SOBRECARGA DOS CUIDADORES DE PESSOAS COM ESQUIZOFRENIA: Uma revisão de literatura
Por: Nayara10 • 19/3/2020 • Artigo • 10.395 Palavras (42 Páginas) • 227 Visualizações
SOBRECARGA DOS CUIDADORES DE PESSOAS COM ESQUIZOFRENIA: uma revisão de literatura
Nayara Lourhanne Almeida Alves*
Resumo
Trata-se de uma revisão da literatura de diversas produções cientificas nacionais e internacionais objetivando identificar as principais causas que levam a existência da sobrecarga dos cuidadores de pacientes com esquizofrenia. A coleta de dados foi realizada nas plataformas de pesquisas Google Acadêmico, LILACS, sCielo e CAPES, por meio de descritores Família/Family, Sobrecarga/burden e esquizofrenia/schzophrenia. Foram encontradas 20 publicações que se enquadraram aos critérios de seleção. Os resultados encontrados mostram que os principais motivos que geram a sobrecarga nos cuidadores estão associados a alteração da vida social, falta de apoio social, mudança de rotina, preconceito, preocupações com o futuro, sintomatologia da esquizofrenia, fatores socioeconômicos e sociodemográficos, escolaridade, idade e gênero. Esses achados científicos catalogados contribuem para a implantação de possíveis intervenções direcionadas aos cuidadores e toda a família, objetivando a diminuição da sobrecarga ocasionada pela esquizofrenia e a melhora do portador.
Descritores: Cuidadores; Esquizofrenia; Enfermagem Psiquiátrica.
Introdução
A família sempre foi fundamental para a formação do indivíduo, pois constitui a base, o alicerce principal para o desenvolvimento humano. A Esquizofrenia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é uma doença mental crônico degenerativa no qual o paciente apresenta dificuldades em se comportar dentro dos parâmetros sociais de normalidade e até mesmo de realizar tarefas de autocuidado e higiene pessoal. Dessa forma, conhecer o universo que permeia essa patologia e o acometimento do familiar que vivencia essa situação é necessário, para proporcionar educação em saúde, através de ações afirmativas de autocuidado e assim desmitificando tabus e preconceitos, em razão do desconhecimento da doença.
Segundo a Classificação Internacional das Doenças (CID), compõem uma das principais doenças do grupamento de transtornos mentais- CID F20, transtornos esquizotípico e delirantes. (CID-10, OMS). Ela é uma enfermidade complexa, caracterizada por distorções fundamentais do pensamento, da percepção de si mesmo e da realidade externa, além de inadequação e dificuldade do afeto (OMS, 1998). A esquizofrenia é uma doença que atinge cerca de 1% da população mundial, ou seja, aproximadamente 70 milhões de pessoas em todo o mundo (OMS, 2000).
Desse modo, devidos ao conjunto dos sinais e sintomas denomina-se síndrome. Estes, costumam surgir pela primeira vez, na forma de um surto psicótico, comum aos 20 anos no homem e 25 nas mulheres. Normalmente associada à série de sintomas e sinais como alucinações, delírios e desorganização do pensamento, durante as crises agudas, intercalados por períodos de remissão, dificuldade de expressão das emoções, apatia, isolamento social e um sentimento profundo de desesperança. (GIRALDI; CAMPOLIM, 2014).
A morte causada pela esquizofrenia é consequência de diversos fatores, como os suicídios, acidentes e outras patologias associadas, devido às manifestações que acometem ao paciente. Além disso, fatores externos ou fatores de risco dificulta ainda mais a recuperação como o consumo de drogas, pouca adesão à terapêutica, baixa autoestima, estresse, desesperança, isolamento, depressão e eventos negativos na vida do paciente, são os principais deles. O portador de esquizofrenia apresenta ainda problemas cognitivos, tais como dificuldade de abstração, déficit de memória, comprometimento da linguagem e aprendizado. A combinação desses sintomas causa grande sofrimento psíquico, com prejuízos nas relações familiares e na vida profissional e demais relações sociais (GIRALDI; CAMPOLIM, 2014).
O tratamento da esquizofrenia é composto pela terapêutica medicamentosa, psicoterapia e socioterapia. O tratamento medicamentoso é fundamental para controle da patologia, mas na avaliação dos pacientes, os prejuízos acarretados pelo tratamento medicamentoso podem ser tão intensos quanto os sintomas do transtorno. O tratamento recebido pelos portadores de esquizofrenia dificilmente se coloca à altura da complexidade do transtorno, que deve ser tratado em diversas frentes para que o paciente possa atingir uma boa qualidade de vida (SOUZA et al., 2013).
Os indivíduos diagnosticados como esquizofrênicos podem ser internados quando necessário para aplicação de medicamentos antipsicóticos, mas a maioria retorna a suas casas, continuando o tratamento com a supervisão familiar que é um dos fatores importantes para o êxito da reintegração do paciente ao meio social (CARVALHO, 2012).
A partir disso, o esquizofrênico tem condições de estudar, trabalhar e construir uma vida social normal e o apoio da família é essencial para que isso aconteça. Entender a doença é o primeiro passo para aprimorar o tratamento deixando as condições de vida do paciente mais propício ao controle dos transtornos lhe condicionando uma melhora (CARVALHO, 2012).
A motivação para o estudo surgiu a partir de uma necessidade encontrada nos estágios supervisionados de saúde mental no CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) II, na cidade de Santa Inês. Oriundo da realidade apresentada: a dificuldade de convívio entre paciente e familiares, acarretando em estresse e, muitas vezes, o abandono.
Nesse contexto, o desconhecimento da doença e assim como a percepção de seus sinais, sintomas e tratamento, resulta em dificuldade de adesão terapêutica tanto da família quanto do doente, ainda acarretando exclusão do esquizofrênico do meio social e, principalmente, do meio familiar. Alguns fatores como crenças e mitos a respeito da esquizofrenia, proporcionam essa situação, condicionando o paciente ao isolamento e podendo sofrer maus tratos, mas, também, as próprias condicionantes da esquizofrenia prejudicando nesse convívio social.
Dessa forma surge o seguinte questionamento: quais são os principais motivos que geram a sobrecarga dos cuidadores de pessoas esquizofrênicas?
Diante disso, esta pesquisa de literaturas propõe abordar os principais motivos que causam a sobrecarga nos cuidadores de pessoas com esquizofrenia e assim abrir espaços para discussão e registro das principais referências atualizadas sobre o tema.
Contexto Histórico da Reforma Psiquiatra
A Esquizofrenia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é uma doença mental crônico degenerativa no qual o paciente apresenta dificuldades em se comportar dentro dos parâmetros sociais e morais, assim, se tornando uma enfermidade complexa, caracterizada por distorções fundamentais do pensamento, da percepção de si mesmo e da realidade externa, além de inadequação e dificuldade do afeto (OMS, 1998).
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