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Carcinoma Espinocelular de bordo lateral de língua

Por:   •  18/4/2018  •  Seminário  •  1.697 Palavras (7 Páginas)  •  768 Visualizações

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Carcinoma Espinocelular de bordo lateral de língua

Introdução

O câncer representa a 2ª causa de morte por doença (INCA, 2002) e cerca de 12% de todas as causas de morte no mundo (World Health Organization, 2002). O câncer oral é, mundialmente, o décimo primeiro câncer mais comum (Neville, et al. 2009). De todos os tipos de câncer que acometem a cavidade oral e orofaringe, 90% deles são do tipo carcinoma de células escamosas (CCE) (Neville & Day, 2002). O local da cavidade oral mais comumente acometido pelo carcinoma é a língua (30%), principalmente nos terços médios das bordas laterais (Parise, 2000). A incidência global homem-mulher 3:1 (Neville, et al. 2009), ocorre mais comumente em pacientes do gênero masculino, entre a quinta e oitava década de vida, raramente ocorre em pacientes com menos de 45 anos de idade (Neville & Day, 2002).

A etiologia do carcinoma de células escamosas oral é multifatorial, podendo envolver fatores extrínsecos e intrínsecos atuantes (Neville, et al. 2009), tendo a carga genética como fator essencial (Filipe Coimbra, et al. 2010). Fatores extrínsecos correspondendo aos agentes externos tais como tabaco, álcool e sífilis e intrínsecos relacionados a estados sistêmicos ou generalizados. A hereditariedade parece não desempenhar um papel principal na causalidade do carcinoma oral (Neville, et al. 2009).

        Clinicamente o CCE na cavidade oral pode manifestar-se como lesão infiltrativa, ulcerada, exofítica. As lesões infiltrativas são mais observadas na língua. (Parise, 2000). Em seus estágios iniciais pode assumir aspectos diferentes, apresentando-se como uma lesão leucoplásica, eritroplásica, leucoeritroplásica, ou úlceras que frequentemente não cicatrizam (Neville & Day, 2002).

 O presente trabalho apresenta como objetivo divulgar as características clínicas e histopatológicas do câncer oral, para a melhor compreensão dessa patologia, através de um relato de caso.

Relato de Caso

        O Paciente GOP, do gênero masculino, 54 anos de idade, leucoderma, autônomo, compareceu ao ambulatório da disciplina de Diagnóstico Oral da Universidade Federal de Sergipe no Hospital no Universitário em Aracaju-SE relatando como queixa principal que “a prótese furou a língua” de evolução aproximada 2 meses.  Relata mãe com Alzheimer. No exame físico extra oral não foi observado nenhuma alteração (fig.1).

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Figura 1.  Paciente sem nenhuma alteração extra oral.

No exame intra oral verificou-se uma lesão na bordo lateral direito da língua, exofítica, medindo aproximadamente 3,5 cm de diâmetro, forma irregular, coloração avermelhada, ulcerada, séssil, consistência dura, sensibilidade normal (fig.2).

[pic 2]

Figura 2. Lesão em bordo lateral direito da língua, exofítica, coloração avermelhada, ulcerada.

Optou-se pela realização da biópsia incisional sob anestesia local, já que a lesão se apresentava relativamente grande, suspeitando-se de malignidade. A hipótese diagnóstica inicial foi carcinoma. Em seguida a peça foi armazenada em formol a 10% e encaminhada para o exame anatomopatológico. Histologicamente a lâmina apresentava as seguintes características: massas epiteliais invadindo o tecido conjuntivo, células com hipercromatismo e pleomorfimos, e mitoses. (fig.3), (fig.4) e (fig.5).

[pic 3]

Figura 3. Massas epiteliais invadindo o tecido conjuntivo.

[pic 4]

Figura 4. Células com hipercromatismo e pleomorfismo.

[pic 5]

Figura 5. Células em mitose

  O resultado do exame histológico apontou o diagnóstico de carcinoma espinocelular oral. Posteriormente foi entregue o laudo do exame histopatológico ao paciente onde ele foi orientado e encaminhado para o oncologista para tratamento da lesão.

Discussão

        Estima-se quase 600 mil casos novos de câncer para 2016 no Brasil, sendo, para o câncer oral 11.140 casos em homens e 4.350 em mulheres. O câncer oral é o 6º mais comum entre os homens no Brasil, porém nas regiões Nordeste e Centro-Oeste ocupam a 5ª posição. Para as mulheres é o 9º mais frequente na região Nordeste. Na cidade de Aracaju do estado de Sergipe em taxas de incidência das dez localizações primárias mais frequentes do câncer o lábio, a língua, a cavidade oral e orofaringe estão na 5ª posição (INCA, 2015). O CCE compreende a 90% dos cânceres orais (Neville, et al. 2009). Dados recentes indicam que 37% dos cancros orais ocorrem na língua, no entanto a prevalência varia consoante o país em causa (Rhodus NL, 2005). Em 55% a 70% dos casos localizam-se no bordo lateral da língua na junção entre o terço médio e o posterior (Gorsky M., 2004). Neville & Day (2002) consideram como local mais comum do carcinoma espinocelular oral a língua em 40% de todos os casos, frequentemente ocorrendo em bordo lateral e ventre. De forma geral, há consenso entre os autores quanto à predileção pelo bordo lateral de língua.

Em estudo realizado nos Estados Unidos, verificou-se que 80,6% dos pacientes com CCE bucal eram leucodermas (Miller C.S. et al, 2003) . Há predileção por pacientes do gênero masculino entre a 5ª e 8ª década de vida (Neville & Day, 2002).

O câncer de boca define-se como uma doença multifatorial, resultante da interação de fatores de risco (Parise, 2000) que ocasionaram perda de controle da divisão celular (INCA, 2011). Fatores extrínsecos como socioeconômicos e culturais, dieta, tabaco, álcool e principalmente a associação destes e fatores intrínsecos que são sistêmicos ou generalizados como, por exemplo, deficiência imunológica, hereditariedade (Parise, 2000). O tabagismo e o alcoolismo são os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de boca (Neville, et al. 2009).

A sobrevida do carcinoma da língua é de 33 %, inversamente proporcional à detecção precoce, o que torna a prevenção secundária fundamental na redução da morbilidade e da mortalidade (Rhodus NL, 2005).

No caso clínico apresentado, o paciente é do sexo masculino, leucoderma e está na faixa etária de 54 anos, com lesão inicial em bordo lateral de língua na junção entre o terço médio e o posterior, bem como é encontrado a maioria dos casos na literatura, porém, o paciente diz-se não fumante e relatou não ingerir bebidas alcóolicas que são frequentemente fatores de risco relacionados a este tipo de câncer.

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