Cárie dental: influências da diéta
Por: Larissa Isabele • 1/7/2015 • Trabalho acadêmico • 2.877 Palavras (12 Páginas) • 601 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO
DISCIPLINA DE EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL
CÁRIE DENTÁRIA
FLORIANÓPOLIS
ABRIL 2014
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
2 DEFINIÇÃO DA PATOLOGIA
3 DIETA E CÁRIE
4 PREVALÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO
5 FATORES DE RISCO
6 NÍVEIS DE PROMOÇÃO E PROTEÇÃO
7 CONSEQUÊNCIAS, TRATAMENTO E RECUPERAÇÃO
8 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 INTRODUÇÃO
A cárie dentária é uma doença crônica, transmissível e infecciosa que provoca a destruição dos tecidos dentários, podendo ser diagnosticada tanto em estágios iniciais quanto tardios. É uma doença multifatorial, que envolve, além dos fatores determinantes, biológicos e alimentares, causas sociais, econômicas e comportamentais (UNA-SUS).
O estudo de crânios da pré-história indica que desde a idade da pedra a cárie dentária é uma doença fortemente presente na cavidade bucal, 60-70% crânios analisados apresentaram cárie. Segundo Moore e Cobertt (1973), posteriormente, por volta do século XVII, houve um aumento significante na experiência da cárie. Ao longo do tempo, com o mercado do milho e cana de açúcar, novos compostos edulcorantes foram criados, aos poucos se tornando acessíveis a toda a população. Os hábitos alimentares adquiridos pela população nesta época, portanto, determinaram um alto índice de cárie dental, tornando a alimentação um dos fatores diretamente influentes sobre o desenvolvimento da doença.
Hoje, a cárie dentária é tida como uma preocupação de saúde pública e coletiva. Por isso ações de promoção da saúde bucal e higiene, além de políticas públicas normatizadas, como a fluoretação da água, além da educação alimentar, são fundamentais. Trata-se uma doença bastante estudada na epidemiologia, uma vez que afeta todas as idades e pode acarretar consequências negativas na qualidade de vida da população. O presente trabalho, portanto, pretende explorar de forma mais aprofundada informações a respeito da cárie, que revela uma relação direta com a nutrição e a saúde.
2 DEFINIÇÃO DA PATOLOGIA
O grupo de bactérias cariogênicas caracterizadas por serem o fator etiológico da doença são as bactérias compreendidas entre os Estreptococos mutans, que colonizam o biofilme dentário e metabolizam os carboidratos ingeridos (tendo como substrato principal a sacarose) produzindo ácido lático que altera o pH do dente provocando a desmineralização da superfície dental, a saliva porém possui compostos que promovem a remineralização do dente, sendo que esse processo ocorre toda vez que há substrato à ser metabolizado pelas bactérias da interface dental, o desequilibro entre a des e a remineralização resulta na lesão cariosa.
São encontradas nas cavidades da doença cárie também, as bactérias do grupo Lactobacilus acidophillus. A grande diferença entre a microbiota natural da boca e os micro-organismos cariôgenicos é que eles apresentam grande potencial acidogênico, a capacidade de produzir ácido, e acidúrico, capacidade de crescer em meio ácido (PASSONI, Daniela Forlin P, 2001).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (1999), um dente é considerado cariado, portanto, quando uma lesão de fóssula ou fissura ou da superfície lisa tem uma cavidade aparente, cavidades no esmalte, ou mesmo um amolecimento detectável do assoalho ou das paredes.
3 DIETA E CÁRIE
A dieta do individuo está intimamente ligada ao desenvolvimento da doença cárie, isso se deve ao fato da nutrição estar diretamente ligada a formação dos dentes, composição e quantidade salivar.
O potencial cariôgenico de um alimento é medido pela quantidade de sacarose que ele contém, quanto maior a quantidade de açúcar, maior seu potencial, isso porque a sacarose é o principal substrato das bactérias cariogênicas além de aumentar a viscosidade da superfície do dente aumentando a aderência dos micro-organismos, é necessário destacar também que quanto maior o tempo de permanência do açúcar na cavidade bucal, maior a chance de se desenvolver a cárie (PASSONI, Daniela Forlin P, 2001).
O consumo frequente de alimentos durante o dia, resulta na maior frequência de baixa do pH na cavidade bucal, sendo maior a incidência do processo de desmineralização do dente, se o tempo de baixa de pH for maior que o tempo de pH neutro, esse quadro tem tendência de desenvolver-se em uma lesão cariosa (PINTO, Vitor Gomes, 2000).
A dieta cariogênica, portanto, não está diretamente associada à quantidade de açúcar ingerida pelo individuo, mas sim, pela frequência com que é ingerida, sendo que a consistência do alimento também apresenta relevância, uma vez que a quantidade de tempo que a sacarose permanece na cavidade oral é significativa em relação ao desenvolvimento da cárie, alimentos que possuem sacarose em forma sólida são então, potencialmente mais cariogênicos do que os que possuem em forma liquida, pois a forma sólida seria mais concentrada no dente em relação à liquida (PINTO, Vitor Gomes, 2000).
É importante ressaltar a cultura como fator de direta relação com a experiência de cárie, uma vez que ela é a responsável por ditar a dieta dos indivíduos. No Brasil é hábito comum das mães adoçarem as mamadeiras e chupetas das crianças, aumentando a ingestão de açúcar e consequentemente a incidência de cárie, além disso, a introdução precoce de sacarose na alimentação infantil é responsável pela dependência de crianças e adolescentes a consumirem dietas ricas em açúcar, provocando risco de sobrepeso e aumentando as chances de desenvolvimento da doença (PASSONI, Daniela Forlin P, 2001)
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