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A Patologia Especial dos Animais Domésticos

Por:   •  16/11/2018  •  Relatório de pesquisa  •  1.317 Palavras (6 Páginas)  •  367 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA

ÁREA DE PATOLOGIA VETERINÁRIA

Disciplina: Patologia Especial dos Animais Domésticos

Profa. Dra. Márcia Figueiredo

Prof. Dr. Valdemiro Amaro da Silva Júnior

RELATÓRIO DE NECRÓPSIA

Alunos:  Aline Lima Costa Miranda, Danielle Pimentel Ribeiro, Maria Gabriela de Souza Pedrosa        

Turma: SV1

Data da necrópsia: 06/12/2017

1. Identificação do Animal

Foi necropsiado um animal da espécie felina, do sexo masculino; de raça não definida, cor preta e porte pequeno.

2. Histórico

O animal encontrava-se no gatil da Universidade Federal Rural de Pernambuco, apresentando como queixa principal dificuldade respiratória. Foi administrado  diferentes tipos de antiflamatórios e Doxiciclina. Apresentava episódios de vômito recorrentes. Não foi realizado nenhum exame clínico ou laboratorial. Foi encontrado nas redondezas do HOVET/UFRPE e encaminhado para o gatil. Suspeitava-se que a gata estava acometida pela PIF (peritonite infecciosa felina). Não foi informado o tempo de evolução do quadro clínico, porém, na última semana de vida apresentou piora significativa. O animal morreu aproximadamente quatro meses antes da data da necropsia.

3. Achados Anatomopatológicos

Ao examinar externamente o animal, observou-se que ele encontrava-se mau estado nutricional (magro) e pelos opacos. Apresentava enoftalmia (retração do globo ocular dentro da órbita) e mucosa ocular ictérica. Na cavidade oral observou-se hiperemia no palato e mucosas ictéricas. A ictericia também foi observada no pavilão auricular. No exame interno, ao fazer a incisão longitudinal mediana desde a região mentoniana ate a sínfise isquiática para abertura da carcaça, foi visto que o tecido subcutâneo do lado direito da região cervical, apresentava hematoma. O esôfago continha muco brancacento, catarral. No pulmão, havia a presença de enfisema e hemorragia. No coração, constava endocardiose. Na abertura da cavidade abdominal, pode-se verificar que o fígado apresentava evidente padrão lobular, icterícia, hemorragia e que a vesícula biliar estava distendida, contendo bile espessa. Os rins apresentavam congestão generalizada e a região medular estava edemaciada. Ao se abrir a bexiga, constatou-se a presença de urina de coloração acastanhada. No cólon, havia a presença de fezes ressecadas, indicando desidratação.

4. Discussão

O edema pulmonar encontrado consiste no acúmulo excessivo de fluido dentro do pulmão. Inicialmente se forma dentro do interstício e depois progride para preencher os alvéolos e finalmente as vias aéreas (BISTNER e FORD, 1997). Observamos no histórico do animal problemas respiratórios nítidos, e foi ainda observado que o a presença de secreção nasal não purulenta. O animal apresentava achados macroscópicos sugestivos de pneumonia, pois o pulmão estava com a coloração vermelho escuro, evidenciando uma condição de inflamação (GUYTON e HALL, 2002). O edema pulmonar pode resultar da diminuição da pressão oncótica plasmática, sobrecarga de volume vascular, obstrução linfática, aumento da permeabilidade vascular, ou uma combinação destes fatores (SHAW e IHLE, 1999).

No caso da gata, o edema apresentado pode ser oriundo de uma hipoproteinemia, causada pela má nutrição do animal, uma vez que ele encontrava-se com uma baixe escore corporal e anemia, como esses achados, tem-se a redução da albumina no sangue, o que provavelmente causou uma alteração da pressão oncótica levando ao extravasamento do líquido para o espaço intersticial, e consequente edema. A excessiva administração de fluidos, pode ter  resultado em sobrecarga vascular, e em conjunto com hipoproteinemia, causou o edema pulmonar. Os animais com edema pulmonar geralmente apresentam tosse, dificuldade respiratória, e secreção nasal,  condizendo com o estado clínico da gata B4.  Para Nelson e Couto (2001), a dificuldade respiratória pode ser mínima ou grave e se caracteriza por esforços expiratórios e inspiratórios aumentados. Imediatamente precedendo a morte, uma espuma tingida de sangue pode aparecer na traquéia, na faringe ou nas narinas. Essa espuma na traquéia oriunda do pulmão foi encontrada na necropsia, onde ao comprimir o pulmão houve o extravasamento de espuma tingida com sangue pela traquéia. A função respiratória é afetada diversamente como resultado da atelectasia e diminuição da complacência pulmonar, causada pela compressão dos alvéolos e diminuição da concentração de surfactante (NELSON e COUTO, 1994). A maioria dos casos de edema pulmonar são diagnosticados por meio de radiografias em conjunto com anamnese, exames ecocardiográficos e mensuração das proteínas séricas, indicativos de doenças associadas ao edema pulmonar. O edema causado por permeabilidade vascular aumentada é difícil de diagnosticar, por isso vale ressaltar que o animal não apresentou nenhum exame complementar.

Considerando os fatos inerentes ao edema pulmonar, associados aos achados anatomopatológicos é possível perceber íntima correlação à pneumonia lobar. A pneumonia lobar é uma doença, a qual, sua origem se dá na junção bronquíolo – alvéolo, onde os agentes patogênicos podem atingir por via aerógena ou broncogênica. É também considerada como uma broncopneumonia fulminante, porém com evolução mais rápida e processo mais extenso (SANTOS e ALESSI, 2011). Ainda segundo Santos e Guedes, a pneumonia lobar possui alta taxa de letalidade. Seus exsudatos podem ser: fibrinoso, fibrinopurulento, hemorrágico ou até mesmo necrótico. Ela provoca aumento acentuado da permeabilidade vascular, justificando assim o edema pulmonar. A pneumonia lobar pode apresentar áreas de consolidação fibrinosa em um ou mais lobos. Apresenta também coloração vermelho escura ou vermelho acinzentado no parênquima pulmonar. Causa morte, a qual, pode estar relacionada à hipóxia associada à toxemia, disseminação do agente patogênico via hematógena, pericardite, peritonite, fibrose, toxemia, poliartrite fibrinosa e meningite. Ao se comparar as características da pneumonia lobar aos achados anatomopatológicos do gato B4, foi possível identificar através da necropsia, além do edema pulmonar, áreas discretas de consolidação fibrinosa disseminadas por todos os lobos, coloração vermelho escura e exsudato hemorrágico na cavidade torácica (aproximadamente 35 ml). Não foi observada a presença de espessamento dos septos interlobulares, nem exsudato fibrinopurulento, o que pode nos sugerir um estágio inicial da doença ou a ela estar controlada/mediada pelo uso de antibiótico. Quanto ao agente patogênico, é mencionado na literatura ser a Pasteurella multocida para os felinos.

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