O Pré Natal
Por: guilhermebes • 13/5/2017 • Abstract • 2.002 Palavras (9 Páginas) • 198 Visualizações
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OBSTETRÍCIA
Volume 1- Capítulo 3
ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL
Objetivos, início e periodicidade
- Conjunto de protocolos e medidas cujo objetivo principal é assegurar o bem estar materno e neonatal com o nascimento de uma criança saudável com o tratamento de doenças maternas pré-existentes, diagnósticos precoces e tratamento de complicações da gravidez e prevenção de doenças na criança
- 90% das gestações evoluem sem intercorrências e são de baixo risco
- Idealmente deveria ser realizada uma consulta pré-concepcional
- Recomenda-se que sejam realizadas no mínimo 6 consultas de pré-natal:
- Uma consulta no primeiro trimestre
- Duas consultas no segundo trimestre
- Três consultas no terceiro trimestre
Obs: Zugaib preconiza um intervalo mensal até 28 semanas, quinzenal até 36 semanas e semanal até o parto
- O ministério da Saúde preconiza como ações do pré-natal:
- Estímulo ao parto normal
- Imunização anti-tetânica
- Avaliação e tratamento de distúrbios nutricionais da mãe
- Prevenção ou diagnóstico precoce de câncer de mama e câncer de colo
- Consultas na primeira semana pós-parto e consulta puerperal (até 42 dias após o nascimento).
- Devem ser solicitados rotineiramente:
- ABO-Rh, hemoglobina e hematócrito na primeira consulta
- Glicemia de jejum na primeira consulta e próximo a 30 semana de gestação
- VDRL na primeira semana, por volta da 30 semana de gestação e próximo ao parto ou se abortamento
- Urina 1 na primeira consulta e próximo a 30 semana de gestação
- Anti-HIV na primeira consulta e próximo a 30 semana de gestação
- HBsAg próximo a 30 semana de gestação
- Sorologia para toxoplasmose na primeira consulta
Obs: Outros exames podem ser acrescidos a essa rotina mínima
Avaliação do risco gestacional
- Deve acontecer em todas as consultas
- A seguir estão listadas as situações em que se deve considerar o referenciamento da paciente para um serviço especializado por serem consideradas de alto risco
- Características sócio-demográficas:
- Idade menor que 15 ou maior que 35
- Altura menor que 1,45
- Peso menor que 45 ou maior que 75
- Dependência de drogas
- História reprodutiva anterior
- Morte perinatal
- RN com retrição de crescimento, pré-termo ou malformado
- Abortamento habitual
- Infertilidade
- Síndromes hemorrágicas
- Pré-eclâmpsia ou eclampsia
- Cirurgia uterina anterior
- Macrossomia fetal
- Intercorrências clínicas crônicas
- Cardiopatias
- Endocrinopatias
- Doenças auto-imunes
- Portadoras de doenças infecciosas
- HAS
- Doença obstétrica na gravidez atual
- Ganho ponderal inadequado
- Eclampsia ou pré-eclâmpsia
- Amniorrexe prematura
- Hemorragias da gestação
- Isoimunização
- Desvio quanto ao crescimento uterino, numero de fetos e volume de liquido amniótico
- Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada
Anamnese e exame físico
- Questionar:
- Desejo da gravidez
- Menarca
- Características do ciclo menstrual
- DUM
- Idade de inicio da atividade sexual
- Quantidade de parceiros
- Métodos contraceptivos
- DSTs
- Número de gestações, seus desfechos (PII, IG, IA), via de parto, puerpério, intercorrências
- Atentar no exame físico:
- Modificações gerais do organismo fetal
- Palpação abdominal em 4 tempos
- 1: delimita o fundo uterino
- 2: determina a posição fetal
- 3:explora a mobilidade da aprosentação
- 4: avalia o grau de penetração do concepto no estreito superior da bacia
- Tamanho do útero
- 10-12 semanas- útero começa a ser palpável acima da sínfise púbica
- 16 semanas- entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical
- 20 semanas- no nível da cicatriz umbilical
- A partir de 20 semanas até 32 semanas, a medida da altura do fundo uterino se correlaciona diretamente com a idade gestacional. Um centímetro corresponde a uma semana. Para medir, fixa-se uma fita na borda superior da sínfise púbica e delimita-se o fundo, vendo o comprimento obtido, devendo ser realizado com a bexiga vazia.
