As Deficiências Logísticas do Brasil e o Agronegócio
Por: virginiamfm • 9/9/2018 • Trabalho acadêmico • 1.178 Palavras (5 Páginas) • 334 Visualizações
Disciplina: Gestão de Agronegócios.
Identificação da tarefa: Tarefa 4. Envio de arquivo.
Pontuação: 15 pontos de 40.
TAREFA 4
Disserte sobre as deficiências logísticas do Brasil quanto à infraestrutura de armazenagem que limita e impõe desafios para o agronegócio brasileiro.
O texto deve ter entre 500 e 1.000 palavras, excluídas as referências bibliográficas.
O Brasil é referência mundial na produção e exportação de diversos produtos agrícolas, líder na produção de café, açúcar, etanol de cana-de-açúcar e suco de laranja e na venda externa de soja e seus derivados. Porém, mesmo ocupando esta posição no ranking mundial, ainda são muitos os desafios do agronegócio brasileiro.
Uma grande dificuldade enfrentada pelo agronegócio é quanto a falta de estrutura de armazenagem de produtos ou déficit do sistema de armazenagem, que não acompanhou o aumento e desenvolvimento da produção. Embora crescentes nos últimos anos, os investimentos em infraestrutura de armazenagem no Brasil não tem acompanhado o dinamismo da agricultura. Nas duas mais recentes safras, por sinal recordes, observa-se defasagem acentuada entre produção de grãos e capacidade estática de armazenamento. A atividade de armazenamento tem um papel fundamental na cadeia logística, sobretudo nas etapas de escoamento e comercialização, afetando a movimentação das safras de grãos, provocando congestionamento nas estradas, nos portos e, sobretudo, nos pátios das instalações para recepção das mercadorias a serem guardadas.
Como e onde guardar as safras? Esta tem sido uma das questões importantes do agronegócio brasileiro nos últimos anos e que deve merecer a atenção dos agentes públicos e privados para permitir maior eficiência na comercialização das safras tanto para garantia do abastecimento interno como assegurar a competitividade no mercado externo.
Anualmente, o Brasil perde aproximadamente 34 milhões de toneladas de grãos por falta de uma estrutura adequada de armazenagem em todas as etapas da cadeia produtiva do agronegócio. Apenas 14% da produção agrícola brasileira é armazenada nas fazendas, enquanto nos EUA esse percentual chega a 65%. Na avaliação de especialistas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), é em estados como Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia que a deficiência ou carência estrutural aparece de forma mais clara, com a insuficiência de espaços para armazenamento de grãos e condições inadequadas para o seu transporte. Os 17.707 armazéns cadastrados junto à Conab responderam pela armazenagem de 152 das 210,3 milhões de toneladas previstas para o ciclo agrícola 2015/16.
Para enfrentar a falta de espaço suficiente para a armazenagem a solução é o investimento na construção de mais silos e armazéns. O ideal é que esta estrutura seja, no mínimo, 20% maior que a produção.
A boa notícia ao produtor rural é que soluções existem para os variados portes de lavouras, não importa em qual região do país ela esteja instalada. A escassez de infraestrutura de armazenagem, que muitas vezes não existem ou são distantes das zonas produtoras, faz com que o produtor rural tenha que negociar sua produção ainda durante a safra, momento em que os preços estão em baixa devido à grande oferta, deixando de aproveitar as oscilações de preço favoráveis do mercado e inflacionado o valor do frete. A disponibilização de uma rede armazenadora próxima às zonas produtoras concede ao produtor a possibilidade de aguardar melhor oportunidade para comercializar sua produção, melhorando, consequentemente, a renda no campo.
O Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), lançado em 2013, prometeu injetar no setor R$ 25 bilhões, sendo R$ 5 bilhões por ano, a uma taxa de juros inicial de 3,5%, três anos de carência e financiamento de 100% do projeto, tendo impacto imediato, com significativo aumento no número de espaços para armazenamento da produção. Atualmente, a busca pelo recurso caiu bastante, muito em razão dos aumentos nos juros, que subiram para 7,5%, depois 8,5% e hoje chegam a 9% ao ano. Ainda assim, segue como alternativa para quem deseja ter seu próprio armazém.
Seja com recursos próprios ou via empréstimo, a construção de armazéns é opção que depende da capacidade financeira do produtor rural. Isso porque, além da estrutura, é preciso considerar os custos de manutenção, o que inclui pagamento de funcionário para gerenciar o espaço. Pesquisas apontam que o investimento pode ser vantajoso, se comparado com a terceirização, para lavouras a partir de 500 a 1.000 hectares.
Outra alternativa viável é a construção de silos-bolsa, estrutura que pode ser usada em substituição ao armazém fixo, mas que não é indicada quando há necessidade de grande capacidade de armazenamento. É uma alternativa mais comum à chamada segunda safra, mantendo os grãos em boas condições por até dois anos. Em média, um silo-bolsa armazena cerca de 3.000 sacas (em torno de 200 toneladas). Com baixo custo de investimento (em torno de R$ 1.500), empresas do setor estimam que esse tipo de armazenagem represente quase 10% da produção nacional de grãos estocados no Brasil – percentual que deve crescer nos próximos anos.
Outra solução viável são as associações em cooperativas, barateando custos e tornando o escoamento da produção mais tranquilo, já que cobram valores mais acessíveis para estocar a produção. É importante, ainda, durante a armazenagem, reduzir os custos e perdas no manuseio interno e externo do produto, o que torna equipamentos de movimentação de carga, como empilhadeiras, carrinhos, guinchos, esteiras, paleteiras, pontes rolantes, entre outros, investimentos necessários. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mantém 91 armazéns públicos espalhados pelo país. A relação pode ser consultada no site do órgão, identificando o mais próximo por estado ou cidade. Nesses espaços, a deficiência é estrutural, já que muitos dos armazéns estão sucateados e precisam de reformas ou mesmo de substituição.
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