Auto Desprezo em Estudantes de Medicina

A depressão é fenômeno mundial com incidência crescente no último século. Estudantes de medicina têm maior propensão a essa enfermidade devido a fatores inatos ao curso, como carga horário elevada, necessidade de grande demanda de tempo aos estudos e a tensão de lidar com a vida alheia; e à grande competitividade entre estudantes para obtenção de um currículo adequado à residência médica, abrindo mão do pouco tempo livre com diversas atividades complementares, causando grande estresse físico e mental. A competitividade gera o sentimento de inferioridade ao estudante que não é capaz de suprir essa demanda, o que pode acarretar em um autodesprezo, agravando o quadro. Desta feita, o objetivo do presente trabalho é avaliar o sentimento de autodesprezo em estudantes de medicina. Trata-se de um estudo quantitativo, onde o Inventário de Depressão de Beck (BDI) foi aplicado a 34 estudantes do quinto semestre de Medicina na UFC, durante a monitoria de Endocrinologia no período de 2018.1. O BDI é um instrumento utilizado para medir a severidade de episódios depressivos. Consiste em um questionário de auto-relato com 21 itens de múltipla escolha (0 a 3), onde os componentes afetivo e somático da depressão são abordados, para se determinar a causa primária da depressão. A subescala afetiva contém oito itens, dentre eles o autodesprezo, objeto de estudo do trabalho. Dos 34 estudantes, 10 (29,4%) afirmaram não se sentirem desapontados consigo mesmo, 18 (52,9%) relataram sentirem-se desapontados consigo mesmo, 4 (11,8%) sentem-se desgostosos consigo mesmo e 2 (5,9%) alegaram se odiar. Tais resultados evidenciam a necessidade de uma maior abordagem da saúde mental do estudante de medicina. Resultados positivos podem ser alcançados com medidas que diminuam o estresse do estudante, como mudanças na grande curricular do curso de medicina, assim como a implementação de psicólogos e psiquiatras à disposição dos estudantes.

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