- BCF
- 10-12 semanas: sonardoppler
- 20 semanas: pinard
- Toque e exame especular
Exames complementares
- Hemograma
- Tipagem sanguínea
- Fator Rh (se negativo, pedir também Coombs indireto e tipagem sanguínea do cônjuge)
- Reação sorológica para sífilis
- Se HAS, pedir creatinina
- Glicemia de jejum (se valor entre 85 e 110, deve-se fazer o TTOG entre 24 e 28 semanas de gestação. Se este for superior a 200, faz-se o diagnóstico de diabetes na gestação)
- O rastreio de rubéola e CMV não é recomendado de rotina, uma vez que não há tratamento disponível para a prevenção da transmissão vertical
- Pesquisa de toxoplasmose (IgM e teste de avidez de IgG- na presença de baixa avidez, ou seja, menor que 30% confirma-se a infecção aguda materna, que deve ser tratada com 1g de espiramicina de 8 em 8 horas. A gestante com infecção aguda deve ser encaminhada para possível diagnostico do feto, o qual é feito pela pesquisa de anticorpos fetais no liquido amniótico a partir da 16 semana ou de anticorpos no sangue do cordão umbilical por PCR após 22 semanas de gestação. Se confirmada infecção, faz-se o tratamento com espiramicina alternando mensalmente com pirimetamina 50mg/dia, acido folinico 10mg/dia em dias alternados e sulfadiazina 500 a 1000mg de 6 em 6 horas. Apirimetamina deve ser evitada antes de 20 semanas e o uso da sulfadiazina deve ser monitorado no ultimo trimestre por risco de kernicterus no RN).
- Urina e urinocultura em busca de bacteriúria assintomática (em busca de bacterúria assintomática). A qual deve ser tratada com:
- Nitrofurantoina- 100mg 6/6 por 10 dias
- Ampicilina 500mg 6/6 por 7 a 10 dias
- Cefalexina- 500mg 6/6 por 7 a 10 dias
- Amoxicilina 500mg 8/8 por 7 a 10 dias
- SMZ-TMP 500mg 6/6 por 7 dias (evitado no terceiro trimestre-risco de kernicterus)
- Ultrassom
- Entre 11 e 14 semanas- calcular a idade gestacional pela medida cabeça-nádega, diâmetro do saco gestacional, rastrear alterações cromossômicas pela translucência nucal e atestar vitalidade fetal pelos BCF
- Entre 18 e 20 semanas (US morfológica)- idade gestacional pelo comprimento do fêmur e diâmetro biparietal fetal e identificação de possíveis malformações na morfologia dos órgãos fetais
Obs: A maioria dos autores nacionais sugere 1 USG por trimestre. Caso não haja recursos, o mais essencial é o do segundo trimestre
- Rastreio para infecção por Streptococcus do grupo B: devido a seriedade e alta prevalência das infecções neonatais por streptococcus do grupo B, recomenda-se a o rastreio por swab vaginal e retal entre 35 e 37 semanas para todas as gestantes. Aquelas colonizadas, devem receber antibiótico durante o trabalho de parto ou no momento da amniorrexe e na indisponibilidade de cultura deve-se avaliar os fatores de risco e fazer a antibioticoterapia na presença de algum deles (trabalho de parto com menos de 37 semanas, temperatura intraparto maior ou igual a 38 graus, amniorrexe há mais de 18 horas). Vale ressaltar que pacientes com bacteriuria para streptococcus do grupo B positiva em qualquer fase da gestação também devem receber a profilaxia ou caso tenham tido filhos acometidos por essa infecção em gestações previas. Não deverão receber a profilaxia: gestantes submetidas a cesárea eletiva independente da cultura, gestantes com cultura negativa com intervalo superior a 5 semanas independente da presença de fatores de risco e se gestação anterior com cultura positiva.
