Álcool: As reais consequências do consumo
Por: Alessandra Santos • 10/11/2016 • Trabalho acadêmico • 1.328 Palavras (6 Páginas) • 562 Visualizações
Álcool: As reais consequências do consumo
Para Gigliotti e Bessa (2004) o álcool é uma substância psicoativa consumida em todo o mundo e tem o seu consumo admitido e estimulado pela sociedade, inclusive pela mídia. Apesar da grande aceitação social o consumo de bebidas alcoólicas em excesso passa a ser um problema de ordem social e de saúde, desenvolvendo um processo de adoecimento físico e psicológico no sujeito. Esse adoecimento pode acontecer através do sofrimento gerado pela pressão, por hereditariedade ou pelo ambiente que o individuo estiver inserido.
O uso excessivo de álcool pode designar-se como: Síndrome de Dependência do Álcool (SDA), condição conhecida como alcoolismo. Esse conceito foi proposto em 1976 pelos psiquiatras Grifith Edwards e Milton Gross. A SDA é um transtorno que se constitui ao longo da vida dependendo da interação de fatores biológicos e culturais como a religião e o valor simbólico do álcool em cada comunidade, desta forma o individuo se relaciona com a substância consumindo-a partir de um aprendizado social e individual. Durante esse processo de aprendizagem um dos fenômenos mais significativos é o surgimento dos sintomas da abstinência (GIGLIOTTI; BESSA, 2004).
Segundo Edwards e Gross (apud GIGLIOTTI e BESSA, 2004) os elementos a síndrome de dependência alcoólica são:
1) Estreitamento do repertório: Inicialmente, o usuário bebe com flexibilidade de horários, quantidade e tipo de bebida. Com o tempo, passa a beber com mais frequência, até consumir todos os dias, em quantidades maiores e frequentes, de maneira incontrolável e compulsiva no intuito de aliviar os sintomas da abstinência.
2) Saliência do comportamento de busca do álcool: O indivíduo prioriza o ato de beber, mesmo em situações proibidas. A bebida é colocada acima da saúde, família e trabalho.
3) Aumento da tolerância ao álcool: Com a evolução da síndrome, há necessidade de doses maiores de álcool para obter o mesmo efeito obtido antes com doses menores.
4) Sintomas repetidos de abstinência: A partir da diminuição ou interrupção do consumo de álcool, surgem sinais e sintomas de intensidade variável. No início, esses sintomas são leves, intermitentes e pouco incapacitantes, mas nas fases mais graves da dependência, podem ocorrer como tremor intenso e alucinações.
5) Alívio ou evitação dos sintomas de abstinência pelo aumento da ingestão da bebida: É um sintoma importante da SDA e difícil de ser identificado nas fases iniciais. Torna-se mais evidente na progressão do quadro, com o paciente admitindo que bebe pela manhã para sentir-se melhor, sendo que permaneceu por um período sem consumir bebidas alcoólicas.
6) Percepção subjetiva da necessidade de beber: Há uma pressão psicológica para beber e aliviar os sintomas da abstinência.
7) Reinstalação após a abstinência: Mesmo depois de períodos longos de abstinência, se o paciente tiver uma recaída, rapidamente restabelecerá o padrão antigo de dependência.
Conforme Gigliotti e Bessa (2004) essa sistematização da Síndrome de Dependência Alcoólica proposta por Edwards, teve sua validade clínica comprovada por inúmeros estudos e modificou a compreensão dos problemas relacionados ao álcool, influenciando as classificações posteriores.
A dependência do álcool atinge cerca de 10% da população adulta brasileira. Além de ser a causa da maioria dos acidentes de trânsito, provoca comportamentos antissociais, abandono escolar, agressividade e violência doméstica associada à embriaguez e inúmeros problemas de saúde dependendo da dose, frequência e circunstâncias que o sujeito consome (CISA, 2016).
De acordo com o CID-10 existem seis critérios para diagnosticar a dependência:
- Desejo intenso ou compulsão para ingerir bebidas alcoólicas.
- Tolerância: Necessidade de doses cada vez maiores de álcool para atingir o mesmo efeito obtido com doses anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma dose da substância.
- Abstinência: Considerada um quadro de desconforto físico ou psíquico quando ocorre diminuição ou suspensão do efeito etílico.
- Aumento do tempo para consumir ou recuperar-se dos efeitos da substância; abandono progressivo de interesses devido ao consumo.
- Desejo de reduzir ou controlar o consumo do álcool, mas não consegue.
- Persistência no consumo de álcool mesmo com contra indicações.
Segundo o CID 10 para que se caracterize dependência, pelo menos três critérios devem estar presentes em qualquer momento durante o ano anterior.
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas ocasionam diversos problemas de ordem social, além de diversos problemas de saúde, alguns dados de pesquisas realizadas no Brasil afirmam essas questões.
De acordo com pesquisas realizadas pelo Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) em parceria com a Policia Rodoviária Federal em 2013, cerca de 70% dos acidentes que ocorrem no Brasil estão relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas que mesmo se forem ingeridas em pequenas quantidades afetam a habilidade de direção dos motoristas.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), cerca de 15% dos trabalhadores brasileiros são dependentes de álcool; As faltas sem justificativa são três vezes maior que os demais empregados, apresentam produtividade 30% menor que os que não são dependentes, além de envolverem-se em acidentes de trabalho cinco vezes mais.
Enquanto entre os universitários 45% são consumidores de álcool de forma desmedida o que provoca baixa em seu aprendizado e compromete sua vida acadêmica e profissional, conforme dados de uma pesquisa realizada pelo Centro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID, 2013).
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