O Sistema Digestório Clinica Cirúrgica
Por: Gabri FCOR • 14/5/2023 • Relatório de pesquisa • 2.416 Palavras (10 Páginas) • 90 Visualizações
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SISTEMA DIGESTÓRIO[pic 1][pic 2][pic 3][pic 4][pic 5][pic 6]
FONTE DAS IMAGENS E TEXTO: FOSSUM (2015)
DILATAÇÃO VÓLVULO-GÁSTRICA
Definições
- Alargamento do estômago sendo associado à rotação em seu eixo mesentérico;
- A dilatação simples se refere ao estômago apenas aumentado de tamanho seja por ar ou espumo, porém nesse caso este órgão não se encontra mal posicionado;
- O termo dilatação é quando um órgão ou estrutura é esticado além de suas dimensões normais, enquanto dilação é o ato de esticar uma cavidade ou um orifício;
Considerações
- É considerada uma condição aguda com uma taxa de mortalidade de 20 a 45 % em animais tratados;
- Acredita-se que o aumento do volume gástrico é associado à obstrução funcional ou mecânica da saída gástrica;
- As causas iniciais são desconhecidas, mas uma vez que há a dilatação, há prejuízo nos meios fisiológicos de remoção de ar (eructação, vômito, esvaziamento pilórico) devido à obstrução;
- O gás provavelmente é oriundo de aerofagia, mas fermentação bacteriana de carboidratos, difusão da corrente sanguínea e reações metabólicas podem contribuir para este quadro;
- A secreção gástrica normal e a transudação de fluidos para dentro do lumen gástrico secundárias a congestão venosa contribuem para o acumulo de fluidos;
- Alguns fatores como exercício após grandes refeições de comida altamente processada e água podem contribuir;
- Irish Setters alimentados com um único tipo de alimento podem estar predispostos a essa condição;
- A adição de comida de mesa ou enlatados pode diminuir a incidência;
- Grandes volumes de alimento por refeição contribuem para a incidência;
- Outras predisposições incluem anatomia, íleo (síndrome de obstrução intestinal), trauma, distúrbios primários de motilidade gástrica, vômito e estresse;
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RECOMENDAÇÕES
- Fatores predisponentes incluem machos, idade mediana, baixo peso, que recebem grandes volume de alimento por refeição, que comem grandes volumes em uma única refeição por dia, alimentam-se rapidamente, bacia elevada (promove aerofagia) e temperamento medroso; anatomicamente possuir um tórax profundo e estreito pode mudar a relação entre o estômago e o esôfago prejudicando assim a habilidade de eructação;
- Sobre a gastropexia profilática, esta é recomendada caso o cão tenha passado por esplenectomia; alguns autores relatam que após estre procedimento há uma perda na estabilização gástrica pelo ligamento gastroesplênico, porém essa recomendação é controversa;
- Cães de trabalho militar (maior probabilidade de novembro à janeiro);
- Dados de pressão atmosférica do dia anterior também estariam associados;[pic 8]
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- A distensão do estômago comprime a veia cava caudal e a veia porta, dessa forma, há diminuição do retorno venoso e também do débito cardíaco, causando isquemia do miocárdio. Assim, a pressão venosa central, o volume sistólico, a pressão arterial média e o débito cardíaco ficam reduzidos;
- Os choques obstrutivos e as perfusões inadequadas afetam vários órgãos como rins, coração, pâncreas, estômago e intestino delgado;
- Arritmias cardíacas podem ocorrer principalmente em cães com necrose gástrica;
- Aumento das concentrações séricas de troponina foi estudada como marcador de dano cardíaco por fator depressor miocardial, reconhecida nesses cães;
- A alta taxa de mortalidade mesmo após a correção da DVG se dá pelos inúmeros danos teciduais causada pela injúria de reperfusão (estudos recentes com Lazaroides antioxidantes de remoção radical);
- DVG parcial ou crônica pode ocorrer e geralmente é uma síndrome progressiva, sem risco de vida e pode estar associada a sinais como vômito, anorexia e/ou perda de peso; esses cães podem ter sinais crônicos e intermitentes, pois o mal posicionamento pode ser intermitente ou crônico, além disso, as radiografias podem apresentar um falso negativo por este motivo.
Predisposição
- Primariamente em cães de peito largo e profundo (como Great Dane, Weimaraner, São Bernardo, Pastores Alemães, Gordon Setters e Irlandeses, Doberman, Pinscher), porém já foi relatado em raças pequenas e também em gatos;
- SharPeis e Basset Hounds podem ter uma incidência e risco aumentados dentre as raças de porte médio;
- Pode ocorrer em qualquer idade, porém é mais comum em animais de meia idade ou mais velhos;
- A razão entre profundidade e largura torácica é correlacionada como fator de risco.