- Penicilina G cristalina- 5.000.000 U IV + 2.500.000 de 4/4h até parto
- Ampicilina- 2g IV + 1g 4/4h até parto
Nutrição
- A dieta da gestante deve ser hiperproteica, hipoglicidica e hipolipidica
- Para as gravidas eutroficas espera-se um ganho ponderal de 11-16kg, para as obesas de 7kg e para as desnutridas de 13 a 18kg
- A suplementação de ferro deve ser feita para todas as gestantes e mantida pelo período de amamentação com 150-300mg de sulfato ferroso por dia a partir de 20 semanas de gestação
- Visando a prevenção de defeitos no tubo neural, deve ser administrado o acido fólico em uma dose de 5mg/dia idealmente a partir de 90 dias antes da concepção ate o fim da gestação.
Queixas comuns
- Náuseas e vômitos: mais comuns no primeiro trimestre ao acordar ou após longos períodos de jejum; pioram com estímulos olfativos ou do paladar. Deve ser controlada por anti-eméticos e medidas dietéticas e é causada pelo aumento do hormônio gonadotrófico humano
- Pirose
- Constipação: pela ação inibidora da progesterona sobre os movimentos das alças
- Hemorroidas: pelo aumento da pressão venosa
- Edema gravitacional: devido ao aumento da compressão da veia cava inferior pelo útero gravídico
- Varicosidades: pelo aumento da pressão venosa
- Câibras: nos últimos meses pelo aumento de fosforo sérico e redução do cálcio
- Aumento da frequência e urgência urinaria: compressão vesical pelo útero
- Vertigem: por instabilidade vasomotora, hipoglicemia ou hipotensão supina
- Fadiga: comum pela alteração de postura e do peso, devendo descartar anemia
- Dor lombar: pelo aumento de peso
- Mucorreia/leucorreia: é comum durante a gestação um aumento da secreção vaginal. Contudo, deve-se atentar para a possibilidade de cadidiase, vaginose bacteriana por ganerella vaginalis ou tricomoníase
- Cefaleia: devido a vasodilatação e ao edema cerebral pela acao da progesterona que atua diminuindo o tônus da parede vascular
Medicamentos
- VACINAS
Tétano:
- Recomendada se esquema de vacinação incompleto (menos do que 3 doses) ou se esquema completo há mais de 5 anos
- Devem ser tomadas duas doses a partir de 20 semanas com intervalo de 60 dias (ou pelo menos 30 dias) com a ultima dose sendo administrada no mínimo 20 dias antes da data provável do parto
Hepatite B:
- Deve ser realizada em pacientes de alto risco (mais de um parceiro no ultimo ano, parceiro com hepatite B, uso de injetáveis, DST)
Raiva:
- Se acidente
Influenza:
- Recomendada em todas as pacientes gravidas nos meses de inverno
Rubéola, Febre amarela, Sabin, Caxumba, Sarampo:
- Não recomendadas
- OUTROS MEDICAMENTOS
Classificação do FDA:
- Estudos controlados com grávidas não demonstraram nenhum risco- uso liberado
- Estudos com animais não demonstraram nenhum risco fetal, mas não há estudos com seres humanos ou estudos em animais mostraram efeitos adversos, mas estudos controlados em gravidas não confirmaram o risco fetal- uso liberado
- Estudos em animais revelaram efeitos adversos no feto e não há estudos em mulheres gravidas ou não há estudos em animais sequer em mulheres- uso restrito
- Evidência positiva de risco fetal em humanos. Porém os benefícios podem ultrapassar os riscos potenciais, sendo a prescrição proibida, excetuando-se casos excepcionais.
X- Efeitos deletérios sobre o concepto, sendo seu uso totalmente contra-indicado
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