Uréia na Alimentação de Ruminantes
Por: GabrielMachado • 28/7/2015 • Trabalho acadêmico • 1.950 Palavras (8 Páginas) • 706 Visualizações
Introdução
A uréia é um composto orgânico sólido, solúvel em água e álcool, quimicamente classificada como amida, por isso é considerada como um composto nitrogenado não protéico(NNP), ou seja, é uma fonte de nitrogênio de origem não protéica. Outra fonte de nitrogênio não protéico é o biureto, utilizado pelas bactérias do rúmen na síntese de proteína, apropriada a alimentação de ruminantes.
A uréia produzida no Brasil apresenta a seguinte composição:
[pic 1]
Obs: O chumbo existente na uréia apresentado nesse nível, jamais causaria problemas de toxidez aos ruminantes.
Ao alcançar o rúmen do animal, a uréia sofre a ação da enzima uréase e é desdobrada em amônia e gás carbônico. A partir deste desdobramento os microorganismos do rúmen passam a utilizar essa fonte de nitrogênio para a síntese de uma nova proteína. Os microorganismos do rúmen utilizam o nitrogênio amoniacal para a síntese da proteína microbiana, sendo que a aptidão para o uso da amônia pelos microorganismos do rúmen é o fator mais importante à nutrição do ruminante.
Um dos aspectos mais importantes a ser ressaltado no emprego da uréia é que ela se apresenta como uma tecnologia poupadora, permitindo a economia de insumos sem comprometer a produtividade dos animais. Além disso, ela permite também o aproveitamento de volumosos grosseiros que, em condições normais, são subutilizados.
Portanto a uréia pode ser considerada uma tecnologia capaz de melhorar a oferta de alimentos no país, sendo de grande importância sua recomendação ao produtor rural.
A uréia disponível ao animal pode ter duas origens: exógena e a endógena. A exógena é produzida sinteticamente a partir de amônia e gás carbônico e é fornecida ao animal através da ração. A uréia endógena é biossintetizada no fígado através de um processo chamado "ciclo da uréia", neste ciclo a amônia, absorvida pela parede do rúmen, proveniente da degradação de proteína, aminoácidos e outras fontes de nitrogênio, chega ao fígado e então inicia-se a biossíntese da uréia. Parte da uréia endógena proveniente deste ciclo alcança o rúmen pela saliva(cerca de 0,5 g/dia), enquanto a outra parte chega até ele pela parede do mesmo.
A perda de nitrogênio na forma de uréia é feita principalmente através das vias urinárias, cerca de 70% do total de nitrogênio contido na urina está sob a forma de uréia.
- Uréia: [pic 2]
Uso da uréia como suplemento para ruminantes
A alimentação animal, durante as estações do ano, tem sido objeto de estudos pelos pesquisadores, pois, como se sabe, há uma considerável queda no crescimento dos animais no período seco do ano.
Durante o período seco do ano, por exemplo, a suplementação utilizando-se da uréia deve ser feita em níveis que permitam aos animais em fase de crescimento - em especial os machos - se valerem do ganho compensatório , as novilhas e as vacas em lactação ganharem peso satisfatoriamente, e aos machos em fase de acabamento manterem seus pesos corporais, com objetivo de alcançarem a entressafra, época em que o preço da carne é mais compensador.
- Fatores que influenciam a utilização da uréia pelos ruminantes
- Carboidratos: A fonte e a quantidade de carboidratos são os fatores mais importantes para a síntese de proteína microbiana pelos microorganismos do rúmen e para a adaptação dos mesmos à fonte contida na ração. Os carboidratos , através do fornecimento de energia e esqueletos de carbono ao sistema, propiciam a síntese de proteína juntamente com a amônia. O menos efetivo de todos parece ser a celulose e o mais efetivo o amido, sendo este também mais eficiente que a sacarose. Isto ocorre devido ao fato de o amido possuir menor taxa de fermentação no rúmen, sendo hidrolisado mais lentamente e fornecendo energia suficiente, em tempo hábil, ás bactérias do rúmen para a utilização de amônia na síntese bacteriana.
-Proteínas: O nível de proteína na ração afeta a conversão de NNP em proteína microbiana, sendo que níveis elevados reduzem acentuadamente a utilização de amônia pelas bactérias do rúmen. O início da redução de utilização da uréia pelos ruminantes ocorre quando PB% da ração excede a 14%, de acordo com alguns pesquisadores. É preferível proteína de baixa solubilidade para haver melhor aproveitamento da uréia.
-Enxofre: Aminoácidos contendo enxofre, como cisteína, cistina, e metionina, são sintetizados pelas bactérias e incorporados á proteína microbiana. A exigência de enxofre pelos ruminante está em torno de 0,2% na MS, mas quando o NNP é utilizado o comum é expressar essa quantia pela relação N:S, essa relação está em torno de 12 partes de nitrogênio para uma parte de enxofre inorgânico, 12:1.
-Animal: A idade, categoria do animal e o tipo de exploração afetam a utilização da uréia.
-Uréase: A uréase é uma enzima extremamente ativa. Como consequência disto a taxa de hidrólise da uréia no rúmen é quatro vezes maior que a capacidade de utilização da amônia pelos microorganismos do rúmen. Esta alta produção de amônia, além de reduzir a utilização de uréia, pode conduzir a sérios problemas de intoxicação. Os fatores que afetam a atividade ureolítica no rúmen são: temperatura , pH, cátions, inibidores químicos, antibióticos, dentre outros.
- Cuidados no uso da uréia
A uréia, quando consumida em grandes quantidades e em curto período de tempo, pode causar a intoxicação dos animais. Na intoxicação o fator principal não é o excesso de amônia e sim o carbamato de amônia, quando o pH do rúmen está elevado, isso porque o carbamato de amônia libera ácido fórmico, que na presença de nitratos ou molibdatos é oxidado a ácido oxálico. Assim o ácido oxálico é considerado o verdadeiro causador da intoxicação.
Os sintomas de intoxicação são: inquietação, surdez, tremores de pele e dos músculos, salivação excessiva, micção e defecação constantes, respiração ofegante, falta de coordenação motora, enrijecimento dos membros, entumescimento do ventre, colapso circulatório, asfixia e morte.
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