Histórico
- Pode ter histórico de abdome timpânico e progressivamente distendido (o proprietário pode encontrar o animal em decúbito, deprimido e com o abdome distendido);
- O cão pode aparecer com dor e pode permanecer com as costas arqueadas como reflexo da dor abdominal;
- Ânsia não produtiva, hipersalivação e inquietação são comuns.
Exame físico
- A palpação abdominal abdominal pode ser dificultada em cães muito musculosos ou obesos, porém graus variados de timpanismo e aumento abdominal podem ser observados;
- Ocasionalmente é possível palpar esplenomegalia;
- Os sinais clínicos incluem pulso periférico fraco, taquicardia, TPC aumentado, mucosas pálidas e/ou dispnéia – associar a sinais de choque.
Diagnóstico por imagem
- Radiografias diferenciam dilatação simples de vólvulo e a descompressão deve ser feita antes do exame;
- Projeção DV (VD pode levar à aspiração) e LL direita são preferíveis (facilita o preenchimento do piloro que estará deslocado com ar ajudando na identificação);
- O ar abdominal livre sugere ruptura gástrica e ar dentro da parede do estômago indica necrose – cirurgia imediata.[pic 10]
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Alterações laboratoriais
- Hemograma completo traz poucas informações, porém pode haver trombocitopenia pela CID do choque;
- Hipocalemia é mais comum, mas as concentrações de K podem estar normais ou elevadas;
- Acidose metabólica e aumento de ácido lático podem estar presentes devido a estase vascular, porém alcalose metabólica por sequestro de ions H no lúmen gástrico pode compensar a acidose fazendo com que o pH sanguíneo se torne normal (distúrbio acido-basico misto);
- A hipoventilação devido a compressão gástrica sobre o diafragama e consequente diminuição da complacência respiratória pode ocorrer e ocasionar acidose respiratória (obs: a administração rotineira de bicarbonato não é adequada)
- Prognóstico pode ser sugerido a partir da mensuração de lactato no plasma, que em volumes maiores (> 6 mmol/L) pode estar associada a necrose gástrica e mau prognostico.
Diagnóstico diferencial[pic 12]
Os tubos gástricos frequentemente podem ser passados mesmo em animais com quadros de vólvulo! Portanto, não é um método de diagnóstico.
- A dilatação gástrica simples, ou seja, sem vólvulo ocorre geralmente em filhotes por comerem demais e raramente tratamento é necessário;
- Vólvulo do intestino delgado também resulta em abdome timpânico e aumentado (diferenciar em radiografias);
- Torção esplênica primária pode causar dor abdominal aguda, mas não há distensão abdominal;
- Hernia diafragmática pode produzir sinais clínicos semelhantes, principalmente se envolver o estômago;
- Ascite causa distensão abdominal, portanto onda de fluido deve ser sentida no teste de balotamento.
Conduta médica
- Estabilização
- Fluidoterapia: isotonicos (90 mL/kg/hora), SSH 7% (4 a 5 mL/kg durante 5 a 15 min), hetamilo (5 a 10 mL/kg durante 10 a 15 min) ou mistura de 7,5% de salina e hetamilo (consultar livro para diluição);
- Antibioticoterapia de amplo espectro (cefazolina, ampicilina + enro)
- Oxigenioterapia (insuflação nasal ou mascara);
- Descompressão gástrica durante o inicio da terapia de choque percutaneamente com cateter de grande calibre e pequeno trocarte ou por tubo estomacal; Em seguida enxaguar o estomago com agua morna (tubo), pois é comum a redilatação após a retirada do tubo;
- Sangue no fluido estomacal pode indicar necrose;
- Se o tubo gástrico ainda não puder ser passado e a cirurgia imediata impedida, realizar gastrostomia temporária (gastropexia por tubo) para descompressão (porem a técnica não é recomendada); se feito percutaneamente há alto risco de peritonite caso o estômago saia do tubo, portanto não se deve inserir a sonda de foley se o estomago não estiver colado na parede abdominal.
- Animais com tubo estomacal (introduzido oralmente) que ainda não podem passar por cirurgia podem ser submetidos a abordagem por faringostomia para que ele não mastigue o tubo até que o procedimento cirúrgico seja feito.
Tratamento cirúrgico
- É feito após a estabilização e descompressão. A rotação de um estômago mesmo que não mais distendido interfere na irrigação gástrica e pode potencializar a necrose gástrica.
Conduta pré operatória
- Vide “conduta médica”;
- Corrigir distúrbios eletrolíticos e acido-basicos significativos;
- Ventilação pode estar dificultada devido dilatação do estomago;
- Monitoração com ECG com tratamento com lidocaína em caso de arritmias (taquicardia ventricular).
Anatomia cirúrgica
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