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MASTITE CLÍNICA E SUBCLÍNICA EM GADO DE LEITE

Por:   •  14/3/2016  •  Trabalho acadêmico  •  6.491 Palavras (26 Páginas)  •  496 Visualizações

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MASTITE CLÍNICA E SUBCLÍNICA EM GADO DE LEITE

Bianca Rodrigues Machado,1 Clícia Lourena Silva,1 
Crisley Cristina Gonçalves de Souza,
1 Welington Rodrigues Vieira1

1. Discentes da Faculdade de Medicina Veterinária– UNIPAM – PATOS DE MINAS– MINAS GERAIS


RESUMO

Existe um aumento na demanda mundial para a produção de leite de alta qualidade, devido à exigência do consumidor por maior segurança alimentar. Atributos como a composição química, as propriedades sensoriais (sabor, odor), o conteúdo microbiano, o número de células somáticas, a presença ou ausência de adulterantes e de contaminantes são, geralmente, referidos como parâmetros da qualidade do leite (RIBEIRO et al., 2000). A mastite acarreta sérios prejuízos econômicos decorrentes da diminuição da secreção láctea, ou da perda total desta capacidade, além de representar importante problema de Saúde Pública.

Palavras-chave: Leite, qualidade, CCS.

ABSTRACT

 There is an increase in global demand for milk production of high quality, due to the demand of consumers for greater food security. Attributes such as chemical composition, the sensory properties (taste, smell), the microbial content, the number of egg cells, the presence or absence of modifiers and contaminants are usually referred to as parameters of the quality of milk (RIBEIRO et al., 2000). The mastitis carries serious economic losses arising from the reduction in milk secretion, or the total loss of this capacity, and represent important problem of Public Health.

Key-words: Milk, quality, CCS.


  1. INTRODUÇÃO

Dentre os principais problemas sanitários que aparecem na bovinocultura de leite, as doenças associadas com falhas no manejo dos animais são talvez as mais importantes. Mastites, doenças da reprodução e dos dígitos são os principais exemplos desses problemas (VAZ, 2001).

A Mastite ou mamite é uma enfermidade da glândula mamária, que se caracteriza por processo inflamatório, quase sempre decorrente da presença de microorganismos infecciosos, tais como bactérias, vírus, algas e fungos (COSTA, 2008).

Devido ao aumento da permeabilidade vascular, os componentes do plasma misturam-se ao leite e o equilíbrio iônico é alterado. Os produtos da inflamação alteram a aparência do leite. O epitélio alveolar danificado pela inflamação ou pela pressão de inflamação adjacente secreta menos leite (CARLTON, 1998). Esse processo inflamatório interfere diretamente na função do órgão e diminui a produtividade de leite em até 15 a 20 % (OLIVEIRA, 2011).

Os impactos econômicos decorrem da queda na produção leiteira, perda na qualidade do leite, diminuição no rendimento industrial para fabricação de derivados, maior custo de produção (aumento de custo de mão-de-obra, honorários profissionais, gastos com medicamentos) e morte ou descarte prematuro de vacas por perda de um ou mais quartos mamários (LANGONI, 1998).

Os prejuízos anuais causados pela mastite nos Estados Unidos são estimados em US$ 1,8 bilhão de dólares. O custo por vaca fica ao redor de US$ de 184,00 e cada caso clínico gera um prejuízo de US$ 100,00 pela redução da produção e perda por descarte. Já no Brasil, SANTOS et al (2003) estimam que, devido à alta prevalência de mastite nos rebanhos, ocorram perdas de produção entre 12 e 15%, o que significaria um total de mais de 2,8 bilhões de litros por ano.

As principais perdas decorrentes das mastites (70 a 80%) são causadas pelas mastites subclínicas que, embora não apresentem sinais claros de inflamação, diminuem a síntese do leite. Os casos clínicos provocam o restante das perdas. Rebanhos que apresentam contagem de células somáticas (CCS) entre 200 e 500 mil / ml de leite células podem perder até 8% do seu potencial de produção leiteiro em decorrência das mastites. Contagens superiores a 500 mil células / ml de leite podem acarretar perdas da ordem de 25% (PHILPOT et al., 1991).

As mastites interferem também na qualidade do leite, pode haver diminuição de teores de açúcares, proteínas, gorduras e minerais, ou aumento significativo de imunoglobulinas, cloretos e lipases que tornam o leite impróprio para consumo e fabricação de seus derivados 5 lácteos. Portanto, além do exposto, entre as perdas decorrentes das mastites, incluem-se aquelas decorrentes das condenações do leite na plataforma da usina (CARLTON, 1998).

Este trabalho tem por objetivo caracterizar a doença, as perdas econômicas, métodos de controle e prevenção, sobretudo a influência da doença na qualidade do leite.

  1. FISIOLOGIA DA GLÂNDULA MAMÁRIA

A glândula mamária destina-se à alimentação do terneiro e está, portanto, apta a produzir uma média diária de 3 a 6 litros de leite, como se observa nas vacas de corte. O melhoramento genético e os avanços da zootecnia nos últimos 50 anos levaram os criadores a selecionar vacas cada vez mais produtivas, com grandes áreas de úbere e alta capacidade de produção de leite para fins comerciais (LANGONI, 1998). Estes avanços necessitam ser acompanhados pela melhoria do sistema de sustentação da glândula mamária (ligamentos), uma melhor capacidade de ingestão de alimentos (maior consumo) e dos sistemas de proteção do úbere; tudo isso somado a um plano nutricional que dê suporte à alta produção de leite, em relação tanto à quantidade como à qualidade da dieta. A glândula mamária é um órgão altamente especializado. Cada quarto mamário (ou teto) é uma glândula individual, sem interligação com as demais (CARLTON, 1998).

A glândula mamária apresenta vasta irrigação arterial que suprem o sistema com os nutrientes necessários para a síntese do leite e drenagem venosa. Para cada litro de leite produzido, 500 litros de sangue devem circular pelo úbere. Alterações nutricionais e vasculares causam redução na produtividade do animal (MATIOLI et al., 2000).

Burton et al (2003) avaliaram diversos trabalhos sobre mecanismos de controle das mastites e concluíram que as células de defesa (neutrófilos) e os anticorpos são as principais barreiras de defesa do úbere contra infecções bacterianas. Essa resposta varia em intensidade de animal para animal; há aqueles que reagem à infecção e podem se curar, enquanto outros não reagem ou têm uma resposta débil que cursa com casos prolongados, recidivas e casos severos. Quando esses sistemas de defesa falham ou são insuficientes, surgem as mastites clínicas.

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