O RESUMO VALIAÇÃO DE SINTOMAS NEUROLÓGICOS EM MULHERES EXPOSTAS AO MERCÚRIO NA COMUNIDADE PARAUÁ
Por: amandaluyta • 25/5/2022 • Abstract • 1.968 Palavras (8 Páginas) • 126 Visualizações
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RESUMO - EXPANDIDO
AVALIAÇÃO DE SINTOMAS NEUROLÓGICOS EM MULHERES EXPOSTAS AO MERCÚRIO NA COMUNIDADE PARAUÁ
Amanda Luyta Monteiro da Mota1, Cristiano Gonçalves Morais2, Marcela Poenna de Sousa Farias3, Moniky Rayanne Silva dos Santos4, Heloisa do Nascimento de Moura Meneses5
(amandaluyta@gmail.com)
1Universidade Federal do Oeste do Pará, 2 Universidade Federal do Oeste do Pará, 3 Universidade Federal do Oeste do Pará, 4 Universidade Federal do Oeste do Pará, 5 Universidade Federal do Oeste do Pará.
Resumo
A exposição mercurial acarreta danos ao sistema nervoso. Considerando isso, o objetivo é avaliar os sintomas relatados pelas mulheres expostas ao mercúrio da comunidade ribeirinha do Parauá. Este estudo foi realizado de 2018 a 2019, participaram deste estudo 66 mulheres. Na coleta de dados foi aplicado um questionário estruturado e também coletado o sangue para a análise da concentração de mercúrio, foi realizada estatística descritiva de medidas de tendência. Os níveis de Hg das participantes variaram de 1,4 µg/L a 50,7 µg/L. A maior parte das participantes (90%) estão com níveis acima do recomendado. Entre as mulheres 71,2% informaram sintomas, das quais 37,8% descreveram cefaleia, 18,2% perda de memória e 15,2% dormência ou formigamento nas mãos e pés. Os sintomas relatados servem como alerta para investigar futuros problemas de saúde como doenças crônicas ou doenças neurodegenerativas, bem como o nascimento de bebês com malformações.
Palavras-chave: Mulheres; Exposição Mercurial; Neurotoxicidade.
Área Temática: Temas livres
1 INTRODUÇÃO
O mercúrio (Hg) é um metal pesado, com alto potencial de toxicidade; é considerado como um dos metais mais perigosos para o ambiente e para a saúde humana devido a esta característica e pela sua mobilidade em diferentes ecossistemas (NRC, 2000). O Hg é liberado no ambiente através de fontes naturais e/ou de ações antropogênicas, sofre transformações complexas e circula entre a atmosfera, oceanos e terra. Existem três formas químicas de mercúrio: (1) mercúrio elementar ou metálico (Hg0); (2) mercúrio inorgânico ou vapor de mercúrio (Hg22+ e Hg2+); e (3) mercúrio orgânico, sendo o metilmercúrio (MeHg) a forma mais comum de Hg orgânico encontrado na cadeia alimentar (WRIGHT & WELBOURN, 2002). Todas as formas de Hg podem induzir efeitos tóxicos em mamíferos, incluindo os seres humanos (ATSDR, 1999).
A principal via de intoxicação que as mulheres residentes na Amazônia estão expostas é através do consumo de peixes contaminados com mercúrio (KEMPTON et al., 2021). Segundo Oliveira et al. (2021), desde 1990 os estudos demonstram que a intoxicação por mercúrio pode ocasionar alterações neurológicas, assim como, Basta et al. (2021) descreve em seu estudo que as mulheres em idade reprodutiva são parte do grupo que está mais vulnerável a intoxicação pelo metal, também é apontada a preocupação com os altos níveis de mercúrio em mulheres indígenas Mundurukus, uma vez que possui graves efeitos à saúde da mãe e do feto, sendo que cérebro fetal é suscetível a intoxicações via barreira placentária e hematoencefálica (KEMPTON, et al., 2021), essa exposição precoce no feto pode ocasionar malformações congênitas, paralisias neurais e redução de habilidades cognitivas, a exposição da mulher a esse metal predispõe a doenças crônicas e neurodegenerativas, interferindo na qualidade de vida de mulheres que apresentam um estilo de vida saudável.
A exposição crônica ao mercúrio predispõe a doenças crônicas e neurodegenerativas, assim como sintomas de alteração da pressão arterial, tremores, alterações da visão, alterações cognitivas e neurológicas (YAWEI et al., 2021). Além disso, cefaleia, fadiga, adormecimento nas mãos, parestesias, alteração de memória, insônia, tristeza, ansiedade, medo e agressividade foram relatados como sintomas comuns na intoxicação por mercúrio (KHOURY et al., 2013). Este estudo tem como objetivo avaliar os sintomas relatados pelas mulheres expostas ao mercúrio da comunidade ribeirinha do Parauá.
2 METODOLOGIA
Este é um estudo descritivo, transversal e quantitativo, realizado com mulheres residentes na comunidade ribeirinha Parauá, que está localizada às proximidades do município de Santarém, estado do Pará. Este estudo conta com a aprovação do comitê de ética e pesquisa da Universidade Estadual do Pará-UEPA, sob o parecer nº 1.127.108.
Este estudo foi realizado de março de 2018 a julho de 2019, participaram deste estudo 66 mulheres que concordaram em participar de forma voluntária da pesquisa, a coleta de dados foi feita após o consentimento escrito no termo de consentimento livre e esclarecido. Para a coleta de dados foi aplicado um questionário estruturado com informações socioeconômicas, consumo de peixe, consumo de frutas, doenças e os sintomas comuns na intoxicação por mercúrio. No que diz respeito aos sintomas o questionário investigou os sintomas comumente associados à intoxicação por mercúrio, junto as participantes, foram selecionados para este estudo três sintomas neurológicos que as participantes mais relataram sentir como cefaleia, perda de memória, dormência ou formigamento nas mãos e pés.
Além disso, foram coletadas amostras de 10 ml de sangue periférico, 5 ml foi armazenado em tubos com anticoagulante EDTA, foram analisadas posteriormente no equipamento DMA-80 Direct Mercury Analyzer (Milestone), de acordo com as recomendações do fornecedor, para quantificar os níveis de Hg total e os outros 5 ml foram armazenados em tubo sem anticoagulante.
Para os fins do presente estudo foram consideradas expostas as participantes que apresentaram os níveis de Hg acima de 10μg/L, conforme recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 1990). Foi realizada a tabulação dos dados no software Excel e estatística descritiva de medidas de tendência central no software Statistical Package for the Social Sciences.
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