Ecologia De Estradas

Estradas, incluindo rodovias, afetam o ambiente ao reduzir a área de habitat dos animais e ocasionando o atropelamento da fauna. Isso pode levar a um aumento significativo de acidentes com risco de vida humana e/ou com danos aos veículos. Além disso, a construção ou duplicação de uma estrada, em geral, acarreta a remoção da vegetação nativa localizada no traçado da estrada. A ausência deste tipo de vegetação representa a perda de habitat para

diversas espécies e a redução da qualidade de diversos serviços ambientais, levando, por exemplo, ao aumento da erosão ou assoreamento de rios com perda da qualidade do solo e da água. As interações entre as estradas e o ambiente e vice-versa são o foco da área de pesquisa de Ecologia de Estradas (Forman et al. 2003).

O mais notável efeito das estradas sobre a fauna é o atropelamento. A colisão entre veículos e animais pode causar acidentes graves com risco de morte de seres humanos e danos aos veículos. Incluindo prejuízos financeiros, os custos com danos materiais e injúrias ou fatalidade humanas são estimadas em mais de 1 bilhão de euros por ano na Europa e de 23 milhões a 1 bilhão de dólares por ano nos Estados Unidos (Seiler&Helldin 2006). Os altos custos no hemisfério norte se devem, em parte, ao grande tamanho dos animais atropelados que incluem, por exemplo, alces, veados e ursos. No Brasil, os maiores animais são grandes vertebrados como, por exemplo, onças, veados, capivaras, tamanduás-bandeira, emas e jacaré, sendo que alguns possuem distribuição restrita a alguns biomas e regiões do nosso país.

Estima-se que ocorram 8,65 atropelamentos/km/ano, representando 14,7 milhões de atropelamentos/ano em todo o território brasileiro (Dornas et al. no prelo). Não existe uma estimativa disponível de quantos destes atropelamentos de animais silvestres causam fatalidades humanas e danos aos veículos, mas dado os altos números de animais atropelados, o custo deve ser elevado. Especialmente no caso de rodovias concessionadas, estes custos devem ser considerados devido a sua responsabilidade junto aos usuários e aos custos com possíveis indenizações. Em geral, as espécies mais frequentemente atropeladas são aquelas mais abundantes nos arredores da estrada e que não evitam atravessá-la, como por exemplo, sapos, cobras, lagartos, corujas, gambás, tatus, cachorro-do-mato e capivaras (Dornas et al. no prelo). Apesar de menos indivíduos mortos pela colisão com veículos, algumas espécies ameaçadas de extinção preocupam, como é o caso do lobo-guará, da onça pintada e do tamanduá-bandeira, já que podem representar um aumento significativo na taxa de mortalidade da população, podendo aumentar ainda mais o risco de extinção destas espécies.