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Notas para análises esportivas baseadas no treinamento corporal

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Por:   •  14/9/2014  •  Tese  •  538 Palavras (3 Páginas)  •  480 Visualizações

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Treinar o corpo, dominar a naturaza: Notas para uma análise do esporte com base no treinamento corporal*

Alexandre Fernandez Vaz**

RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo apresentar algumas idéias sobre o tema do treinamento corporal e sua relação com o domínio da natureza. Para isso apresenta-se a teoria da formação do sujeito e da civilização desenvolvida por Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, sobretudo na Dialética do esclarecimento. A ên¬fase recai sobre o papel do sacrifício nesse processo, e a relação deste com o corpo. A partir daí procura-se entender o esporte, e dentro dele o treinamento corporal, com vistas a desenvolver uma análise daquele baseada na lógica sacrificial e na correspondente redução do corpo a uma naturalidade desqualificada e fungível.

Palavras-chave: Esporte, treinamento desportivo, dialética do esclarecimen¬to, sacrifício, Adorno e Horkheimer, Escola de Frankfurt

Civilização e domínio da natureza

Faz parte das grandes teorias da civilização, e também do imaginá¬rio popular, a idéia de que as grandes conquistas da humanidade relaci-onam-se com o domínio da natureza, seja esta entendida do jeito que for.

*Este texto faz parte de uma reflexão em andamento, e guarda forte conexão com outro, em vias de publicação, cujo título é “Na constelação da destrutividade: O tema do esporte em Theodor W. Adorno e Max Horkheimer”. O presente trabalho é dedicado a José Galisi Filho, a quem devo várias de minhas reflexões.

** Doutorando em ciências humanas e sociais na Universidade de Hannover, Alemanha, ondeé bolsista da Capes; professor assistente I do Departamento de Metodologia de Ensino do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina.

Todos aprendemos desde os primeiros anos escolares o quanto as conquistas (que muitas vezes poderiam ser chamadas de pilhagem) da ci¬vilização sobre a natureza foram importantes, forjando em nós, pouco a pou¬co, a idéia de uma irrenunciável superioridade humana. Não só nos relatos de viagens a mundos antes “desconhecidos”, onde habitavam os tipos hu¬manos “primitivos” (que por sua vez conheciam o mundo que habitavam), “mais próximos da natureza”, mas também nas fronteiras do conhecimento científico, aprendemos que o ser humano é capaz de descobrir, classificar, controlar, prever, enfim, ter a possibilidade de ser senhor da natureza. Afi¬nal, assim nos ensinam, somos os únicos animais racionais, capazes de fa¬zer ciência. Muitos de nós ficamos encantadoscom tamanha superioridade.

O mundo tornado cada vez mais complexo renova constantemen¬te seu estoque de problemas a serem pesquisados, muito porque tam¬bém as necessidades humanas tornam-se, sob múltiplos imperativos, cada vez mais nuançadas. Apesar disso, e de sabermos que a ciência sempre tem respostas provisórias, não há como não perceber o seu avan¬ço, condição fundamental do progresso, de tal forma importante que até mesmo se confunde com ele.

O sentido da ciência, ao tentar levar ao limite aquilo que chamamos racionalidade, é, dito de forma geral, desencantar o mundo. A ciência pode equivocar-se, mas não pode deixar de ser racional. Ela pretende levar o pensamento racional até as últimas conseqüências,

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