes éticos, princípios, virtudes e atitudes que embasam a prática-profissional da enfermagem, como uma das dimensões da competências profissionais.
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RESENHA DO CAPÍTULO 1.2 – O trabalho em saúde e o processo de produção: Uma questão para a enfermagem
A partir da segunda metade da década de 70 começou a se estruturar o campo do saber e a atuação da Saúde Coletiva, assim surgiram questionamentos sobre as formas pelas quais a dominação do capital se concretizava, o porquê da exploração e a exclusão social e a exigência de respostas mais amplas (que a definição apenas biológica da doença, não conseguia expressar) sobre as formas de saúde, doença e qualidade de vida.
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