A Fluidoterapia Parenteral Em Equinos
Por: Stefanie Menezes • 17/10/2023 • Artigo • 1.682 Palavras (7 Páginas) • 107 Visualizações
FLUIDOTERAPIA PARENTERAL EM EQUINOS
Stéfanie Marciano de Paula de Menezes*
RESUMO
A fluidoterapia é um recurso terapêutico com objetivo de corrigir desequilíbrios hidroeletrolíticos e ácido-básicos, assim é de suma importância compreender o tipo de fluido, as indicações e benefícios para seu uso, além das taxas e vias dessa administração, para que assim, seja efetuada da maneira correta, correspondente a clínica do paciente e evitando complicações decorrentes do mau uso da fluidoterapia.
Palavras-chave: desidratação, fluidoterapia parenteral; equinos; desequilíbrios hidroeletrolíticos
1 INTRODUÇÃO
A fluidoterapia é utilizada para manutenção e restauração do volume vascular, perfusão e oxigenação dos tecidos, bem como corrigir desequilíbrios eletrolíticos e ácido-básicos (ALVES et al., 2013; RAMALHO, 2010). Em um planejamento de fluidoterapia deve-se levar em conta a quantidade, via de administração e velocidade de reposição, para isso deve ser avaliado a situação clínica do animal e a sua enfermidade, além da solução mais indicada de acordo com a alteração hidroeletrolítico e ácido-básico que acomete o animal. (DEARO; REICHMANN, 2001)
O referente artigo tem como objetivo discorrer sobre a fluidoterapia intravenosa, que é a via de eleição para diversas situações, onde faz-se necessário a administração de grandes volumes, rapidamente.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Tipos de Fluido
Os fluidos podem ser coloides, usados para situações de hipoproteinemia, e os cristaloides que são os mais utilizados de forma geral, podendo ser isotônicos, hipertônicos ou hipotônicos, e agem na correção de volemia e de distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos. Dentre os cristaloides, o mais usado é o Ringer Lactato (RL), pois se assemelha a composição do plasma, o ideal para a escolha da fluido necessária, seriam exames laboratoriais, porém, normalmente, é avaliado pelo veterinário diante da condição clínica do animal (DEARO, 2001).
O RL pode ser usado em casos déficits de fluido e eletrólitos acompanhado de acidose metabólica moderada, já o Ringer simples é administrado em casos de alcalose metabólica. (DEARO; REICHMANN, 2001). O Cloreto de sódio a 0,9% deve ser empregado em casos de hipercalemia acentuada, hiponatremia, e alcalose metabólica hipoclorêmica. (DEARO, 2001; FIELDING; MAGDESIAN, 2015), já a solução hipertônica de NaCI 7,5% deve ser administrada em situações com perdas significativas e choque, e sua aplicação deve ser seguida por soluções eletrolíticas isotônicas. (DEARO, 2001; DEARO; REICHMANN, 2001).
2.2 Indicações para fluidoterapia parenteral
Nos equinos existem diferentes vias para a administração de fluido, a via oral é a mais utilizada, sendo considerada a mais segura, porém é importante avaliar se há comprometimento da absorção intestinal. A intravenosa em contrapartida é uma via importante em animais debilitados e que precisam receber uma quantidade maior e com maior agilidade. As vias, subcutânea, retal, intraóssea e intraperitoneal não são comumente utilizadas e se restringe a casos bem específicos (DEARO; REICHMANN 2001).
A escolha da via parenteral está associada ao quadro clínico geral do animal, assim quanto maior o desequilíbrio hidroeletrolítico e ácido-base, é necessária uma rápida administração e em grandes quantidades, e a indicação é que seja realizado fluidoterapia pela via parenteral, sendo a intravenosa a mais utilizada (RAMALHO, 2010).
2.2.1 Distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos
A maioria dos desequilíbrios hídricos são acompanhados, em estágios diferentes, por desequilíbrios eletrolíticos e ácido-básicos, sendo necessário identificá-los, por meio de exames laboratoriais e indicadores como Ânion gap ou a diferença de íons fortes (SID), para utilização da terapêutica correta (ALVES et al., 2013; DEARO, 2001). Os íons mais afetados em desequilíbrios eletrolíticos e ácido-básicos são o sódio, o potássio e o cloro (DEARO, 2001; RAMALHO, 2010). Em relação ao sódio, a hiponatremia pode ocorrer por diversas situações como sudorese excessiva e ruptura de bexiga, porém, o mais comum, são em pacientes com diarreia. Em casos mais graves, a hiponatremia pode resultar em alterações neurológicas e para correção a fluidoterapia com RL é suficiente, na maioria das vezes (ALVES et al., 2013; FIELDING; MAGDESIAN, 2015; RAMALHO, 2010). O potássio é o principal íon do LIC, assim, situações como diarreias e cólicas obstrutivas, podem levar a hipocalemia, gerando distúrbio em condução neuromuscular incluindo miocárdio e do trato gastrointestinal, assim o potássio deve ser suplementado se estiver abaixo de 3 mEq/l, porém é preciso ressaltar que o potássio é um íon intracelular e o valor sérico não reflete o valor total deste íon (ALVES et al., 2013; DEARO; REICHMANN, 2001). Já o cloro é o aníon mais importante do LEC, e as alterações, muitas vezes, estão relacionadas a concentração de sódio e desequilíbrios ácido-básicos, na hipocloremia ocorre, normalmente, devido a perdas pelo suor, perdas renais e gastrointestinais, em casos leves a própria dieta ou fluidos balanceadas, como o Ringer, podem corrigir, e em casos correlacionados a alcalose metabólica pode-se utilizar NaCl 0,9% (ALVES et al., 2013; FIELDING; MAGDESIAN, 2015).
Em relação aos desequilíbrios ácidos-básicos, o animal pode apresentar acidose ou alcalose, tanto metabólica quanto respiratória. A acidemia pode gerar consequências cardiovasculares, e a acidemia e a alcalemia podem causar sinais neurológicos. A acidose metabólica é o distúrbio ácido-básico mais comum em equinos, principalmente em quadros de cólica, e está relacionada a biossíntese aumentada do ácido lático devido a hipóxia tecidual, o aumento do ácido láctico pode ser avaliado pelo SID, porém deve-se, primeiramente, tratar a causa primária, em vez de tentar a correção com uso de bicarbonato (ALVES et al., 2013; FIELDING; MAGDESIAN, 2015)
2.2.2 Avaliar desidratação
Para avaliar a desidratação de um paciente é necessário realizar uma boa anamnese e exame clinico, além de exames complementares. Os parâmetros avaliados no exame clinico, como avaliação de mucosa e turgor cutâneo, por exemplo, podem ter influência de outras doenças, o que pode ser confundido com a desidratação (ALVES et al. 2013; RAMALHO, 2010). O peso também é ideal para avaliação, pois quando um animal emagrece ele perde cerca de 90% de água, logo os dois parâmetros se correlacionam. Em casos graves, em que os animais apresentam uma perda de líquidos acima de 25% o animal pode apresentar hipovolemia ou choque, o que pode ocasionar em aumento dos batimentos cardíacos e aumento do tempo de preenchimento capilar, mucosas secas, olhos fundos, baixa temperatura retal e extremidades frias (RAMALHO, 2010).
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